Título do jogo

Review Yakuza: Like a Dragon (PS5) – Um exemplo de jogo a ser seguido

Yakuza: Like a Dragon já está presente em várias plataformas – sendo, inclusive, um título de lançamento do Xbox Series X/S -,  e apenas a versão de PlayStation 5 ficou de fora. Agora, meses depois, finalmente o título já está disponível para o console atual da Sony para compra, ou disponível gratuitamente para quem já possui a versão de PS4 física ou digital.

Desenvolvimento: Ryu ga Gotoku Studio
Distribuição: SEGA of America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG
Classificação: 18 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 46.5 horas (campanha)/97 horas (100%)

Lealdade em primeiro lugar

Ichiban e Masumi (de chapéu) andando por Kamurocho

Em Yakuza: Like a Dragon, um novo protagonista é apresentado para a franquia e deixa o anterior, Kazuma Kiryu, de lado um pouco. Aqui, o jogador controla Ichiban Kasuga, membro do clã Tojo que já entrou para a Yakuza já há alguns anos. Em 2000, após um assassinato cometido por um dos integrantes do grupo durante a véspera do ano novo, Ichiban resolve se entregar para a polícia e é condenado no lugar do real autor do crime, para que os serviços do clã não sejam ameaçados e o assunto venha a ser abafado. 

Após cumprir sentença por 18 anos ele é libertado e, conforme combinado antes da prisão, vai procurar o seu antigo líder Masumi Arakawa. Ao investigar, Ichiban descobre que os antigos membros de Tojo se aliaram a uma gangue rival conhecida, a Aliança Omi. Buscando respostas, o herói vai se encontrar com Masumi e é baleado por ele na sala de conferências da Omi, acordando após 3 dias inconsciente e em Yokohama, quilômetros de distância da sua terra.

Uma sacada genial e bem construída

Ichiban Kasuga com o traje da classe Dançarino

O desenvolvimento do enredo mostra o motivo da franquia Yakuza ser bastante aclamada. O protagonista inicialmente aparenta ser um cara inconsequente e ingênuo, mas isso muda totalmente de figura conforme ele progride na história e faz novas amizades pela cidade de Yokohama. Ichiban mostra que, na verdade, ele tem um bom coração e é bastante destemido, além de encarar as consequências de suas  próprias ações de frente.

Sua evolução de personalidade se alinha com as mecânicas do jogo, que são explicadas logo nos primeiros minutos de história. Em resumo, o protagonista quer um dia ser visto como herói e é amante de Dragon Quest, justificando o combate de Yakuza: Like a Dragon ser um RPG de turno tradicional japonês. É uma sacada bastante inteligente, engraçada e única, mostrando como os produtores conseguem inovar em algo que já está considerado ultrapassado para muitas pessoas.

Todo o conceito de batalhas de RPG por turno é bem pensado para que faça sentido. Os inimigos normalmente são pessoas comuns caminhando pelas ruas da cidade e que se transformam de acordo com a forma que Ichiban as enxerga, incluindo também seu grupo. Ao iniciar uma batalha, seus amigos e inimigos trocam de roupa e sacam suas armas, trazendo um ar bastante cômico para uma trama tão tensa e pesada.

Cada membro do grupo possui diversas profissões a serem liberadas aos poucos, equivalente às classes de JRPGs. Para citar exemplos, temos Ichiban iniciando com a classe Herói e sua roupa convencional do jogo, utilizando um taco como arma. Ela é inspirada na classe mais básica de cavaleiro, permitindo assim que o protagonista aprenda habilidades ofensivas poderosas e algumas magias de cura. 

Há diversas outras classes para escolher, como músico, guarda-costas, mestre de obras e host de eventos, que são equivalentes às classes bardo, cavaleiros negros (como Cecil em FFIV), paladinos e magos, respectivamente. Cada classe também possui um certo conjunto de armas para utilizar, como bolsinhas, garrafas de bebida, katanas, martelos, microfones e até cartas de baralho. Para trocar de ocupação, basta ir à agência de empregos e escolher sua preferida.

Há MUITO trabalho a ser feito

Club SEGA, onde você pode jogar clássicos da empresa

O que já é costume da série e que neste jogo também está presente são as atividades secundárias. É incrível notar como Yakuza: Like a Dragon tem uma infinidade de coisas para se fazer além de acompanhar a história. Além das missões paralelas, muita coisa é liberada durante o progresso, como mini-games. Ichiban pode pedir comidas em restaurantes que concedem um bônus nas próximas batalhas, cantar no karaokê, jogar diversos jogos de cartas, tabuleiros e muito mais, incluindo até jogos arcade antigos da SEGA.

Uma atividade à parte para se destacar aqui é o gerenciamento de empresas. Você é introduzido a um jogo em que se deve comprar propriedades, alocar funcionários, obter os lucros desses locais e participar das reuniões de acionistas para chamar investidores para seus negócios – e chegar ao topo dos empreendimentos mais valiosos de Yokohama. 

Vale lembrar que Yakuza: Like a Dragon possui colecionáveis e um bestiário de inimigos, que é apresentado posteriormente e incentiva o jogador a completá-los, recompensando-o ao atingir certas metas estipuladas. Também há uma arena estilo Battle Tower, onde em cada andar há uma série de monstros para derrotar, que fornecem itens pelo seu esforço de derrotá-los. Quanto maior o andar, mais difícil a batalha e mais poderosos são os itens recebidos.

A espera foi justificada?

Dito acima, sem muitos detalhes, Yakuza: Like a Dragon foi adiado por alguns meses apenas no PlayStation 5, obrigando os jogadores da plataforma a jogarem a versão de PlayStation 4 temporariamente. A equipe do Ryu ga Gotoku Studio prometeu um upgrade gratuito para quem adquirisse a versão da geração passada como benefício, mas pouco depois chegou com um balde de água fria aos consumidores e anunciou que seu progresso não poderia ser transferido. 

Considerando que estamos falando de um jogo de RPG com dezenas de horas gastas, isto é um ponto extremamente negativo, pois obriga o jogador a começar tudo do zero novamente. Mesmo assim, a versão de PS5 infelizmente não aproveitou nenhuma das novidades do console da Sony, como os gatilhos adaptativos e o feedback tátil do controle. As únicas melhorias presentes foram o carregamento extremamente rápido pelo SSD e uma leve melhoria gráfica em texturas e iluminação, deixando totalmente de lado a utilização de ray tracing ou conteúdos novos.

Apesar disso tudo, Yakuza: Like a Dragon é um título perfeito para quem não teve experiência alguma anteriormente, especialmente para pessoas que nunca tocaram na franquia até hoje. Ele possui gráficos belíssimos que, junto com a história e trilha sonora marcantes, torna-se um excelente produto e um exemplo de como fazer um ótimo RPG por turnos.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores.

Revisão: Jason Ming Hong

Yakuza: Like a Dragon

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • História muito boa
  • Mecânica de RPG bem feita
  • Trilha sonora excelente

Contras

  • Save não transferível do PS4
  • Não explora o hardware do PS5, como Ray Tracing e DualSense