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Review West of Dead (Xbox One) – Bangue-bangue no purgatório

West of Dead foi lançado no último dia 18 para PC e Xbox One, desenvolvido pela pequena Upstrem Arcade e publicado pela sueca Raw Fury. Trata-se de um shooter de ação ao estilo roguelike, com visão isométrica e mapas gerados de forma procedural. Ou seja, o mapa que compõem os labirintos que você desbrava são gerados aleatoriamente.

A cada morte ele muda sua configuração, apresentando inimigos, itens e coletáveis de forma diferente. E é bom alertar aos desavisados: game over aqui significa – literalmente – fim de jogo mesmo. Você volta para o primeiro capítulo, junto ao taberneiro, com seu inventário – praticamente – zerado. Mas, vamos ao que interessa!

Desenvolvimento: Upstream Arcade
Edição: Raw Fury
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Tiro, Ação e Aventura
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC e Xbox One
Duração: 11.5 horas (campanha)

Bangue-bangue no purgatório
Bem-vindo ao purgatório!

Bangue-bangue no purgatório

Na história você controla um recém chegado ao purgatório de nome Willian Mason, um personagem misterioso, de crânio flamejante, dublado pela voz forte de Ron Perlman (ator que interpretou o primeiro Hellboy no cinema). O visual do purgatório nos remonta ao Velho Oeste do final do século XIX.

Na verdade, há uma mistura dos elementos dessa temática – incansavelmente explorada pelo cinema norte-americano – com o sobrenatural.

Então, você irá se deparar não só com pistoleiros do além, mas também criaturas como wendigos, cães do inferno, xamãs e bruxas. O pistoleiro errante chega sem lembranças a zona intermediária entre o céu e o inferno, tendo como única memória uma figura de preto, chamada no jogo de “pastor”.

Buscando respostas e tentando lembrar de seu passado quando vivo, Mason parte numa jornada no mundo sombrio do qual despertou. Cada capítulo concluído desbloqueia um fragmento de memória do protagonista, como um grande quebra-cabeça sendo montado.

Não dá para “jogar casualmente”
Os efeitos de luz e sombra fazem parte do gameplay

Não dá para “jogar casualmente”

West of Dead não é um jogo democrático. Digo isso porque a curva de aprendizado para avançar na trama é lenta e demanda repetições que podem afastar pessoas que gostam – digamos – de “jogar casualmente”. O jogo pune, como poucos, os erros dos jogadores. Mas, claro que isso faz parte do subgênero do qual game faz parte.

Não há a possibilidade de você escolher o nível de dificuldade. Então, ultrapassar os labirintos com hordas de mortos do velho Oeste dotados de revólveres, espingardas, dinamites e outras bugingangas, é desafiador. Depois de fechar o primeiro capítulo, almas penadas – que não conseguem fazer a passagem (ir para o leste ou oeste) – passam a solicitar a sua ajuda. Caso resolva ajudar, ao pegar o fardo das mesmas, Mason morre com apenas um ataque, aumentando ainda mais o desafio.

A progressão é lenta e requer muito cuidado
A progressão é lenta e requer muito cuidado

A progressão é lenta e requer muito cuidado. Não tem como sair atirando como um pistoleiro de dedo nervoso. É necessário que você explore as arenas do labirinto, pense numa estratégia, se proteja nas coberturas (caixotes, pedras e afins) e, só então, atirar. As munições são infinitas, mas o tempo de recarga varia de arma para arma e só é realizado quando o personagem está parado, andando ou protegido.

A iluminação do cenário tem papel chave nos combates. Seus inimigos se escondem nas sombras e você precisa atraí-los para a luz no intuito de abatê-los.

Escolha bem o que “upar”

Escolha bem o que deseja “upar”
Escolha bem o que deseja “upar”

Em cada fase você pode fazer até dois upgrades, desde que encontre os baús contendo tais melhorias. Você tem três opções de escolha: fortitude (aumenta vida máxima e dano corpo a corpo), percepção (aumenta dano de armas de fogo) ou engenhosidade (aumenta dano de habilidade e velocidade de recarga de itens). É necessário que pense com cautela o que deseja “upar”, no intuito de balancear bem seu personagem para que possa encarar com igualdade os inimigos do mapa.

