Warhammer 40.000: Mechanicus é um jogo da série Warhammer que vai para um lado mais tecnológico das coisas. Não temos nada por aqui relacionado aos amados Space Marines, já bastante conhecidos na franquia. Felizmente não é necessário ser um grande fã da lore ou conhecer seu universo para desfrutar de Mechanicus e suas mecânicas – rá!
No jogo da vez, somos apresentados ao protagonista Dominus Faustinius e alguns seres humanos “Adeptus Mechanicus” que fizeram um belo trabalho ao transformarem a si mesmos em máquinas de batalha com implantes tecnológicos, adquirindo uma espécie de obsessão pela ciência. O objetivo principal de Mechanicus é eliminar, em nome de Omnissiah, os chamados Necrons – uma espécie de criaturas malignas altamente tecnológicas – do planeta Silva Tenebris. Tudo isso acompanhado de um dubstep obscuro, com gráficos muito acima da média para um console como o Nintendo Switch.
Desenvolvimento: Bulwark Studios
Distribuição: Kalypso Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch, Xbox One, PC
Duração: 17 horas (campanha)/ 42 horas (100%)
Em busca da equipe perfeita
Depois do final do tutorial, o jogo apresenta um hub para selecionar as missões, e é nele onde acontecem as principais interações entre os personagens da história. A dublagem em Mechanicus, 100% em inglês, é baseada em grunhidos e vozes distorcidas fazendo com que a leitura seja uma prática constante para entender o que se está fazendo. Então, se não entender o idioma, sem chances de prosseguir no jogo com muito sucesso já que nada é tão intuitivo sem a leitura.
Novamente sobre o hub, é possível escolher os Tech-Priests por aqui – os heróis da equipe – e seus suportes (minions) para enviar junto com eles em alguma missão. Personagens suportes muitas vezes custam cristais Blackstone para serem incluídos na equipe, os quais são adquiridos com vitórias. Durante as batalhas consomem Cognition, a moeda corrente, para que sejam posicionados em campo e auxiliar seus Tech-Priests.
Cognition é muita usada em vários momentos, tanto para chamar suportes quanto para executar ataques com armas que causam danos maiores, andar espaços adicionais e afins. Esta moeda também pode ser adquirida nas batalhas depois de eliminar um inimigo ou vasculhar elementos que contenham e se regeneram continuamente.
Em Mechanicus também há como liberar mais espaços de Tech-Priests através de recompensas recebidas após vitórias, permitindo assim enviar mais deles em uma mesma missão. Com o progresso, também são liberadas armas, habilidades e equipamentos de suporte novos, mas que exigem o upgrade do rank e slots no inventário dos Tech-Priests, usando cristais Blackstone – já que algumas armas, por exemplo, exigem mais de um slot no inventário para serem equipadas.
Fazendo uso das armas de longo e curto alcance disponíveis podemos criar uma estratégia bem melhor, tirando vantagem de dois tipos de armamentos equipados em um mesmo personagem. Algumas armas, entretanto, custam Cognition para disparar, e muitas vezes um número até bem elevado, que por outro lado o dano acaba – quase sempre – valendo a pena.
Entre uma missão e outra
Durante as missões, é disponibilizado um mapa com visão isométrica para que a equipe se movimente até chegar ao objetivo da fase. A cada espaço andado um evento é apresentado e o jogador pode escolher, geralmente, entre três abordagens diferentes envolvendo formas mais passivas e agressivas de se proceder. Dependendo da escolha, é possível adquirir itens, pontos de atributos ou até mesmo receber um dano na vida da equipe – o que será carregado ao longo da missão.
No canto superior esquerdo da tela fica a contagem de turnos e uma barra que, ao ser preenchida, acorda os inimigos, fazendo com que você tenha a chance de acabar travando uma batalha.
As batalhas em si seguem um padrão de jogo tático, onde há um grid para se movimentar ou atacar o inimigo de acordo com a distância e categoria de suas armas. Porém não existe barreiras para pegar cobertura ou se esconder, o que acaba tornando tudo um constante fogo cruzado. Algumas missões tem influência do ambiente, como plataformas flutuantes que podem levar seus personagens entre uma distância e outra.
Inimigos novos também podem surgir durante a briga – é possível desativar isso nas configurações de dificuldade – caso a contagem de turnos no canto superior esquerdo se complete, ou caso já existam inimigos em outros andares e isso é possível de observar quando a câmera entra em modo Noosphere segurando o ZL no Switch.
Infelizmente os turnos seguem uma sequência única, e não há como escolher qual personagem irá andar ou atacar primeiro, o que limita bastante suas opções de um modo geral. Consequentemente o jogador precisará se apoiar nas habilidades dos Tech-Priests e convocação dos suportes para que os mais fortes não sejam eliminados em batalhas. As armas também fazem um bom trabalho neste quesito, algumas possuindo efeitos que podem imobilizar inimigos e adicionar outros status negativos. Certos tiros também causam o chamado Chain, se disparados em posições específicas, que é quando o dano ricocheteia caso um inimigo esteja próximo do outro ao ser atacado.
Durante a qualquer momento do turno do jogador há os chamados Canticles, os quais são perks que adicionam vantagens para os personagens e podem ser desbloqueados novos com o progresso no jogo e finalizando missões – veja as recompensas descritas.
O que não gostei
Como jogo tático, Warhammer 40.000: Mechanicus possui algumas deficiências que incomodam demais. Não existe uma forma de acelerar as animações de movimentação ou ataque, obrigando o jogador a ver tudo sem poder cortar. Quando há muitos inimigos tudo se torna um pesadelo completo por causa do desbalanceamento repentino, além de partidas que parecem levar uma eternidade. Isso não é raro de acontecer já que o passar dos turnos na dificuldade padrão fazem com que novos Necrons surjam.
Também, como dito, não há como escolher com qual personagem iniciar a jogada, o que bagunça a estratégia e pode atrapalhar algum guerreiro ou outro caso um aliado esteja na frente dele no grid de movimentação, sendo a única maneira de mudar o turno encerrando de vez e passando para o próximo personagem. Ah, pode esquecer o ataque na diagonal também.
Também é bem decepcionante os guerreiros não poderem tomar uma ação com sua arma à longa distância caso algum outro inimigo esteja ao lado dele, já que isso o “impedirá” de executar a ação e emitirá uma mensagem “não é possível usar armas de longo alcance próximo ao inimigo”. Portanto, é necessário andar um quadrado no grid, levar dano por tentar “fugir” dos Necrons e aí sim poder atacar com a arma de longa distância.
Por fim, o jogo acaba ficando repetitivo e bastante lento ao longo do tempo, já que as missões e a forma de jogar sempre se mantém a mesma coisa e não trazem muitas novidades. Objetivos secundários podem até tentar maquiar essa repetição, mas nada disso consegue mascarar o core do jogo que se baseia na mecânica tática de ritmo lento.
Bom, mas podia ser melhor
Warhammer 40.000: Mechanicus é um jogo que possui uma história interessante e personagens curiosos, além de oferecer um gerenciamento de equipe levemente complexo e recursos recompensadores que vão melhorando ao longo do gameplay. Mas, se tratando do gênero tático e sua execução, infelizmente o jogo acaba ficando abaixo da média por trazer um combate mais arcaico, que não possui agilidade ou formas de se defender de ataques, tornando tudo em uma batalha reativa, além de maçante e lenta.
Algumas frustrações, como o surgimento de inimigos nas batalhas e o custo para andar blocos adicionais no grid, podem ser anuladas diminuindo a dificuldade para o modo fácil, porém as conquistas internas serão desabilitadas ao tomar esta decisão.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Samuel Leão