review-samurai-jack-battle-through-time-PC-1

Review Samurai Jack: Battle Trought Time (PC) – A importância da nostalgia

Anos atrás, na época em que a Cartoon Network tinha conteúdo, em toda boa tarde tínhamos um dos melhores desenhos de todos os tempos: Samurai Jack! Criado por Genndy Tartakovsky, foi uma animação lendária e revolucionária, com elementos únicos e muitas inspirações no melhor do cinema e cultura japonesa. Agora, a desenvolvedora Soleil se propôs a lançar um jogo baseado na famosa série de animação. Será que o resultado fez jus à obra original?

Desenvolvimento: Soleil Ltd.

Distribuição: Adult Swim Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura e Plataforma

Classificação indicativa: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One

Duração: 6 horas (campanha)/ 8 horas (100%)

Uma história original ou a história original?

Samurai Jack: Battle Trought Time é um jogo com sabor de infância desde a primeira vez em que você o abre. “Há muito tempo, em uma terra distante, eu, Abu, o grande mestre das trevas, libertei as terríveis forças do mal. Mas um simplório guerreiro samurai, empunhando uma espada mágica, opôs-se a mim. Antes do combate final, eu abri um portal no tempo e o lancei no futuro, onde o mal é lei. Agora, o tolo busca retornar ao passado e destruir o futuro que é… Abu!”. Com essa introdução, eu já estava inteiramente arrepiado. Este é um desenho com uma trama aparentemente simples, porém extremamente profunda nos detalhes. E isso é uma das minhas primeiras críticas ao jogo.

Jack escapa de armadilhas mortais.

Se você esperava reviver as aventuras de Jack no desenho original, saiba que você vai, e não vai ao mesmo tempo. Aqui, tudo é revisitado de maneira precisa e singela, com elementos visuais reproduzidos da obra que enchem os olhos, mas não agregam muito ao jogador. As reflexões do clássico foram substituídas por uma história inteiramente nova que, cronologicamente, ocorre momentos antes do fim oficial da série de animação. Não posso contar em detalhes, pois seria um spoiler tanto para o jogador, quanto para quem ainda não teve o privilégio de assistir à última temporada, mas basicamente consiste em: Jack é forçado a reviver diversos momentos do seu passado, porém todos foram alterados pelo poder de Abu.

Isso é realmente um problema? Não, não é. Os elementos que definem a obra ainda estão ali, mas um pouco mais vazios. Se a gameplay fosse um pouco mais variada, talvez a falta de profundidade não ficasse tão evidente, mas diversos problemas convergem para uma trama superficial. A questão é que não se inspiraram na história em si, mas se preocuparam apenas em reproduzir rapidamente tudo o que Jack viveu. Mas, naquele ponto, já sabemos pelo que ele passou, e aonde vai chegar. O desenvolvimento já ocorreu e essa história “nova” realmente não acrescenta em nada para o personagem, dando a sensação de ser apenas uma desculpa para revisitar os cenários. Porém, abro aqui uma ressalva. O objetivo dessa escolha foi criar nostalgia sem recriar a história inteira em um jogo, e esse sentimento, ainda assim, foi plenamente alcançado.

As batalhas de Jack

Como podemos observar no desenho, o ilustre samurai pode se utilizar de diversas armas para derrotar seus mais mortais inimigos. E isso foi perfeitamente reproduzido por aqui! Existe um número generoso e divertido de armas disponíveis: Katanas, lanças, metralhadoras, pistolas, arco e flecha, bastões, martelos de batalha, kunais, shurikens e muito mais. As opções são muitas, e cada uma possui um efeito diferente em inimigos distintos. Sua melhor escolha vai depender da situação em que se encontra. Apesar de alguns adversários serem bem repetitivos, em geral eles variam bastante, não apenas em questão de visual mas também em combos e movimentos, o que torna a gameplay bem divertida.

Jack combate inimigos robóticos enviados por Abu.

 Os comandos do jogo são relativamente simples. O “X” realiza ataques leves, e o “Y” os ataques pesados. Esses dois botões podem ser pressionados em diversas variações para combos muito divertidos (vale ressaltar que joguei utilizando uma manete de Xbox para computadores). O “A” serve para pular, o que também pode ser utilizado em ataques, e o “B” realiza uma esquiva. Pressionando o analógico direito podemos focar em um inimigo específico, e ao pressionar os dois, realiza-se um ataque especial de Jack que varia para cada arma que está sendo utilizada. O “RT” serve para arremessáveis ou metralhadoras, e o “LT” para mirarmos com o arco. Além disso também podemos utilizar itens de cura ou força durante as batalhas, em um sistema muito parecido com Dark Souls ou Sekiro. Aliás, falando sobre esses dois jogos, há algo peculiar em Samurai Jack: Battle Trought Time, que é a dificuldade! Mesmo jogando no normal, encontrei diversos desafios, especialmente por conta da esquiva um pouco lenta demais. Um ponto negativo é o sistema de bloqueio, disponível ao apertar “LB”, pois ele tem um timing muito estranho que nunca te dá garantia de sucesso. A melhor opção acaba sendo atacar desesperadamente.

Jack contra as filhas de Abu.

Apesar das batalhas serem o foco não apenas no desenho, mas também no jogo, este último não soube equilibrar muito bem as coisas. Ele é perfeito nas duas primeiras horas, mas já apresenta desgastes a partir do terceiro chefe e não melhora: é muito repetitivo. Hordas e hordas de inimigos são jogadas contra o Samurai, até que um chefe, ou mini-chefes, aparecem e a fase é finalizada. Acho que deveriam ter investido mais em exploração de cenário em um mundo menos linear, e também adicionado outras dinâmicas para o progresso, como sequências de armadilhas mais extensas. Isso tornaria o jogo perfeito, pois o que há de exploração nele é muito divertido, dá um alívio à repetitividade, e poderia equilibrar melhor as coisas.

Jack do futuro, desgastado e com a barba por fazer.

Considerações finais

Infelizmente, Samurai Jack é um jogo cheio de potenciais perdidos. Seu visual é maravilhoso e, apesar de possuir gráficos ultrapassados, lembra bastante a obra original em diversos sentidos. Trilha sonora, tomadas de câmera, até a tela de morte causa tremenda nostalgia. Entretanto, isso não é o suficiente para segurar um jogo. A repetição acaba por enjoar bastante a partir da metade de sua duração, e poderia ter sido facilmente resolvida com a adição de poucas novas sequências e a retirada da linearidade extrema. Com certeza é algo imperdível na coleção dos fãs, mas vai ter grandes dificuldades de segurar o público em geral. Tecnicamente, minha única reclamação é o sistema de parry através do bloqueio, que funciona de maneira estranha e incerta (às vezes ele funciona, às vezes não).

Se você é apaixonado pela violência de Tartakovsky e sua obra máxima, Samurai Jack, certamente este jogo vai lhe agradar. É extremamente divertido combater antigos inimigos ou até amigos, e finalmente derrotar Abu para destruir o futuro onde o mal é a lei.

Esta review foi feita com uma cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming

Samurai Jack: Battle Trought Time

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Ótimos efeitos visuais
  • Ambientação perfeita
  • Sistema de combate divertido
  • Boa trilha sonora

Contras

  • História pouco inspirada
  • Extremamente repetitivo
  • Carece de um mundo menos linear