Durante as partidas, cada inimigo abatido lhe garante ferro (a moeda do jogo que serve para comprar itens no vendedor ambulante que fica no mapa) ou pecado. Você pode trocar seus “pecados” por melhorias fixas (raríssimas) ou itens que lhe dá habilidades diversas, com uma espécie de bruxa, que aparece na transição de cada fase concluída.

Os controles são bem simples: você pode empunhar duas armas (uma em cada mão), configuráveis nos botões LT e RT. Há ainda uma espécie de esquiva, apartando o botão A que facilita, na hora do combate, chegar a coberturas para se proteger. Você pode, também, carregar dois itens de habilidade por vez, configuráveis nos botões LB e RB.

E com o botão X você cura parte da vida de Mason, caso tenha o “cantil de vida” em mãos, é claro! A movimentação é bem fluida, mas as vezes o comando não funciona como deveria. Coisa muito comum é você estar de frente a um inimigo, mirar (com o botão analógico direito) e errar o tiro. São situações que frustram um pouco num jogo que pune o menor dos erros.

Gráficos estilosos em meio a poucos bugs

Podemos pagar nossos pecados em toda transição de fase
Podemos pagar nossos pecados em toda transição de fase

Uma coisa tem que ser elogiada: o design do jogo é primoroso. Os gráficos são estilosos – apesar de simples – e apresentam variações de tons vermelho, preto e branco, com um cel shading bem feito que lembra bastante os jogos MadWorld e Red Steel do finado Nintendo Wii. Os efeitos de luz e sombra casam com a atmosfera dark do jogo e são componentes importantes do gameplay. Porém, os cenários pecam na ausência de detalhes e variações, apresentando um layout simples e repetitivo.

As músicas, por outro lado, dão o tom certo para o mundo macabro de West of Dead, com melancólicas melodias tocadas no violão que aumentam o seu ritmo na hora da ação. Convém mencionar que o jogo possui legendas em português (assim como os menus), apesar da dublagem ser toda em inglês.

O jogo conta com algumas falhas e bugs que podem ser corrigidas em atualizações futuras. Tive, por exemplo, a infelicidade de ter meu progresso perdido. Na ocasião, a tela travou após um ponto de salvamento automático, me obrigando a começar o jogo do inicio. Outro problema são as câmeras.

Muitas vezes as paredes do labirinto acabam sumindo por conta do ângulo, ou em outras partes tampam a sua visão dos inimigos. As animações de esquiva para se proteger nas coberturas – vira e mexe – falham, fazendo o personagem flutuar e passar por dentro das barreiras. Sem contar a já citada imprecisão da mira, que não sei se tratar de uma falha ou problemas com os controles, de fato.

Não é para qualquer um

Procure sempre as barricadas para se proteger
Procure sempre as barricadas para se proteger

Apesar de bonito e da atmosfera de faroeste sobrenatural, West of Dead não é para qualquer um. A dificuldade alta pode gerar tanto a sensação de frustração, quanto o desejo de superar aquele desafio. Ou até mesmo os dois, quem sabe?! Mas, a dinâmica de explorar, morrer, aprender e repetir – definitivamente – afasta aquele jogador que apenas quer se distrair numa boa jogatina descompromissada.

Para quem gosta e se diverte com o gênero roguelike, West of Dead é uma opção barata em tempos de dólar nas alturas. O jogo está disponível no excelente catálogo do Game Pass da Microsoft. A promessa é que o game chegue ao PS4 e Switch em agosto desse ano.

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

West of Dead

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Faroeste sobrenatural
  • Lindos gráficos em cel shading
  • Músicas na medida
  • Fator replay

Contras

  • Mira confusa
  • Dificuldade elevada
  • Cenários repetitivos