The Judgment Collection

Review The Judgment Collection (PC) – Parece Yakuza, mas não é

Depois de quase quatro anos, a The Judgment Collection finalmente está disponível para os jogadores de PC, trazendo os dois spin-offs da franquia Yakuza para a plataforma. Antes jogável apenas por intermédio de serviços de streaming que não funcionam no Brasil, a série chegou de surpresa na plataforma, sendo distribuída através da loja da Steam por quase R$ 500. O pacote, que inclui todo o conteúdo adicional de ambos títulos, tem um preço exorbitante, pois os dois games, que já possuem um bom tempo de mercado, podem ser encontrados por muito menos nas lojas de console. 

Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio

Distribuição: SEGA

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Ação, Aventura 

Classificação: 18 anos

Português: Não 

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: Judgment 27 horas (campanha)/100 horas (100%)/Lost Judgment 23 horas (campanha)/100 horas (100%)

Novela japonesa

Cena da abertura do primeiro jogo

Assim como sua série principal, Judgment apresenta narrativas vindas diretamente do mundo dos folhetins. Exageradas, engraçadas, melodramáticas e sempre com reviravoltas absurdas e surpreendentes, as histórias do título derivado, que é situado no mesmo universo de Yakuza, detalham intrigantes e misteriosos casos de assassinatos que são investigados por Takayuki Yagami. Ele é um advogado que passou a trabalhar como um detetive privado, que une suas habilidades jurídicas com tocaias e planos mirabolantes para encontrar toda a verdade por trás desses casos, sempre com a ajuda de Kaito, seu fiel escudeiro. 

Grande parte do elenco conta com excelentes interpretações de renomados atores japoneses, que emprestam suas vozes e aparências pros personagens de cada jogo. Porém, existe uma diferença abismal entre as cinemáticas e as cenas criadas para serem vistas durante a jogatina. Enquanto as cutscenes possuem uma esplêndida captura de movimentos e de expressões faciais, muitas cenas das campanhas tem animações mal feitas, estáticas e robóticas. Os jogos misturam esses dois tipos de cinemáticas, causando uma experiência cinematográfica com uma qualidade inconstante. 

Yagami tentando não chamar a atenção

A coletânea pede pelo conhecimento de, pelo menos, uma das nove linguagens estrangeiras que são suportadas, já que a SEGA optou por não produzir uma localização dos textos no idioma nacional. Entretanto, a franquia recebeu um cuidado especial pros falantes da língua anglófona, porque a equipe preparou uma escolha entre duas traduções distintas para o inglês. A SEGA traduziu fielmente os roteiros em japonês para quem quer acompanhar tudo através do áudio original, mas também disponibilizou legendas adicionais que seguem o texto que foi adaptado para a dublagem em inglês. 

Combate maluco e muitos minigames

Yagami com um skate

Marca registrada de Yakuza, a ação frenética, absurda e inacreditável também marca presença nessa coleção. Embora o protagonista domine o parkour e distintas artes marciais, a melhor arma para suceder nos confrontos é sempre a ambientação.

Todos os locais contam com múltiplos objetos que podem e devem ser utilizados para golpear e finalizar os inimigos. Apesar disso não ser um problema, o fato de Yagami pode pegar uma bicicleta e simplesmente quebrar ela em seu inimigo faz a franquia ser um exemplo gritante de uma dissonância ludonarrativa, já que essas ações destoam completamente do tom da história contada. 

Caso secundário em Judgment

Os spin-offs são tão ricos em conteúdo complementar ao ponto de ser possível esquecer da narrativa principal e passar horas focando nos casos secundários e minigames. Corrida de drones, Alex Kidd, namoros, mahjong, skateboarding, beisebol, Virtua Fighter, achar gatos, pinball, Outrun e até House of the Dead são alguns dos modos extras que incrementam a coletânea e adicionam um valor imensurável no pacote. Só faltou ter o karaokê, uma funcionalidade vital para a identidade de Yakuza que, infelizmente, ficou de fora do derivado.

Detetives de verdade jogam no controle?

Configurações gráficas de Lost Judgment

Desenvolvidas através da Dragon Engine, o motor gráfico proprietário do estúdio, as versões de PC dos jogos foram lançadas em um estado técnico decepcionante e inconsistente. Ambos títulos sofrem com muitos defeitos nos visuais, em todas as configurações possíveis. A resolução das texturas passa longe de ser aceitável, considerando que as conversões são baseadas nas versões de nova geração dos produtos. Toda a ambientação das incríveis e cativantes cidades são prejudicadas pelos diversos elementos dos cenários que notavelmente estão em um nível de qualidade embaçado e pouco legível.

Os múltiplos filtros de anti-aliasing implementados pelos responsáveis são completamente inúteis, disfuncionais e ineficazes. Não importa a opção: a imagem sempre sofrerá com serrilhados, que prejudicam a apresentação proporcionada pela coleção, a qual é toda focada no lado cinematográfico. Apesar do notável esforço em disponibilizar várias versões da funcionalidade de super resolução do FidelityFX, a desenvolvedora não implementou o suporte a tecnologia corretamente, pois o filtro causa diversos artefatos na imagem ao ponto de ser impossível de jogar certos minigames devido ao alto número de bugs que são causados pelas falhas técnicas da função.

Jogar no mouse e teclado não tem como

O primeiro jogo em específico sofre com controles que não foram muito bem adaptados para o mouse e teclado. Muitas interfaces foram pensadas exclusivamente para os joysticks e não funcionam bem com outro método de entrada, e os botões durante os combates são confusos. No entanto, boa parte desses problemas estão ausentes em Lost Judgment, que recebeu um port muito superior ao trabalho que foi realizado em Judgment e conta com boa parte das opções que são vitais para curtir a coleção nos computadores da melhor forma possível. 

Ports decepcionantes

Apesar da franquia Judgment repetir boa parte dos aspectos da consagrada fórmula da série Yakuza, os dois jogos conseguem trazer novidades para o gênero e são excelentes experiências narrativas, mas prejudicadas pelo lado técnico ruim e precário.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

The Judgment Collection

8.5

Nota Final

8.5/10

Prós

  • Boas narrativas
  • Muito conteúdo secundário
  • Minigames
  • Virtua Fighter 5

Contras

  • Animações feias
  • Estado técnico decepcionante
  • Preço exorbitante