Criado pelo estúdio indie canadense Outerminds, Turbo Kid é um jogo de ação no estilo metroidvania baseado no longa-metragem de mesmo nome lançado em 2015. Assim como o filme é uma grande aventura inspirada pelos clássicos pós-apocalípticos do cinema, o título é uma homenagem aos games dos anos 90, trazendo um mapa enorme e uma jogabilidade divertida, mas com alguns problemas.
Desenvolvimento: Outerminds Inc.
Distribuição: Outerminds Inc.
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC
Duração: 10 horas (campanha)/14 horas (100%)
Vivendo num lixão

Com uma estética distópica e retrô, Turbo Kid conta a história de um menino e uma amigável robô que adoram karatê e histórias em quadrinhos. Eles vivem num lixão, buscando objetos para trocar por mantimentos e águas, e, em certo dia, acabam caindo em uma enrascada, sendo obrigados a se tornarem herois para combater os tiranos que comandam o local.
Os eventos começam logo após o final do filme, quando o protagonista consegue salvar a população e decide conhecer mais sobre onde vive. Partindo disso, é necessário explorar toda a região em torno do lixão, desvendar novos mistérios e enfrentar novas ameaças. Em adição aos vários minigames, existem diversas tarefas a serem cumpridas do jeito e ordem que o jogador preferir, posto que a experiência é marcada por uma completa falta de linearidade.

A trama é totalmente inédita e expande o universo retratado pelo filme, ao mesmo tempo em que funciona como uma ponte para uma futura sequência. Apesar do título ser profundamente baseado na lore da franquia, assistir Turbo Kid não é obrigatório para compreender o que ocorre no jogo. Tudo é contextualizado por meio de diálogos e textos no diário do protagonista, acessível pelo menu de pausa. Mas, claro, prestigiar o filme é altamente recomendável. Além de curta, a produção estrelada por Munro Chambers e Laurence Leboeuf é excelente e criativa.
Explorando de bicicleta

Turbo Kid possui dois personagens jogáveis: Kid, o heroi do lixão, e Apple, a robô, em uma versão alternativa da campanha com atividades levemente diferentes. A aventura é limitada para apenas uma pessoa, então, infelizmente, não há um modo cooperativo envolvendo esses personagens. Projetada com as limitações de um controle em mente, a jogabilidade é simples. O título se desenrola em mapas enormes e interconectados – sendo esse o melhor aspecto do jogo. Além dos confrontos contra oponentes, Turbo Kid traz aquele loop de gameplay tradicional dos metroidvanias, focado no desbloqueio de equipamentos e habilidades melhores para adentrar áreas inéditas das fases.
O maior diferencial de Turbo Kid é como a exploração acontece. O personagem pode percorrer os cenários com uma bicicleta, podendo realizar manobras malucas e sair dela para escalar o mapa através de mecânicas de plataforma. A bike também pode ser utilizada como uma arma mortal no combate, que possui armas de fogo e uma faca para golpes corpo a corpo. Esse sistema de batalha é funcional, mas imperfeito. O analógico do joystick é pouco útil para mirar nos alvos de forma rápida o suficiente, principalmente no decorrer das escaladas, quando inimigos surgem de surpresa em locais altos.
Um pouco confuso

A dificuldade pode ser um meio frustrante, dado que o personagem morre muito facilmente após receber poucos ataques. Não há um sistema de salvamentos automáticos, e a perda de progresso é inevitável por causa disso. Pelo menos, os pontos de save aparecem constantemente na exploração, e melhorar os atributos do personagem é algo fácil e rápido, porque todos os adversários derrubam sucatas que funcionam como uma moeda, usada na compra de aprimoramentos e novas habilidades.
O mapa não é persistente, pois os inimigos sempre retornam depois de recarregar um salvamento – o que geralmente demora, uma vez que os tempos de carregamento de Turbo Kid são bastante longos. Fazer o acompanhamento dos objetivos pendentes é uma tarefa um tanto quanto confusa, porque as dicas são vagas e não existem indicadores na interface. Para ter ideia do que fazer, e evitar se perder, é importante usar os ícones customizáveis do mapa, na tela de pausa. Há um sistema de teleporte que facilita a exploração, já que o mundo apresentado é surpreendentemente extenso, tanto horizontalmente quanto verticalmente.
Visuais espetaculares

Acima de tudo, Turbo Kid é um espetáculo audiovisual, com muita identidade e personalidade. O título é marcado pela mesma sanguinolência absurda e exagerada do filme, que aparece no jogo de uma maneira cartunizada, no estilo pixel art. É impressionante o quão bem feitas essas artes são, visto que os personagens, cenários e objetos são exibidos e animados com detalhes minuciosos, e até com reflexos.
O mundo é vivo, belo e carismático, com um roteiro hilário e uma ótima trilha sonora num synthwave que simula a música pop dos anos 80 com sucesso. Além da existência de algumas quedas na taxa de quadros em momentos intensos, os desenvolvedores só erraram ao não oferecer suporte para telas ultrawide na versão de PC. O campo de visão adicional somaria demais à competente apresentação do game.
Incrível e sensacional
Turbo Kid proporciona uma aventura agradável, embora ela seja meio irritante em relação à sua dificuldade e à falta de um guiamento mais óbvio do que precisa ser feito. A liberdade para cumprir missões resulta em uma jogatina não linear que é imperdível para os fãs de um bom metroidvania e indispensável para quem gostou do ótimo filme que deu origem a esse jogo.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno