Mais um episódio do universo de Warhammer, dessa vez com combate em turno e baseado em cartas, onde um passo em falso pode ser morte na certa. Com sua dificuldade desafiadora, essa experiência que já estava disponível nos celulares vem para os consoles da atual geração.
Desenvolvimento: HeroCraft
Distribuição: HeroCraft
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4, Android, PC e iOS
Duração: 20 horas (campanha)
Dos celulares aos consoles
Warhammer 40,000: Space Wolf é gratuito para dispositivos móveis. Contudo sua versão para consoles chegou com preço salgado em relação ao que o jogo oferece. O personagem jogável principal é o Space Wolf, Valgard – um mercenário espacial, líder do esquadrão Sons of Russ, que possui uma armadura enorme e um leque extenso de armas pronto para destruir qualquer tipo de inimigo. Apesar de ser um jogo inicialmente para celulares, sua versão original apresenta gráficos bonitos e menus bem feitos e polidos. Elementos estes que fazem falta na versão para outras plataformas, fazendo com que as telas iniciais e a jogabilidade geral sejam mal adaptadas e sem graça.
Lobo Espacial e os Filhos de Russ
O jogo começa com um tutorial básico de sua jogabilidade e apresenta seu enredo “odiamos os Chaos Marines (facção rival) e devemos expurgá-los”, seguindo uma campanha de 4 atos com diversas missões dentro destes. Sobre as missões, todas seguem o modelo “ande-até-aqui-e-mate-esses-homens”, “ande-até-ali-e-proteja-esse-homem” ou, o meu preferido, “ande-até-aqui-com-esse-homem-que-deve-ser-protegido-enquanto-segura-a-sua -posição”. Dentro de cada fase há objetivos secundários, tais como pegar uma caixa de armamentos escondida ou matar um número X de inimigos, até mesmo terminar a missão num número específico de rodadas.
Em Space Wolf, a maior parte do jogo se passa em um planeta fictício chamado Kanak, um local que se assemelha ao planeta Terra, com uma vegetação rica em árvores e matos altos, lagos e lagoas de diferentes tamanhos, templos similares aos Incas e Maias, dando a impressão de um lugar desconhecido outrora habitado e agora tomado pelo caos. Além da campanha temos um modo desafios, com missões menores e mais objetivas que as da história.
Combate e Pacotinhos
Sim, pacotinhos. O jogo possui um sistema de pacotes de cartas, assim como Hearthstone, Magic e derivados. Nos packs ganhamos armas e cartas de habilidade passiva novas, com diferentes raridades, propriedades e um sistema de reciclagem de cartas para melhorias ou para a compra de outros pacotes.
Sobre as cartas, o jogo possui um leque enorme como: pistolas, explosivos, lança chamas, martelos, machetes, rifles de precisão, metralhadoras leves e pesadas, entre outras – isso sem citar as habilidades passivas que auxiliam no combate, cada uma servindo melhor a um tipo de classe. Como o combate depende da movimentação e direção para onde o seu personagem esteja olhando, as cartas possuem duas opções: andar, que serve para caminhar ou se reposicionar no mapa, ou usar, permitindo que você use o item ou realize um ataque. Em certos casos temos a opção equipar, podendo deixar a arma guardada e recarregá-la eventualmente, isso serve para que o jogador não fique impossibilitado de atacar, servindo tanto para realizar um golpe padrão quanto para um de oportunidade durante o turno do inimigo (chamado Overwatch ou patrulha).
Esquadrão e Evolução
Por Warhammer 40,000: Space Wolf ser baseado em turnos com diversos inimigos por fases, você tem direito a selecionar aliados, cada um com sua classe e árvore de habilidades. Todos, incluindo Valgard, possuem uma progressão individual, exigindo que você jogue com todos os personagens para moldar o estilo de jogo que mais te agrada. Após montar seu esquadrão, você deve equipar Valgard, que possui 3 estilos: um focado em combate a longas distâncias, causando bastante dano a alvos únicos, um equilibrado, tendo acesso a várias armas diferentes e um focado em combate corpo a corpo, com cartas de defesa para te tornar um verdadeiro colosso.
O combate possui “problemas”, como o alcance das armas. Muitas vezes você erra inimigos ao seu lado pelo simples motivo de não estar olhando diretamente para o alvo, ou acerta seu aliado com um explosivo ou lança-chamas. Entretanto, isso claramente é intencional e parte da proposta de dificuldade, afinal é um jogo de estratégia em que cada ação tem bastante peso, ainda que isso torne o combate sacal e maçante. Ainda no tópico dificuldade, o jogo tem uma “punitiva”: os inimigos vão priorizar alvos essenciais, como o protagonista, o personagem que você deveria estar protegendo e/ou aliados que estejam com a vida baixa ou mal posicionados no mapa.
Vale a pena pagar por um jogo gratuito?
Para um jogo de celular gratuito, Warhammer 40,000: Space Wolf é um prato cheio, com mecânicas de combate que funcionam bem na tela tátil. Porém, em sua versão para Switch, os controles são horríveis, chegando a ser uma experiência traumática, são duros e nada responsivos, além de não ter suporte algum para o touch do console. O jogo parece mal otimizado e com gráficos e efeitos que não valem o seu dinheiro, com mecânicas de combate ruins, árvore de habilidades confusa e toda gameplay baseada em cartas, o que torna o jogo muito mais difícil do que já é pelo simples motivo de não ter as armas fortes o bastante para concluir tal fase.
Warhammer 40,000: Space Wolf tem uma ideia boa, só que mal executada e, em uma clara tentativa de monetizar um conteúdo inicialmente gratuito que funciona bem nos celulares, lançaram este port mal feito cobrando um preço abusivo por nenhuma melhoria, pelo contrário, perdendo pontos positivos da jogabilidade original.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong