WHAT THE GOLF!

Review WHAT THE GOLF (PC) – Esse Jogo é Tudo, Menos Golf

Desde sempre, os videogames tentaram a todo custo transformar a chatice que é uma partida de golf em algo divertido, desde Golf do NES, passando por jogos mais realistas como a série Tiger Woods da EA e a PGA Tour da 2K Games, até produtos mais casuais como Golf It! – que é mais baseado em Minigolf. Porém, existe um jogo que quebrou todas essas barreiras, trazendo a premissa de ser o golf virtual mais divertido de todos, tão divertido quanto brincar de balançar um Wiimote e ver uma bola cair num buraco. Esse, meus amigos, é WHAT THE GOLF, a estreia do pequeno estúdio indie Triband, localizado na Dinamarca.

Desenvolvimento: Triband

Distribuição: TribandProductions

Jogadores: 1-2 (local)

Gênero: Puzzle, Ação, Party

Classificaçao: Livre

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, Switch e iOS

Duraçao: 3 horas (campanha)/8 horas (100%)

O que é golf?

Uma visão do laboratório, local onde a historia do jogo se passa.
Uma visão do laboratório, local onde a historia do jogo se passa.

O enredo é bastante simples, basicamente é sobre “você” (que aparentemente, é uma bola) explorando um laboratório abandonado onde cientistas estavam estudando o esporte golf. A bola vai passando por várias alas do laboratório, vendo o progresso dos cientistas no estudo e, ao decorrer da gameplay, as coisas vão ficando cada vez mais malucas.

O forte do jogo com certeza não é a sua história cativante cheia de drama e suspense, mas ela existe e é contada de uma forma bem criativa. Ao passar das fases, no laboratório existem máquinas com anotações dos cientistas sobre os experimentos, e algumas são muito engraçadas, já outras até fazem pensar um pouco sobre a vida, enquanto que outras são só bem idiotas mesmo – mas sempre gostava de parar pra ler.

Criatividade que transborda

Em WHAT THE GOLF existem três regras básicas: Toda fase tem algo/alguma coisa para representar uma bola, e um buraco/bandeira, e esta “bola” precisa chegar até o buraco/bandeira para concluir a fase. Parece simples, não é? É a partir desses conceitos que o jogo subverte, inverte e digere completamente a ideia de golf. Como eu tinha dito, o laboratório é dividido por alas, e cada qual tem um “tema/mecânica”. Geralmente são abordados dois tipos de conceitos: coisas do cotidiano como carros, espaço ou futebol, ou algum jogo famoso – o game inteiro é recheado de referências. No caso, cada ala vai de 5 a 8 fases que exploram o tema ao máximo, das mais variadas formas de se “golfear” alguma coisa.

Uma referência a Super Meat Boy em uma das fases.
Acho que já vi isso em algum lugar…

Algo incrível que WHAT THE GOLF faz o tempo todo é quebrar a expectativa. Todas as fases são divertidas, criativas e originais, e em nenhum momento senti algum cansaço ou fiquei com tédio pela repetição da gameplay. O game o tempo todo traz algo novo e uma mecânica única, quebrando a qual tinha acabado de mostrar, adicionando uma nova regra, de cair o queixo o quanto a experiência é fluida e dinâmica.

Tacada certeira

Uma girafa pintando um quadro
Silêncio, ela está tentando se inspirar…

A Triband tem três filosofias principais que são os alicerces dos seus jogos: criatividade em primeiro lugar; desenvolvimento por times unidos; e humor é um aspecto muito importante (informações tiradas do site oficial do estúdio). Essas três coisas descrevem muito bem WHAT THE GOLF e são o motivo do porquê ele é um jogo em que todos os aspectos conversam muito bem entre si. Cores fortes e chamativas pintadas em formas geométricas simples numa pegada minimalista, que pulam na tela ao som de uma música leve e contagiante, às vezes cantada só com a boca de uma forma bem idiota, mas que acompanha muito bem o jogo. Na parte de inspiração, em alguns momentos ele me lembra um pouco Human: Fall Flat, por brincar às vezes com Rag Dolls e por conta do aspecto de criatividade que também é muito importante, mas acho que a principal influência vem muito de Katamari Damacy e seus derivados, game design criativo, o uso das cores, visual minimalista, bom humor, etc. Acredito que esse e outros jogos tenham servido de muita inspiração para o estúdio.

Que furada!

A campanha é curta, mas bem curta mesmo! Se for jogar sem correr (como fiz), dá para terminar em 4 horas. As fases geralmente são bem rápidas, durando de 10 a 50 segundos, talvez essa seja uma das piores coisas por aqui. Para completar 100% é consideravelmente fácil também, e eu que não sou um cara que faço isso terminei tudo que tinha pra fazer em 11 horas, ressaltando que cada fase tem mais outros 2 desafios, em que geralmente um o objetivo é passar da fase com um número limitado de tacadas e o outro muda um pouco a mecânica e deixa ela mais maluca ainda. Além disso, mais campanhas extras foram adicionadas com atualizações, e até o momento da postagem dessa review existe uma com tema de olimpíadas e outra especial de natal.

Minhas estatisticas com o tempo de conclusão do 100% e o numero de tacadas.
Minhas estatisticas com o tempo de conclusão do 100% e o numero de tacadas.

Acima de tudo, o WHAT THE GOLF é casual, portanto não espere que tenha algum desafio real, apesar de eu ter sofrido em algumas fases feitas para serem difíceis. Em questão de fator replay, o jogo é consideravelmente fraco, algumas piadas não ficam tão boas pela segunda vez e o único ponto interessante é que há um incentivo para speedrun. WHAT THE GOLF calcula o tempo que demora para terminar e o número de tacadas que tiveram durante a gameplay, para ter o desafio de terminar no menor número de tacadas possíveis – mas nada além disso.

Insira uma piada com buraco aqui

WHAT THE GOLF Me surpreendeu, pois ele é um game simples que vai te fazer rir algumas vezes e te distrair um pouco. Mas, sabe, sempre é bom quando dá pra ver que algo foi feito com carinho, jogar um indie com zero expectativa sobre ele e encontrar algo verdadeiramente honesto e original. Ele tem lá seus bugs, e alguns me incomodaram de verdade, além de que o final é bem simples também, mas são coisas toleráveis considerando que esse é um jogo de estreia.

Existe comédia e criatividade no visual e na música tanto quanto tem na história e no game design, e parece que tudo foi feito por uma pessoa muito talentosa, mas é o resultado de uma equipe unida que trabalhou duro pelo jogo, e isso é lindo. Não jogue esperando o melhor game do mundo, até porque ele não é. Eu diria que o preço base na Steam está consideravelmente caro pra quantidade de conteúdo, e acredito que esperar por um desconto seja melhor.

Um caranguejo usando uma bota como chapéu.
Sim, isso é um caranguejo usando uma bota como chapéu.

Juntando tudo, WHAT THE GOLF é pra você que gosta de indies mais diferentes e fora do comum, que quer algo pra jogar com seus filhos ou caso você seja alguém que não tem tanta habilidade com mouse/teclado ou controle. Também indico para aqueles que querem uma experiência leve e descontraída. Estou ansioso para os próximos jogos que a Triband vai desenvolver, e tudo indica que eles têm um futuro incrível pela frente.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming Hong

WHAT THE GOLF!

8.5

nota final

8.5/10

Prós

  • Divertido e criativo
  • Carismático e original
  • Acessível a qualquer um
  • Atualizações frequentes

Contras

  • Duração Curta
  • Baixa Rejogabilidade
  • Bugs ocasionais que incomodam