Skelethrone: The Chronicles of Ericona é um jogo em 2D estilo soulslike que não chegou aos holofotes como Blasphemous, Death Gambit ou Last Faith – mas o que temos aqui é uma joia rara, apesar de não polida. Em vez de trazer um gráfico mais gótico aos moldes de Castlevania, a arte e atmosfera de Skelethrone realmente parecem ter saído de algum Dark Souls. Já remexa o esqueleto e me acompanhe neste artigo para saber mais, pois você pode estar perdendo um grande soulslike 2D.
Desenvolvimento: 70`Strike
Distribuição: Valkyrie Initiative
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Ação, RPG
Classificação: 12 anos (linguagem imprópria, violência)
Português: Interface e legendas
Plataformas: Switch, PC, PS4, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 18 horas (campanha)
Estranheza sombria

A estética de Skeletrhone não é só sombria; isso, os jogos mencionados anteriormente já são, mas também possui uma sensação de estranheza, assim como Demon e Dark Souls causaram ao serem lançados.
Com um estilo gráfico muito original e um mundo completamente estranho e brutal, você revive em uma pilha de esqueletos, apenas para se ver sem a capacidade de falar e tendo que ajudar alguns caçadores sobreviventes.
Morte, neste mundo, também funciona de uma forma diferente, e explorar essa terra estando completamente perdido de como funciona o universo é uma premissa que segue bem o estilo soulslike.
É incrível como esse jogo chama a atenção pela atmosfera. A trilha sonora de Skelethrone é impecável, com músicas orquestradas com vozes de coral que fazem com que todo momento pareça épico ou, no mínimo, tenso e sem esperança.

Os cenários e inimigos também contribuem para essa sensação de estranheza. Toda vez que um inimigo novo aparece, a apreensão em descobrir seu padrão de ataque e até sua própria aparência causa tensão e desespero, fazendo o jogador se perguntar a todo momento onde está a próxima fogueira.
Um único ponto deste estranho universo que me desaponta é a exposição da história. Em grande parte, Skelethrone joga pedaços do universo para compreensão conforme avançamos, mas ao entrar na mina abandonada, ocorre um diálogo sem fim no qual um personagem explica grande parte dos acontecimentos.
Jogabilidade desafiadora, mas nada impossível

Se você gosta de jogos soulslike, Skelethrone segue o modelo tradicional, em que você perde a experiência adquirida ao morrer, tendo que retornar ao último local de morte para recuperá-la e usá-la em uma fogueira, para evoluir suas habilidades.
É necessário sempre ficar com um olho na barra de vida e vigor, além de uma terceira barra para magias. Conforme o jogador avança, novas armas e equipamentos são encontrados, que vão de escudos, flechas e itens mágicos.
Para o uso de certas armas, é necessário estar em um certo nível dos cinco atributos do jogo. É algo comum nos jogos desse estilo, mas com a limitação de armas que o jogador encontra, especialmente no início, esse fator acaba tirando um pouco da liberdade em construir a build do personagem, o que remove um pouco da customização. Nada que estrague a diversão, mas será necessário sempre deixar um pouco de experiência para a destreza, por exemplo.
Há também a questão do peso do equipamento, apesar de influenciar somente mais para o final do jogo. Existe uma árvore de evolução adquirida após conseguir gemas e derrotar alguns chefes, que garantem bônus de saúde, éter, vigor e outras habilidades passivas como aumento de munição e manuseio de armas com duas mãos.
Como grande parte dos jogos de exploração 2D, o mapa segue o estilo metroidvania, com alguns caminhos fechados que exigem encontrar novos itens e desbloquear habilidades primeiro para prosseguir. Porém, há uma limitada liberdade de caminho e áreas alternativas em um mesmo local para avançar.
O jogo recompensa bem a exploração, mas por um preço: muitos inimigos e armadilhas no caminho. Para deixar o jogo menos maçante e mais acessível que muitos soulslikes 2D por aí, Skelethrone conta com lanternas que, ao acendê-las, fazem com que você retorne a elas após morrer, em vez de voltar para a última fogueira salva. Os inimigos no caminho dessa lanterna permanecerão mortos, facilitando a exploração.
Falta polimento nesse crânio

Skelethrone: The Chronicles of Ericona é muito divertido e desafiador, mas alguns pontos realmente impactam na experiência. O principal problema que encontrei foi na detecção de golpes, especialmente em alguns chefes que o acerto não é registrado mesmo a espada claramente atinge o inimigo, não registra o acerto. Isso pode até ser tolerável quando estamos enfrentando adversários comuns, mas esse problema causa uma frustração enorme nas lutas contra os chefes, que possuem vidas excruciantemente enormes.
Os gráficos também, por alguma razão, demoram para serem renderizados. Muitas vezes, é possível ver camadas surgindo pouco a pouco no cenário, como se estivessem carregando. Ao chegar na biblioteca do vilarejo, quase deixei passar um baú escondido porque a escada só apareceu quando estava voltando para a porta de entrada.
As plataformas também trazem momentos de frustração. Em determinado momento, o jogador estará em um pântano onde cogumelos irão surgir e desaparecer. Ao pular nessas plataformas, mesmo que você pule enquanto o próximo cogumelo estiver aparecendo, ele não detecta o chão desse cogumelo, mesmo ele estando totalmente visível. É necessário fazer o pulo a partir do anterior exatamente quando o próximo cogumelo estiver totalmente renderizado, o que deixa a plataforma mais lenta, monótona e muito estressante.
Mesmo com todos os defeitos, é um experiência estranha e divertida
Skelethrone: The Chronicles of Ericona precisa de bastante polimento, já que seus problemas técnicos causam vários momentos de frustração. Entretanto, sua dificuldade é mais acessível do que jogos como Blasphemous e The Last Faith, além de trazer uma história envolvente, gráficos interessantes e músicas realmente impactantes.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro
Skelethrone: The Chronicles of Ericona
Prós
- Gráficos estranhos e interessantes
- Mundo misterioso e envolvente
- Desafiador na medida certa
- Músicas épicas incríveis
- Exploração recompensadora
Contras
- Problemas técnicos atrapalham a experiência
- Hit detection falho traz alto fator de frustração contra chefes
- Gráficos não carregam 100% algumas vezes.