WRATH: Aeon of Ruin capa

Review WRATH: Aeon of Ruin (Switch) – Um jogo novo, como os antigos

Os jogos de tiro clássicos, apesar das limitações de hardware, sempre tinham muitos elementos legais, como itens escondidos e fases secretas. Hoje, aquela vibe nostálgica se mantém viva em jogos de tiro em primeira pessoa trazidos por empresas indies, como Ion Fury e remasters, como Quake II e Duke Nukem 3D World Tour. Porém, o melhor de tudo é que, com hardwares mais potentes, é possível trazer os gráficos nostálgicos com efeitos mais bonitos, uma taxa de quadros mais alta e muitos novos elementos na jogabilidade. WRATH: Aeon of Ruin é um exemplo disso. 

Desenvolvimento: 3D Realms, KillPixel
Distribuição: Fulqrum Publishing
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Tiro, Ação
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Switch
Duração: 6 horas (campanha)

Um “novo bom”, como o velho

Apesar dos gráficos retrôs, as mecânicas e um novo sistema de save conseguem trazer originalidade ao jogo.

WRATH traz o velho conhecido gráfico que já vimos em Quake, porém com efeitos e detalhes próprios, tanto nos inimigos quanto nas armas. No entanto, o que se destaca são os cenários, que são fases lindas no estilo retrô – perfeitas para quem ama esse gênero. 

O grande diferencial de WRATH está em sua gameplay. Apesar de carregar a ação de Quake e seu ritmo frenético, o jogo possui uma estrutura própria de fases e requer uma estratégia além da habilidade.

Em vez de ter que passar por diversos níveis, WRATH transporta o jogador para um mundo semi-aberto, com um hub e 5 níveis iniciais enormes. Fica a critério do jogador decidir quais níveis finalizar, sendo possível completar metade de um e depois ir para uma outra fase, caso o jogador considere o atual muito difícil. 

Essa mecânica cria uma diversidade interessante, já que é possível buscar por armas e power-ups mais poderosos para ajudar a concluir uma determinada fase mais tarde, caso esta esteja dando muito trabalho.

Um poderoso arsenal, além das armas

Com um vasto arsenal, WRATH dá ao jogador, além de armas e armaduras diferentes, diversos Power-ups poderosos.

Além das inúmeras armas, cada uma com dois modos de tiros e características próprias, o jogador também possui um enorme arsenal de power-ups que fazem toda a diferença na hora dos apertos. E, apesar de ter um número limitado da quantidade que você pode carregar (e encontrar), o jogo oferece uma quantidade suficiente para o jogador pensar quando usá-las de forma estratégica. 

Seguindo as clássicas dificuldades dos antigos jogos, há momentos em que você realmente irá precisar utilizá-los, já que o sistema de save traz uma abordagem um tanto diferente. Entre os power-ups, estão alguns muito úteis em batalhas, como o de sugar a vida dos inimigos conforme você acerta ou uma poção de confundir os inimigos, além de itens de exploração que permitem que o jogador respire debaixo d’água.

Outro fator interessante é que o jogo possui diversos segredos que envolvem plataformas, e para alcançá-las, é possível usar o golpe secundário da primeira arma, uma adaga, que permite que o jogador chegue até lugares menos acessíveis que requerem um salto a uma grande distância.

Sistema de save interessante, porém custoso

Soul Thater, o item que permite você salvar o progresso durante o jogo.

O sistema de salvamentos é, provavelmente, o aspecto mais interessante do jogo, porém pode não agradar a todos. Tendo isso em mente, a KillPixel foi inteligente o suficiente para dar a opção de salvar em qualquer lugar, porém esse não é o método pretendido do jogo, deixando-o muito mais fácil do que o planejado.

WRATH foi pensado com um sistema de save que depende de um item chamado Soul Theter, o qual também é limitado no jogo, além de alguns pontos que só salvam uma vez (os shrines, ou templos, que também restauram a saúde do jogador).

Isso cria uma dinâmica nova, de risco e recompensa, na qual o jogador pode tentar ir o mais longe possível até usar o save, também fazendo com que pensemos duas vezes antes de usar um power-up. Até mesmo porque, se você avançar muito e morrer em uma armadilha cheia de criaturas fortes, terá que voltar para o último save, que pode estar bem distante. 

Outro fator interessante é que isso cria uma nova camada na gameplay. Algumas análises reclamaram da dificuldade, porém, há uma certa estratégia, e não apenas sair por aí atirando como em Quake 1 (isso é, se você não for bom o suficiente). Atrair inimigos separadamente, correr após surgirem novos oponentes e isolá-los também é uma opção viável, especialmente devido à grande variedade de inimigos, cada um com seus golpes e fraquezas diferentes. 

Um mundo rico e atmosférico

Bestiário, informações da fase (como número de inimigos e segredos descobertos), arsenal de armas e power-ups além de diários escondidos, enriquecem o mundo de WRATH.

Além do mundo semi-aberto, o jogo possui alguns diferenciais que criam uma certa atmosfera narrativa que a ação frenética de Quake 1 não permitia, como o diário. Nele, há o bestiário com esboços (sem textos) dos inimigos e armas, trazendo aquela gostosa sensação de games como Castlevania em fazer 100%. 

Há também diários para serem encontrados com pequenos textos, com informações interessantes sobre o mundo. Mas a KillPixel sabia o que estava fazendo, pois o conteúdo de história é rápido e preciso, sem interromper o ritmo rápido do jogo.

É uma pena que, para aproveitar essa atmosfera e ritmo acelerado, o jogo funcione melhor na tela do Switch que na TV. Por alguma razão, até a data desse review, somente os JoyCon e o controle especial do Metroid do Switch (com fio) pareceram funcionar bem quando joguei na TV. O Switch Pro Controller e controles conectados com o 8BitDo possuem um lag enorme por alguma razão, se tornando horrendo mirar nos inimigos (talvez por algum problema de incompatibilidade?), uma situação que não passei com outros games de tiro em primeira pessoa. 

Um jogo incrível, mas não para todos

Apesar do sistema de salvamentos diferenciado, do qual o jogo foi pensado em ser quando foi produzido, pode não agradar a todos. Os problemas de latência com controles sem fio quando jogado na TV também é um ponto negativo significativo, especialmente devido às quedas de desempenho em momentos de plataforma que requerem precisão, além de outros bugs, como inimigos que não surgem quando deveriam aparecer. No entanto, para todos os fãs de jogos em estilo retrô, há um título rico em contexto que não perde a ação frenética, com muitos segredos, armas e power-ups legais a serem encontrados. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

WRATH - Aeon of Ruin

6.5

Nota Final

6.5/10

Prós

  • Gráficos retrôs originais e bonitos
  • Mundo semi-aberto cheio de segredos
  • Ação frenética que também requer estratégia
  • Rápido começo e aprendizado
  • História e colecionáveis interessantes a serem descobertos

Contras

  • Quedas na performance atrapalham, especialmente as sessões de plataforma
  • Lag e incompatibilidades estranhas quando jogado na TV
  • Sistema de salvamentos novo pode afastar jogadores casuais
  • Sistema de Save Anywhere deixa o jogo muito fácil