Se eu pudesse resumir Star Wars: Jedi Fallen Order em uma descrição, seria o encontro de Star Wars com a franquia Tomb Raider – mais especificamente, o reboot -, Dark Souls e Uncharted. Aqui somos Cal Kastus, Jedi ensinado por Jaro Tapal. Depois de um ataque à estação Bracca, na qual Cal trabalhava, ele trava uma batalha contra um dos Sith, a chamada Second Sister, depois dela matar seu melhor amigo, mas percebe que não tem habilidades o suficiente para vencer. Assim, ele acaba sendo resgatado por uma dupla de rebeldes. Então, o rapaz entra para a tripulação e passa a compartilhar um mesmo objetivo: encontrar a próxima geração de Jedi sensíveis à força para, juntos, restaurarem a Jedi Fallen Order e derrotar o Império.
Desenvolvimento: Respawn Entertainment
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataforma: PS4, PS5, PC, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 17 horas (campanha)/30.5 horas (100%)
A beleza da série junto a ideias de sucesso
Star Wars: Jedi Fallen Order é algo que impressiona logo de início, com sua apresentação no melhor estilo jogos AAA, que colocam o jogador em situações lineares e visualmente grandiosas para ensinar o básico da jogabilidade. Os primeiros minutos de jogo ensinam praticamente tudo o que será necessário durante toda a jornada, além de que muitas mecânicas são apresentadas aqui no início, mas acabam se transformando levemente com o passar das horas. Os cenários são bastante característicos dos filmes, com seus ambientes futuristas, e ao mesmo tempo sujos, com paisagens naturais e locais altamente tecnológicos. Sem falar nos planetas lindíssimos e locais abertos que conseguem trazer muito da beleza presente da saga em um só local, além de trazer um desconforto pela sua magnitude.
O design de áudio também é espetacular, e traz sons gravados na mente dos fãs como a empunhadura de um sabre de luz e sua colisão com armas inimigas, o tiro da pistola dos Stormtroopers e o uso da força para empurrar inimigos. A música orquestrada consegue trazer muito mais imersão para qualquer um que já tenha assistido os filmes, tornando a experiência bem melhor. Se tivessem trocado por qualquer outro gênero musical genérico, pode acreditar que tudo cairia por terra.
A jogabilidade é uma mistura entre muitos títulos já consagrados no mundo dos games. Facilmente podemos fazer a ligação com a franquia Souls em poucos minutos, já que os combates exigem o uso de esquiva e parry contra inimigos, para atacá-los quando sua guarda está baixa. Além disso, também existem os pontos de meditação espalhados por todos os cenários, em que Cal consegue realizar upgrades em suas habilidades de combate (e aprender golpes novos), saúde e quantidade de força para ser usada. Alguém aí pensou em Bonfire?
Muitas habilidades são adquiridas depois de assistirmos às cutscenes de memórias do treinamento de Cal junto com seu mestre, conforme avançamos nos capítulos, como o uso da Força para empurrar ou puxar inimigos e objetos, tanto de embates quanto para a resolução de puzzle. Uma vez utilizado pontos de meditação para recuperar manualmente sua saúde e restaurar os itens de cura, todos os inimigos também são restabelecidos como se nada tivesse acontecido, assim como é em Dark Souls. Isso significa que sua morte será constante, assim como a necessidade de aprimorar Cal.
Quando Star Wars, Tomb Raider e Uncharted se juntam
A maior parte de Jedi Fallen Order é dedicada à exploração, com claras inspirações nos Tomb Raider modernos e na série Uncharted. Cal é bastante acrobático e consegue escalar vinhas em paredes, se agarrar em bordas de superfícies, deslizar em ladeiras e rampas escorregadias e, principalmente, correr em paredes e usá-las para pegar impulso. Além de toda essa ginástica necessária, também há um grande uso de backtracking por aqui, que é a volta em locais já visitados. Isso acontece principalmente quando recebemos uma habilidade nova que é dada conforme o enredo evolui, liberando novas passagens e itens antes não possíveis de interagirmos com.
Apesar de não existir uma forma de viagem rápida, não senti tanta falta – repare na palavra “tanta” – assim do recurso, já que há formas de ligarmos um caminho e outro através de cordas e portas, por exemplo, já que o mundo é, de certa forma, interconectado. Me peguei diversas vezes verificando o mapa para ver onde seria o próximo destino, e assumo que a falta de um apontador na tela foi um pouco irritante.
Apesar disso, os cenários deslumbrantes tiravam um pouco a sensação chata de precisar passar algumas vezes pelo mesmo trajeto. O que ajuda também são coletáveis escondidos por aí, que concedem itens para personalizados a roupa de Cal, os visuais da Stinger Mantis (espaçonave do grupo), o corpo de BD-1 e, principalmente, o sabre de luz – este último sendo o mais detalhado e divertido, já que podemos ver de fato e usar no combate. Porém, nada é tão recompensador assim que justifique a falta de fast travel.
A versão para a geração atual
Apesar de Star Wars: Jedi Fallen Order ter recebido uma atualização para a nova geração, ainda não é o jogo mais lindo do mundo. É nítido a diferença entre algumas cutscenes e gráficos do próprio game, este último tendo bem menos detalhe e passando um aspecto de “lavado” e com pouca textura. As animações também não são as mais impressionantes da face da terra, mas apresentam uma fidelidade honesta à realidade. Porém, é feio demais ver inimigos mortos simplesmente desaparecendo na sua frente sem nenhum efeito de esmaecimento, deixando a desejar muito nesse quesito.
Já em termos de loading, o que era pra ser algo quase inexistente por aqui, é bem decepcionante. Ressuscitar depois de morrermos é uma coisa bastante chata, já que a tela de carregamento dura uns bons segundos – cerca de 10.
A resolução agora se mantém em 1080p mesmo no Xbox Series S, considerado o console mais modesto de toda a geração. Porém, posso dizer que jogar Jedi Fallen Order em 60 fps faz toda a diferença, principalmente para a resposta dos comandos. Apesar de não termos tido tantas mudanças nos visuais em termos de “beleza gráfica”, a performance deixa um saldo positivo demais para a experiência.
Um monte de ideias que, juntas, criaram um excelente Star Wars
Star Wars: Jedi Fallen Order é uma mistura bem clara de várias fórmulas de sucesso já citadas anteriormente, como Dark Souls, Uncharted e Tomb Raider. Ao contrário da maioria dos títulos do passado em que, normalmente, a progressão era quase linear e a jogabilidade resumia-se basicamente em dilacerar oponentes com seu sabre de luz, Jedi Fallen Order resolveu apostar em se inspirar em franquias que muita gente gosta.
Porém, não basta apenas pegar emprestado elementos que deram certo, mas é preciso saber o que está fazendo. Mesmo assim, posso dizer com toda certeza que Star Wars: Jedi Fallen Order soube exatamente o que devia ser feito, conquistando o título de um dos games que melhor representam a série – pelo menos pra mim.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores