Situado em Redo, um mundo virtual utópico que confina pessoas que possuem arrependimentos e as coloca para viver vidas tranquilas e pacíficas como se estivessem em um verdadeiro paraíso, The Caligula Effect 2 une o protagonista, seus amigos e uma idol para tentar escapar dessa realidade paralela, ousar voltar para o mundo real e encarar toda a verdade.
Com notáveis inspirações em Persona, a equipe da historia Inc desenvolveu um bom JRPG ao estilo dos animes, que combina as dungeons tradicionais com a simulação de vida social, marca registrada da franquia da Atlus. A intrigante narrativa flerta com sucesso com elementos relacionados à ficção científica, mas não é tão empolgante quanto deveria ser por conta da apresentação que é visivelmente de baixo orçamento, com animações ruins e um design de mundo bonito, agradável e sem vida.
Desenvolvimento: historia Inc., FURYU Corporation
Distribuição: historia Inc.
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4, PC
Duração: 26 horas (campanha)/82 horas (100%)
Explorando e lutando
Durante as boas e relativamente rápidas dungeons, o protagonista e sua equipe precisam explorar toda a área de forma minuciosa, solucionar puzzles e enfrentar inimigos, que sempre ficam perambulando pelo cenário e que necessitam ser derrotados ao serem notados pelos heróis.
O espetacular combate é um híbrido que combina os turnos tradicionais com o ATB (Active Time Battle), um sistema de batalhas em tempo ativo que esteve presente em alguns títulos da série Final Fantasy. As mecânicas de ataque, que ocorrem de forma simultânea e em tempo real, colocam uma ênfase muito importante no timing e no trabalho em equipe. Os inimigos possuem uma função de risco, que aumenta conforme o desempenho do time – quanto maior o nível do risco, menor a defesa do oponente. Durante as lutas, é também possível contar com ajuda de X, a idol, que tem a capacidade de aumentar os atributos de todos os golpes e defesas por um tempo limitado. Fora das dungeons, podemos adquirir Stigmas, que melhoram determinadas habilidades individuais de cada personagem.
O JRPG é um prato cheio para estrategistas, pois a equipe de desenvolvimento implementou uma mecânica de previsão, que simula o que pode acontecer com seus inimigos caso o protagonista opte por usar determinado ataque contra ele. Embora a simulação não garanta a plena execução do que foi previsto pelo jogo, essa é uma mecânica interessante, mas sem muito uso prático durante o combate, e que não pode ser desativada no menu de opções.
Ao apertar a tecla Tab, as lutas são automatizadas, e cada membro da equipe trabalha de acordo com a estratégia selecionada. Através de ferramentas como essa, a equipe de desenvolvimento realizou um ótimo trabalho ao garantir que qualquer tipo de jogador possa prestigiar todo o conteúdo de Caligula 2 sem problema algum. O título tem diversos modos de dificuldade liberados desde o princípio, que vão do mais fácil, destinado para quem quer apenas curtir a narrativa, até, segundo as palavras do próprio jogo, masoquistas.
Simulando a vida
O protagonista de Caligula Effect 2 é um estudante do segundo ano da academia Tatefushi, e líder do clube Go-Home, que trabalha pesado para conseguir escapar de Redo com sucesso. O personagem principal é uma folha em branco, e muito sobre ele fica a cargo das opções pessoais de cada jogador. Nos momentos iniciais da história, é necessário escolher o gênero e o nome do herói, e em cada conversa é sempre preciso optar pelo que ele deve dizer. Não foi uma boa escolha por parte dos responsáveis pela narrativa do JRPG, já que muito foi perdido por ter um personagem sem muita personalidade e individualidades, ao ponto dele ser apenas um figurante que só vê a história se desenrolar diante de seus olhos.
Entre uma operação e outra, temos que viver o dia a dia da vida do protagonista, criar novas amizades com os estudantes da academia e auxiliar nos dramas adolescentes dos habitantes de Redo, além de acompanhar certos assuntos que tocam em temas polêmicos e espinhosos. As missões secundárias e a exploração do metaverso são pouco interessantes em comparação com a narrativa principal e as dungeons.
Versão de PC mais ou menos
Caligula 2 chega aos computadores após alguns meses de exclusividade para os consoles da Sony e da Nintendo. Os desenvolvedores entregaram uma conversão de qualidade mediana, com uma boa otimização e suporte para várias opções gráficas diferentes.
Porém, existem diversos pontos que deveriam ter sido melhorados em relação a versão feita para os consoles, como a qualidade das texturas, que é inconsistente, e a distância de renderização, que é visivelmente baixa em alguns mapas. Também faltaram opções de filtros anti aliasing. Os serrilhados são um grande incômodo que acabam prejudicando a qualidade visual do jogo, mesmo nas configurações máximas.
O grande problema da conversão do título para o PC está no suporte ao mouse e teclado, que poderia ser muito mais responsivo e funcional do que é. Embora a implementação do método de entrada padrão dos computadores funcione bem durante a jogatina normal e o combate, a navegação na bela interface é pouco intuitiva, com o mouse sendo inútil para selecionar diálogos e partes da interface que literalmente imitam uma seta.
Problemas no mundo virtual
O JRPG da historia Inc não recebeu uma localização para o português brasileiro, limitando o acesso ao jogo e o entendimento da narrativa para quem tem conhecimento do inglês. Existem ainda algumas falas dubladas em japonês que são ditas durante a jogatina que não receberam nenhuma legenda pela equipe de tradução.
Caligula 2 tem uma trilha sonora sensacional, fortemente inspirada em Vocaloid e no j-pop, que é a música pop japonesa. Durante a exploração, ouvimos constantemente uma trilha instrumental e, na hora dos confrontos, a mesma trilha é tocada, só que com vocal. É uma mecânica que funciona muito bem e dá uma intensidade excelente para os combates. No entanto, os ótimos temas musicais ficam repetitivos e exaustivos, porque a mesma música é executada sem pausas por algumas horas durante as dungeons.
Bom, mas nem tanto
The Caligula Effect 2 é um JRPG de qualidade inconsistente, com momentos muito bons e outros que chegam, no máximo, a serem entediantes. Quando estamos nas dungeons, explorando e combatendo inimigos, ele é um jogo espetacular, que funciona muito bem. Mas, durante os momentos de simulação de vida social, o título se transforma em uma experiência que passa longe de ser empolgante, devido às animações ruins e missões secundárias pouco interessantes.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
The Caligula Effect 2
Prós
- Ótimo combate
- Boa narrativa principal
- Trilha sonora incrível
Contras
- Animações ruins
- Sem localização
- Trilha sonora repetitiva
