Shadowverse: Champion’s Battle traz uma mistura entre regras de Magic The Gathering, com elementos que exigem uma certa quantidade de pontos para invocar certas criaturas, e jogos da série Yu-Gi-Oh GX, que vimos pela última vez no PSP e no PS2, em que podíamos transitar por aí com nosso personagem, desafiar NPCs e explorar. Sem deixar de lado, também existe um “quê” de Pokémon em termos de exploração, especificamente os mais recentes, com uma visão 3D e vários locais para serem visitados.
Desenvolvimento: Cygames
Distribuição: Marvelous (XSEED)
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online
Gênero: RPG, Estratégia, Tabuleiro, Multiplayer, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: Switch
Duração: 25 horas (campanha)
Enredo feito para o jogo

Aqui somos apresentados a uma história paralela à do anime, e incorporamos um novo estudante, garoto ou garota, recém transferido para a escola Tensei Academy. Conhecemos Hiro, um aficionado pelo jogo Shadowverse, que nos ensina algumas regras e nos introduz ao seu grupo de amigos, Mimori e Kazuki. Champion’s Battle permite exploração 3D e até aceitação de missões paralelas, listadas no menu de Quests pressionando o botão X. Além disso, facilmente é possível transitar entre locais desbloqueados através do mapa com o recurso de viagem rápida, tirando qualquer fardo do jogador de ter que ir caminhando até o local. Os visuais lembram bastante os últimos títulos da GameFreak, porém, um tanto quanto mais belos, fora que existe uma dublagem muito bem feita e profissional.
O enredo é um tanto quanto bobinho, como é de se esperar de produtos similares provenientes animes deste gênero, em que personagens fazem poses bastante vexatórias para um simples encaixe de seu smartphone em sua luva para jogar Shadowverse. Até mesmo conflitos existentes na história são ridiculamente simples e, aparentemente, resolvidos com um simples contestamento de decisões por parte dos personagens, sem qualquer tipo de esforço ou pressão.

A diretora dos clubes da escola, Kagura, quer fechar o clube Shadowverse por causa de sua aparente inutilidade para a instituição, este organizado por Rei, mas acaba sendo convencida em menos de trinta segundos sobre não fazê-lo apenas porque Hiro diz “reconsidere sua decisão”, com a condição de que o grupo passe a mostrar resultados.
Para cumprir o objetivo recém-adquirido à força, precisamos sair por aí em busca de novos membros e, claro, convencê-los a ingressar no Shadowverse Club mostrando nossas habilidades os vencendo em batalhas. O cardgame é bem levado a sério no enredo, e existe até um local na cidade chamado Shadowverse Stadium, onde pessoas travam batalhas umas contras as outras, e frases constantemente soltas como “com Shadowverse, tudo é possível” demonstrando o extremo apego dos personagens ao jogo, quase como se fosse algo divino.
Regras claras e jogabilidade ágil

Em Shadowverse, é necessário utilizar pontos para colocarmos monstros de níveis mais elevados no campo. A diferença – de forma positiva – é que podemos devolver duas cartas e embaralhar novamente cada vez que sacamos novas delas no início do turno, tornando melhor a estratégia caso sua mão tenha pegado apenas cartas que não podem ser posicionadas nas primeiras rodadas. Posicionando seu Seguidor (monstro) em batalha, este não pode atacar logo de cara. É necessário esperar chegar até o segundo turno após uma carta ser colocada no campo antes de atacar, a não ser que sua evolução seja invocada e permita executar a ação em seguida.
Os Seguidores invocados e colocados em campo são chamados de Followers (seguidores), e seu adversário humano é considerado o Leader (líder), podendo ser atacado diretamente a qualquer instante caso não tenha uma carta com efeito que impeça isso. Uma funcionalidade chamada Evolução permite realizar upgrades de Seguidores – em uma versão mais forte em termos de ataque e pontos de vida – durante partidas depois de uma quantidade específica de turnos, sendo possível evoluir até 3 cartas até acabar a batalha.

Existem Seguidores também com efeitos especiais como banir cartas adversárias com vida menor do que 3; curar pontos de vida do líder ou de seus Seguidores; além de cartas de efeito que simplesmente podem reduzir os pontos de vida do Seguidor do adversário ou atingir todas as criaturas no campo. Tudo isso serve para tornar a partida ainda mais estratégica.
Em segunda plano, há cartas passivas que funcionam como um contador por turnos que, ao final da contagem, realizam algum efeito como invocar um Seguidor específico e outros efeitos diversos. Seu ponto fraco é não poder atacar e nem defender os ataques dos inimigos. Já outras, possuem um efeito chamado Ward, que obriga o adversário a considerá-las como única opção de alvo e evita um movimento direto contra o líder. Por fim, há cartas que possuem efeitos bem interessantes como restaurar os pontos de vida de algum Seguidor no campo (ou do próprio líder) ou banir alguma carta do lado inimigo, entre outros tipos de ações.
Diferentes tipos de decks para serem criados

Ao todo, existem 7 tipos diferentes de classes de decks para serem criados: Forestcraft, Swordcraft, Runecraft, Dragoncraft, Shadowcraft, Bloodcraft e Havencraft. Essas classes possuem os chamados Deck Codes, e podemos ter até 42 decks temáticos, com cartas correspondente à respectiva classe com objetivos diferentes descritos nas informações, criados para serem escolhidos antes de uma batalha iniciar. Opções estão disponíveis para todos os tipos de jogadores.
Também existem diferentes tipos de baralhos pré-definidos obtidos durante a história ou resgatando em um código no modo online, e você pode escolher criar a partir deles verificando os Deck Codes existentes abaixo de cada classe. Eles funcionam como uma espécie de receita, dizendo quais cartas faltam para completar um deles em específico, sendo possível adquirir esses Deck Codes batalhando com outros personagens que pertencem às respectivas classes. Adicionalmente, podemos adquirir novas cartas nos pontos de vendas eletrônicos e até mesmo trocar cartas com amigos na vida real através do recurso wireless no Switch.

Há um sistema de classes que recompensa o jogador com uma Sleeve (imagem em miniatura ilustrativa) para seu deck quando este sobe de nível em alguma delas, depois de coletar várias vitórias para tal; cartas novas para seu deck; Emblemas e também títulos para serem usados como decoração no modo online. Emblemas, Sleeves e títulos também são adquiridos conforme a história progride e quests são cumpridas, ou então no modo online cumprindo tarefas.
Como extra, temos as missões diárias e de temporada, que são tarefas que cedem Season Points em troca de realizarmos uma checklist com itens como vencer uma certa quantidade de partidas ou evoluir seus Seguidores X vezes – essa última exigindo quantidades bem maiores de vitórias em partidas ranqueadas, mais evoluções e afins -, além de recompensas que recebemos por subir o nível de nossos Season Points. Aqui podemos desbloquear itens bem interessantes como skins de personagens para serem usados no multiplayer, pacotes de cartas, e dinheiro para comprarmos mais decks. Realmente, existe um incentivo enorme para que pessoas passem bastante tempo em partidas através da internet ou com amigos.
Todos os modos online foram testados (Free Match, Ranked Match e Lobbies) e funcionam perfeitamente bem, sem lag ou qualquer problema delay na comunicação durante a partida. Infelizmente, não há um modo de pesquisa por salas disponíveis (lobbies), sendo necessário selecionar a busca por um oponente e aguardar que este seja encontrado. Ou então, o jeito é mandar um código de uma sala privada para um amigo ingressar. Senti um pouco de falta apenas de mensagens pré-definidas durante as batalhas, ou emojis para comunicação rápida.
Surpreendente, divertido e extremamente funcional
Shadowverse: Champion’s Battle é um grande exemplo de como criar um jogo de cartas em formato de videogame, principalmente considerando que um de seus principais concorrentes, Yu-Gi-Oh!, tem tido uma abordagem bem mais focada nas partidas em si do que em um conteúdo sólido para o single player. Apesar do enredo bastante bobinho existente por aqui, é de se louvar que os desenvolvedores investiram tempo criando algo diferente do anime, como uma história paralela, ao contrário do que existe em títulos como Dragon Ball Z Kakarot, que trazem a mesma coisa batida de sempre em um mundo com mecânicas de RPG completamente desperdiçadas.
Finalmente, as regras são bem acessíveis e de fácil atendimento, além dos turnos serem bem ágeis e permitirem realizarmos ações enquanto uma outra acontece. Definitivamente, os recursos de qualidade de vida foram bem planejados e executados, sem falar que há uma forma de deixar as animações das caras bem rápidas. São coisas assim que mostram o quanto nosso tempo é respeitado. O online funciona muitíssimo bem, e existe um grande incentivo para continuar coletando vitórias, já que recompensas são liberadas conforme vamos cumprindo missões diárias e de temporada, o que de fato oferece um alto fator de recompensa através do esforço. A única crítica é o fato de haver um passe de batalha premium para tentar monetizar ainda mais um produto que já é pago.
Cópia de Switch cedida pelos produtores