Um dos maiores clássicos da Blizzard finalmente recebeu notoriedade e teve sua versão completamente atualizada lançada agora em 2020. Muitos fãs da franquia, assim como eu, esperavam ansiosamente por novas roupagens em Warcraft 3. Todos ficaram malucos ao ver os primeiros trailers do jogo na BlizzCon de 2018 (conferência da Blizzard), e mal podiam aguentar os dias para receber a merecida revitalização que um dos melhores RTS de todos os tempos precisava ganhar. Mas o quanto essa espera valeu a pena? O quanto Warcraft 3 ainda faz nossos corações vibrarem?
Ano: 2020
Jogadores: 1-18 (online)
Gênero: Estratégia, Ação
Classificação indicativa: 14 anos
Português: Legendas, dublagem e interface
Plataformas: PC. macOS
Duração: 26 horas (campanha)
Um grande clássico
Caso você não seja familiariado com o título, Warcraft 3 é simplesmente um dos mais famosos jogos de PC do gênero de estratégia em tempo real. O jogo foi extremamente popular na época das hoje quase-extintas lan-houses, onde jogatinas rolavam diariamente, principalmente por causa de seu mapa personalizado de nome Dota Allstars – que será citado mais em frente -, que deu origem ao gênero MOBA e até mesmo a um jogo oficial utilizando a propriedade intelectual de Warcraft. A história basicamente gira em torno do príncipe Arthas e sua queda, coisa que prefiro deixar que o jogador descubra por contra própria por ser tratar de uma história extremamente envolvente e interessante. O jogo consiste entre 4 facções principais para escolher: humanos, orcs, mortos-vivos e elfos. Cada facção tem habilidades e características próprias, o que torna tudo mais recheado de personalidade – cada pessoa se identifica mais com uma em específico.
Quem teve contato com o jogo na época vai lembrar o quão era emocionante poder experienciar algo tão diferente e único, seja pela história ou pelo modo multiplayer online e em rede local que o jogo oferecia, além de editor de mapas que era responsável por dar vida à várias pérolas. Resumindo, Warcraft 3 é uma relíquia ainda muito viva nos corações de vários fãs por causa da nostalgia que o jogo proporciona.
Mínimo esforço possível
Indo direto ao ponto, infelizmente a Blizzard não parece enxergar Warcraft 3 com os mesmos olhos que os amantes do jogo enxergam. A sensação depois de jogar Reforged é simplesmente de que foi feito o mínimo necessário nesta nova versão. As promessas inicialmente eram de fazer um jogo realmente novo, com cutscenes cinematográficas, mapas feitos do zero, etc. Até mesmo na questão gráfica o jogo deixa a desejar, o que faz pensar que seus gráficos foram criados no início desta geração de jogos/consoles (meados de 2013). Apesar de competentes, os visuais não são nada espetaculares ou compatíveis com o que já temos hoje em dia.
Também em animações a nova versão do jogo fica devendo. Os modelos dos personagens não são tão bonitos como o esperado – principalmente ao reparar em seus rostos durante os diálogos -, as feições são ultrapassadas e as animações parecem algo feito sem muito carinho. As texturas então nem se fala: parecem do início dos anos 2000, com superfícies sem detalhes físicos ou qualquer modelagem 3D que represente um relevo. A interface do jogo, menus e derivados, praticamente é a mesma da versão original e diferente da prometida, não trazendo mudanças nem mesmo na jogabilidade, optando por manter o velho feijão com arroz de Warcraft 3 – o que não é ruim, mas neste caso não é nada bom.
Problemas mais sérios
Acredito que o pior de tudo foram as cenas de diálogos, as quais prometiam ser bem bonitas em seu anúncio inicial, mas que entregaram praticamente a mesma coisa que já vimos no jogo original. Fora isso, no lançamento também foi retirado o modo ranqueado e o lan do multiplayer.
Para jogar offline e sozinho uma partida personalizada é bem confuso e falta intuitividade, não dá para sacar de primeira que existe um modo offline no jogo por conta de isso não estar explícito. Coisas assim são parte de uma lista que não espero encontrar numa empresa do porte da Blizzard. Por fim, a tradução do texto para português brasileiro não se encaixa em alguns elementos da interface, o que resulta em certos problemas visuais e textos claramente não feitos pensando naquele elemento.
Mas o pior de tudo sem dúvida fica a cargo dos direitos autorais. A Blizzard agora não vai permitir que mapas personalizados fiquem fora de suas mãos legalmente, portanto qualquer conteúdo criado é exclusivo da produtora. Quer criar um novo Dota Allstars e explodir como a “nova sensação do momento”? Pode esquecer.
Pra acabar, quem já possuía o jogo clássico adquirido pelo Battle.net, agora será obrigado a usar o novo launcher.
O fã fiel
Como um amante de Warcraft 3, preciso dizer que o jogo traz uma experiência bastante fiel ao jogo da época, e permite até mesmo o modo clássico para que o jogo seja jogado com os gráficos do original – nostalgia pura. Porém, isso ao mesmo tempo é ruim, o que mostra que a Blizzard careceu de zelo ao produzir Reforged. O resulto final deixou a desejar, e o jogo nada mais parece do que uma simples atualização gráfica pela bagatela de quase R$ 200 – ok, estou ignorando a dublagem brasileira.
O que fica
Warcraft 3 Reforged pode não ser o jogo que os fãs pediram por causa dessa sensação constante de algo inacabado e feito às pressas, mas com certeza é uma grande porta de entrada para novos jogadores que ainda não conhecem o porquê do jogo ter feito tanto sucesso em seu auge. Se você ama com todas as suas forças a franquia, espere uma promoção bem generosa, pois não acho que apenas mudanças gráficas justificam o valor cheio pelo qual o jogo está sendo cobrado. Caso você seja um novato no mundo de Warcraft, tenha o prazer de ingressar nesta história através de Warcraft 3 Reforged.
Este review foi feito usando uma cópia para PCcedida pela Blizzard