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Review Tomba! Special Edition (Switch) – Só para entusiastas

Há uma crescente onda de jogos retrô ganhando remasterizações, até como uma forma de preservação das obras que, por muitas vezes, ficaram perdidas com o tempo – já que muitos jogos permanecem presos a determinadas gerações de consoles. Tomba! é o tipo de jogo que estava adormecido no PlayStation 1, desde quando foi lançado, em 1997. Esse relançamento não se trata de uma remasterização por completo, mas em partes.

Desenvolvimento: Limited Run Games

Distribuição: Limited Run Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Plataforma, Aventura

Classificação: 10 anos

Português: Legendas e interface

Plataforma: Switch, PC, PlayStation 4, PlayStation 5

Duração: 7 horas (Campanha)/12 horas (100%)

Uma mente brilhante por trás e um experimento

Um quê de Tarzan

Primeiramente, é preciso frisar que Tomba! é uma criação de Tokuro Fujiwara, um nome famoso pela comunidade gamer que aprecia jogos da produtora japonesa Capcom, porque ele já trabalhou como designer gráfico e até como diretor de títulos famosos da empresa. Sabendo dessa informação, também é importante ter conhecimento que o jogo foi produzido pela Whoopee Camp e distribuído pela própria Sony. Resumindo, dá para perceber que houve um bom investimento para o projeto. 

Tomba! é um jogo de aventura e plataforma 2.5D com muitos elementos de RPG, além de cenários que lembram bastante jogos no estilo metroidvania. No jogo, somos um garoto selvagem de cabelos rosa chamado Tomba, que é nos apresentado em uma animação no melhor estilo anime dos anos 90. Ao avistar um vilarejo, o jovem percebe que seus habitantes estão sendo atacados por vários porcos e decide lutar, mas acaba tendo seu bracelete roubado, prometendo a si mesmo que irá consegui-lo de volta.   

Diferente dos games de plataformas tradicionais

Final Fantasy de PS1, é você?
Final Fantasy de PS1, é você?

A princípio, Tomba! parece um jogo de plataforma tradicional, e logo no começo você sente dificuldade em avançar no cenário. Para avançar, é preciso mudar sua perspectiva, apertando o botão do analógico ou do direcional para cima, a fim de conseguir ir para atrás do cenário. Dessa forma, o jogo de fato brinca com o que chamamos de 2.5D, em vez de ficar apenas no visual. 

A jogabilidade do combate é mais intuitiva, pois nosso protagonista consegue desferir ataques aos inimigos com cassetetes, bumerangues e outros objetos que vamos ganhando no decorrer da gameplay. Algo que é de se estranhar é quando pulamos em cima de um inimigo, primeiro giramos com ele no ar para só depois darmos o golpe de misericórdia. O mesmo vale quando acertamos um inimigo com algo, pois ele não é derrotado de primeira, precisando atacá-lo mais de uma vez para conseguir eliminá-lo. 

Uma gameplay cheia de ideias e um humor peculiar

Fases que eram para soarem engraçadas, mas são bizarras
Fases que eram para soarem engraçadas, mas são bizarras

Tomba! tem um certo grau de dificuldade em sua gameplay, já que é muito fácil ser atingido por um inimigo por descuido e perder vidas. Com isso, você precisa estar sempre atrás de frutas para repor suas vidas perdidas. Outra situação é fazer sidequests para melhorar sua resistência, conseguir novas armas e poder abrir baús – isso expande quando você entra em cenários que a câmera fica isométrica, lembrando muito jogos da série Final Fantasy da era PS1.

O problema começa nessa questão de fazer tarefas no meio da sua jogatina, pois às vezes você sente que está fazendo várias ao mesmo tempo, o que pode facilmente gerar uma confusão. Isso te forçará a voltar várias vezes para o mesmo cenário a fim conseguir fazer o maior número de tarefas, e estranhamente essa Special Edition não eliminou os loadings entre cenários nem reduziu os tempos. Se isso era, de alguma forma, para deixar a experiência mais nostálgica, aqui erraram muito. Há experiências ruins e que precisam ser corrigidas.        

Alguns cenários só farão sentido depois
Alguns cenários só farão sentido depois

Outro ponto que eu não consegui me conectar foi com o fato dele usar um humor nada convencional.  Por exemplo, o cenário das flores que ora estão alegres, ora estão tristes, era para causar alguns risos, mas o que se vê é um cenário que soa até um pouco macabro. Outra situação é de uma flor que solta pum toda vez que você se agarra nela para poder pular para outra plataforma. Piada com gases: ou você ri junto ou acha um humor bobo. 

O que veio de novidades?

Função rebobinar foi muito bem vinda
Função rebobinar foi muito bem vinda

Houve um trabalho de remasterização na parte sonora do game, e agora você também pode ouvir todas as músicas pelo menu do jogo. Outros extras são cartazes do jogo na sua época, juntamente com vídeos promocionais do lançamento do jogo. 

Também foram resgatadas as legendas em português de Portugal que o jogo tinha em sua versão europeia, mas elas não estão disponíveis nas entrevistas com os produtores, o que é uma pena. Outra melhoria é a possibilidade de rebobinar o jogo por alguns segundos a qualquer momento para corrigir um erro de cálculo, além de escolher a proporção de tela do jogo. Tomba! ganhou também a funcionalidade de save state, permitindo que  você salve sua jogatina a qualquer momento.

Vale a pena? Apenas se ele fez parte da sua infância. 

Tomba! Special Edition é um bom presente para os fãs, mas coisas incômodas, como os loadings demorados e a falta de polimento, deixam aquele gosto amargo de uma conversão preguiçosa. Contudo, indico para quem tem algum apego nostálgico com o título, pois quem está procurando um jogo de plataforma tradicional dificilmente irá abraçar as esquisitices dessa obra. 

Cópia de Swith cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Conteúdos extras
  • Função rebobinar
  • Personagem principal carismático

Contras

  • Falta de legendas em português nos vídeos de entrevistas
  • Humor bobo
  • Port que não melhorou em nada a parte gráfica nem eliminou os loadings desnecessários
  • Se mudar o idioma no meio da jogatina, não tem como aproveitar o save