Thunder Ray é um jogo que tenta homenagear a jogabilidade da clássica série Punch-Out, mas falha miseravelmente nisso, tendo como única virtude o seu visual.
Desenvolvimento: Purple Play
Distribuição: Purple Play
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Luta
Classificação: 12 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: Android, iOS, PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 1.5 horas (campanha)
Tentando reviver o estilo de um clássico
Há aqui um roteiro extremamente simples e apresentado em algumas poucas falas: você é Thunder Ray, o maior boxeador da Terra, e foi convocado para um torneio intergalático para provar ser o maior boxeador do universo. Assim, enfrentará criaturas de todo tipo até chegar ao topo.
O game não esconde a sua inspiração em Punch-Out e a gameplay é semelhante, assim como o contexto. A visão da câmera é por trás do seu personagem e você encara o seu adversário, com quem troca socos. Você possui apenas dois socos (alto e baixo) que parecem ter pouca diferença mecanicamente. Também pode fazer um golpe carregado, que também aparenta ter pouca serventia, além de ser mais lento. Se há alguma vantagem em utilizá-lo, o game não deixa isso claro. Por fim, você possui um golpe especial que pode soltar ao carregar uma barra à medida que dispara sopapos.
Algumas lutas e acabou
Já para esquivar, temos quatro possibilidades, uma para cada direção. E, basicamente, aqui temos o maior problema do jogo: é incrivelmente difícil desviar dos golpes dos adversários, uma vez que não é nada intuitivo prever para onde atacarão por meio das dicas visuais exibidas na tela. Os golpes de cada um dos (poucos) adversários são bastante variados, e, portanto, você tem que aprender tudo de novo a cada luta.
A campanha é curtíssima e pode ser terminada em uma sentada. Se você gostar do jogo e/ou for paciente, fará isso no modo normal ou difícil. Do meu tempo para completar o jogo, a grande maioria foi gasto unicamente no último chefe – que não possui nível de dificuldade. Isso é bizarro: em todos os adversários anteriores você pode escolher entre os níveis fácil, normal e difícil, mas essa opção não existe no último. Isso é uma falha de design que ignora como o jogador escolheu vivenciar a experiência até então, tirando a possibilidade de levar essa decisão até o final da campanha.
Quer desviar? Boa sorte
O design das lutas em si também é ruim. Além de esquivar dos golpes dos adversários ser incrivelmente contra-intuitivo, você acaba notando que, na verdade, eles seguem um mesmo padrão e que é preciso decorar a ordem dos desvios e repetir ela. Claro, você irá morrer várias vezes nesse processo, por meio da tentativa e erro até deduzir como desviar de cada golpe.
O conteúdo também é pobre: há o modo história, que consiste de menos de 10 lutas, alguns adversários extras e um modo survival. Sequer há alguma forma de multiplayer. Basicamente, o único ponto a se destacar em Thunder Ray é mesmo o seu visual, que é de fato incrível, desde as cores, cenários, animações, design dos personagens e qualidade dos gráficos. É uma pena que esse visual esteja atrelado a um game tão limitado em termos de diversão.
Ofensivo até de ler
Por fim, vale destacar a péssima tradução do game, que claramente foi feita no Google Tradutor ou por inteligência artificial. Isso soa ainda mais bizarro, dado que os desenvolvedores são argentinos: eles mesmo certamente poderiam ter feito uma tradução dos poucos textos do game apenas com o conhecimento da proximidade entre nossas línguas.
Não vale a pena nem experimentar
Thunder Ray é um jogo muito limitado, ainda que engane à primeira vista devido ao seu excelente visual. Infelizmente, os fãs de Punch-Out seguem órfãos de um novo bom game do estilo.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro