Uma coisa é certa: The Last of Us é uma das franquias mais populares da Naughty Dog e que todos são impactados quando jogam pela primeira vez, seja positiva ou negativamente. Sabendo disso, a Sony anunciou, para a surpresa de todos, uma versão nova do primeiro jogo que recebeu diversos prêmios em sua época, prometendo esta ser uma experiência diferente para quem já jogou anteriormente. Apesar disso, muitas pessoas se questionam se este produto realmente seria necessário, pois o projeto original está disponível para jogar no PS4 e a um preço bem mais acessível.
Desenvolvimento: Naughty Dog
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS5
Duração: 12 horas (campanha)
A história revisitada
The Last of Us: Part I conta a história de Joel Miller desde o início de uma pandemia causada por um fungo que, ao infeccionar o cérebro das pessoas, torna-as extremamente agressivas e se alimentam de outras pessoas. Para não serem infectados, as pessoas não podem ser feridas pelos infectados e nem respirar ambientes que contenham esporos, sendo assim uma doença extremamente contagiosa e fatal.
Anos após a primeira infecção, o planeta se torna um local extremamente apocalíptico e poucos grupos de sobreviventes são formados ao redor do mundo. Alguns, como os Vaga-Lumes, se revoltam com as zonas de quarentena de Boston e são caçados pelas autoridades como “rebeldes”, enquanto sobrevivem por comida e possuem a ambição de encontrar uma cura para a doença.
Durante uma de suas negociações para conseguir armas, Joel descobre que um de seus clientes vendeu suas armas aos Vaga-Lumes por possuir uma dívida com eles. Ao encontrar a chefe do grupo, ela pede que apenas escolte a adolescente Ellie ao acampamento, recebendo assim seu pagamento de volta e demonstrando como a garota é importante. Esse ponto é crucial para o enredo, que é desenrolado conforme ela e Joel passam por dificuldades durante o percurso.
Na questão de narrativa, a nova versão não possui absolutamente nenhuma alteração em comparação ao original, incluindo também o capítulo extra Left Behind. Apesar de já ser algo esperado, isto também significa que os áudios gravados, legendas e textos permanecem inalterados, incluindo problemas de equalização de som, textos que poderiam ser redublados por não fazerem sentido e outros pequenos detalhes a mais.
Tentando melhorar o que já era bom
Em uma das entrevistas sobre os bastidores do jogo, o diretor Neil Druckmann afirmou que The Last Of Us: Part I seria um projeto revisitado e que demonstra tudo que o estúdio gostaria que tivesse em seu lançamento, incluindo uma movimentação mais refinada e IA melhorada. Comparado à versão de PS3/PS4, o título possui pequenas mudanças na questão de movimento do personagem e mira, sendo às vezes quase imperceptível. O máximo que provavelmente os jogadores perceberão é a mira menos travada e movimentos com animações entre locais fluidos, que já era implementado em The Last of Us: Part II.
Outro ponto principal de diferença, também já disponível desde o segundo jogo da série, é o modo de acessibilidade. Há mais de 50 opções para os mais diversos tipos de deficiências motoras, visuais, auditivas e mentais. Algumas opções, inclusive, são excelentes adições mesmo para jogadores que não possuem nenhuma destas deficiências, trazendo uma experiência de jogo extremamente agradável para todos os públicos.
A diferença principal de fato está realmente na inteligência dos aliados e inimigos, que são bem mais espertos e não te deixam ficar apenas escondido em um canto do mapa trocando tiros. Esta melhoria aparentemente também trouxe uma qualidade no quesito da dificuldade, pois na versão original, mesmo em dificuldades mais fáceis, o jogo era um pouco impiedoso e fazia o jogador tomar tiros que visualmente não foram atingidos e no modo furtivo era identificado com mais facilidade caso o inimigo olhasse para sua direção, resultando em diversas mortes consideradas desnecessárias.
A estrela do projeto: visuais
Basicamente este é o ponto de venda do jogo desde o seu anúncio surpresa: os gráficos. Realmente é perceptível a diferença entre a primeira versão e a atual, chegando talvez em patamares um pouco maiores do que o Part II, que também foi bastante elogiado pelos seus visuais.
Provavelmente aqui é onde boa parte do estúdio dedicou grandes horas de trabalho, pois os rostos estão um pouco mais realistas e refletindo a idade de cada um dos personagens que são encontrados durante a jornada de Ellie e Joel. Além disso, há locais em que as texturas foram totalmente refeitas ou o cenário é totalmente refeito, removendo simples concretos rachados e adicionando elementos extras, como poças d’água com reflexo e muito mais. A Iluminação está também impecável, removendo diversos pontos do jogo que antigamente eram luzes criadas por textura, trazendo assim uma coloração em objetos bem mais realistas também.
Ao mesmo tempo que muitos consideram gráficos lindos, há momentos em que o título original tem uma identidade visual mais interessante. O ponto principal fica por conta da decisão do estúdio em criar esse ambiente realista, trazendo uma ambientação com cores bem mais escuras e tons mais parecidos, deixando aquela sensação de “imagem cinzenta”. Já no original, por conta das questões técnicas limitadas, o estúdio pode optar por cores mais vivas e diferentes entre si, ressaltando muito mais o contraste entre cores diferentes, como azul e vermelho. Por conta disso, os modelos, também mais coloridos, acabavam trazendo uma impressão de “jogo fantasioso”.
Ainda deixa dúvidas
Se os jogadores já experimentaram o título original e estiverem em busca de algum conteúdo a mais em The Last of Us: Part I, provavelmente ficarão desapontados. Apesar de ser tratado como um “remake” por muitas pessoas, normalmente jogos desta categoria costumam trazer novas cenas, mecânicas de jogo ou qualquer adição extra que não era existente anteriormente. Porém, ele não faz absolutamente nada disso, estando talvez mais para uma revisitação do que um remake propriamente dito. Com isso, o projeto não justifica a sua existência de forma relevante e satisfatória, principalmente pela ausência do modo online que poderia ser incluído no pacote ou até mesmo ter um beta para quem adquirisse o produto, que é vendido a preço cheio pela Sony.
C´ópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong