Detroit Became Human cover

Revisitando Detroit: Become Human – Cada vez mais atual

Um jogo eletrônico tende a mostrar suas rugas com o tempo e até ficar datado ao ponto de só fazer sentido jogá-lo em sua geração, devido às novidades se transformarem em algo ultrapassado. Contudo, ao menos a trama de Detroit: Become Human se torna cada vez mais atual com o avanço da inteligência artificial que presenciamos.

Desenvolvimento: Quantic Dream
Distribuição: Sony Interactive Entertainment, Quantic Dream
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataforma: PS4, PC
Duração: 12 horas (campanha)/31.5 horas (100%)

Bem-vindo a um futuro próximo

O game foi lançado pela Quantic Dream para PlayStation 44 em 2018 e posteriormente ganhou um port para PC. Na campanha, vivemos em uma futura 2038, onde a inteligência artificial chegou a um patamar tão alto que agora os robôs têm aparência humanoide e acabaram “roubando” os empregos de muitos humanos. Essa premissa não é nova no entretenimento e a primeira vista parece batida, mas temos o seu diferencial aqui: esse é um jogo de escolhas no qual você estará na pele de três androides e será confrontado com situações que testarão sua ética e instinto de sobrevivência.

Detroit: Become Human gira em torno de três protagonistas, com o revezamento de seus respectivos núcleos na  campanha do jogo e algumas cenas nas quais as tramas se confrontam. Connor é um protótipo produzido pela empresa CyberLife, treinado para resolver crimes causados por robôs – o que não era para acontecer, já que uma das leis da robótica é justamente não ferir um ser humano ou permitir que um humano sofra algum mal. Já Markus é um androide que perdeu tudo injustamente e está atrás de respostas para um mundo melhor para seres iguais a ele: os chamados divergentes.

E por último, mas não menos importante, Kara, uma assistente doméstica que ajuda no lar e cuida de crianças. Sua história começa após ser religada devido a um suposto acidente e a necessidade de passar por reparos. E após um evento traumático, ela entra em fuga juntamente com uma menina humana que estava submetida a maus tratos.

Um jogo de escolhas verdadeiras

Uma das maiores reclamações em relação aos  filmes interativos é que muitos jogadores se sentem enganados, já que há coisas que precisam acontecer de uma forma ou de outra. Contudo, todas as suas ações em Detroit: Become Human têm consequências e muitas são irreversíveis ao ponto de você morrer logo no começo da campanha – e ela continuará normalmente, mas sem aquele arco.

Além de fazer escolhas que precisam ser tomadas em segundos, o game tem sua jogabilidade em terceira pessoa que, na maioria das vezes, possui uma câmera com liberdade para poder jogar assistindo vários ângulos com os personagens. Um destaque é o personagem Connor, que possui uma mecânica de detetive que lembra bastante a série de jogos Batman Arkham.

Um futuro palpável

Se em 2018 já víamos como a tecnologia estava avançada, no momento atual quase tudo o que Detroit aborda parece próximo de acontecer, como por exemplo a substituição de humanos em favor da inteligência artificial nos postos de trabalho.

De fato, o game mostra androides no lugar de pessoas, já que eles não possuem direitos trabalhistas, tão pouco adoecem e são configurados para apenas receber ordens. Mas, além da preocupação dos humanos em conseguir seus empregos, temos os androides do outro lado, que começam a criar consciência questionando sua exploração. Há muito o que ser debatido sobre o equilíbrio de ambas as partes em uma sociedade justa.

Outra situação que Detroit traz é um futuro mais pé no chão. Aqui, as pessoas morrem e envelhecem de fato. Não temos carros voadores, nem foram encontrados outros planetas habitáveis. A tecnologia apresentada está toda voltada em como a humanidade mudou com o avanço da tecnologia e todos os embates que androides e humanos possam travar em um mundo que não pode retornar ao que era anteriormente.

Para quem gosta do gênero, um prato cheio

Detroit: Become Human é um game que pode começar lento após uma entrada empolgante, mas que vai se aprofundando em sua proposta. É aquele típico caso de um começo explosivo de uma narrativa que precisa ser freada para o desenvolvimento dos personagens. Felizmente, tudo é muito bem recompensado com uma história que vai fazer você mudar de opinião algumas vezes no decorrer da jogatina.

A jogabilidade pode parecer travada, como a movimentação dos personagens, mas temos a desculpa deles serem androides. Outro ponto importante a salientar é a sensacional dublagem em português, com todas as vozes combinando com seus respectivos personagens. E se você estiver se perguntando quantos finais são possíveis, segundo a produtora temos um total de 85 variações, o que faz com que o game tenha um alto valor de replay.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Julio Pinheiro