Spelunker HD capa

Review Spelunker HD Deluxe (PS4) – O purgatório dos exploradores

Prepare-se para morrer. Essa recomendação já acompanhou alguns jogos focados no fator de dificuldade, mas em Spelunker HD Deluxe, edição aprimorada pela Tozai Games e distribuída pela United Games, a morte é quase um “meme”, pronto para sacanear até o jogador mais determinado e habilidoso.

Por um lado, essa pode ser a provocação definitiva para convencer alguns a assumirem o controle do pequeno explorador, que nasceu na década de 1980 e foi repaginado para novas gerações de consoles. Por outro, pode simplesmente ser o sinal do purgatório que afasta o jogador casual de experimentar um clássico.

Desenvolvimento: Tozai Games
Distribuição: United Games
Jogadores: 1-4 (local) e 1-6 (online)
Gênero: Plataforma, ação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: PS4, Switch
Duração: Sem registros

Um explorador despreparado

O explorador de Spelunker HD Deluxe encara um fantasma na caverna.
Bombas, cordas e um ventilador portátil são os únicos recursos do frágil explorador.

Criado originalmente para os arcades e portado mais tarde para os consoles de mesa, Spelunker coloca o jogador na pele de um caçador de relíquias, que ousa vasculhar as profundezas de uma ruína misteriosa em busca de tesouros.

No entanto, diferente do resistente arqueólogo Indiana Jones – ícone da cultura pop quando o assunto é extrair riquezas de civilizações perdidas -, o protagonista não se mostra nada preparado. Na verdade, assim como em suas edições originais, a versão HD Deluxe retoma toda a fragilidade do explorador virtual, capaz de perder a vida com um simples tornozelo torcido.

Muito embora tenha outras mecânicas, essa é de fato a base da aventura. Vendido pelos próprios desenvolvedores como o “herói de ação mais fraco da história do videogame”, o explorador precisa lutar contra sua própria fragilidade para descer cada vez mais fundo nas ruínas abandonadas.

Inimigos e bugigangas

Explorador flutua em um caldeirão diante de um polvo gigante vermelho.
A morte é uma constante ao longo dos 100 níveis do jogo.

Ao longo dos seus impressionantes 100 níveis – de novo, prepare-se para morrer – você deve lidar com as inúmeras formas de morrer que Spelunker HD Deluxe oferece. A principal delas é, sem dúvida, a altura. Afinal, um simples buraco raso, escondido por um piso falso, é suficiente para dar cabo do protagonista.

Contudo, não fica só nisso. Cada nível conta ainda com uma boa dose de armadilhas variadas como colunas de fogo, tetos móveis, areia movediça, gêiseres e outras. Além disso, é preciso evitar inimigos que vão desde simples cobras e morcegos até estátuas que ganham vida e fantasmas – supostamente espíritos de outros exploradores mortos que assombram as ruínas.

Por falar em outros exploradores, alguns ainda vivos podem cruzar seu caminho para sabotar a jornada. Para lidar com todos esses obstáculos, o jogador pode recorrer a bombas, sinalizadores (flares) e um ventiladorzinho manual capaz de dar cabo das assombrações – imagina ter um danadinho desses para te socorrer no calor.

Muitas mortes e (quase) nada mais

Explorador dentro da caverna, diante de uma corda, com visual clássico em pixels.
Também é possível jogar a versão clássica com visual em 8-bit.

Talvez isso seja tudo que se possa escrever sobre Spelunker HD Deluxe, e é aí que nascem seus problemas. Como mencionado, o jogo tem 100 níveis e, de tempos em tempos, o cenário muda de uma caverna comum para túneis congelados, corredores tomados por rios de lava, naufrágios esquecidos habitados por monstros marítimos, pirâmides soterradas, fósseis e, caindo no jargão dos programas sobre civilizações perdidas, até mesmo aliens.

Ainda assim, os mapas são pré-definidos. Isso significa que não importa quantas vezes você morra, o caminho sempre será o mesmo. Sem a surpresa de ambientes gerados processualmente, ou seja, mudando a cada novo jogo, com o tempo fica fácil decorar todos os movimentos necessários para avançar.

Além disso, não há muito para se fazer. Enquanto desce às profundezas, você precisa encontrar chaves para abrir portas e coletar alguns itens para ganhar vidas e, especialmente, tempo. No melhor exemplo arcade “come-fichas”, também é necessário terminar os níveis antes que a contagem regressiva chegue ao fim.

Quatro exploradores cruzam a caverna em meio a colunas de fogo.
Você pode explorar com os amigos, mas é difícil encontrar salas online abertas.

Porém, é basicamente isso. Salvo por fragmentos de uma pintura antiga que foram espalhados pelo labirinto, todo o resto dos colecionáveis serve quase que exclusivamente para acumular pontos. Vale ressaltar que, embora existam competições globais online, encontrar lobbies ativos talvez seja o maior desafio de Spelunker HD Deluxe.

Em termos de trilha sonora, o título também é apenas mediano. Os efeitos de saltos, passos, explosões e demais se tornam facilmente em cacofonia – combinação de sons desagradáveis ao ouvido. Entretanto, as trilhas, embora não sejam muito inspiradas e acabem se repetindo um pouco, são leves e agradáveis.

Para todos e para ninguém

Todos esses detalhes, somados a controles nada precisos – algo que os desenvolvedores reconhecem -, servem para criar uma experiência de sentimentos divididos. Acertar o salto na hora certa ou simplesmente desviar do efeito de explosões e sinalizadores acaba se transformando em mais um desafio. Há ainda a opção de jogar com o visual clássico, com a aparência pixelada dos 8-bit, mas até isso parece aumentar a dificuldade.

No fim, é esse conjunto que torna Spelunker HD Deluxe divisivo. Por um lado, fechar os 100 níveis é um feito para poucos e pode atrair os jogadores hardcore. Por outro, a possibilidade de competir com os amigos pelos labirintos pode ser uma diversão despretensiosa para os casuais. Prepare-se para morrer, seja sozinho ou em grupo.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Spelunker HD Deluxe

7

Nota Final

7.0/10

Prós

  • Desafio elevado
  • Multiplayer local divertido
  • Mecânica simples
  • Opção da versão clássica

Contras

  • Controles imprecisos
  • Mapas repetitivos
  • Falta de salas online