Fallout 2: A Post Nuclear Role Playing Game é a aguardada sequência de um dos RPGs mais influentes dos anos 90. Lançado em 1998 pela Black Isle Studios e publicado pela Interplay Entertainment, o jogo se passa 80 anos após os eventos do original, convidando o jogador a assumir o papel do Escolhido em uma jornada por um mundo devastado por radiação. Com seu universo sombrio, sagacidade narrativa e liberdade quase ilimitada, Fallout 2 consolidou o subgênero de RPG pós-apocalíptico e até hoje inspira títulos modernos.
Desenvolvimento: Black Isle Studios
Distribuição: Interplay Productions
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos (violência, conteúdo sexual, drogas lícitas)
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 30 horas (campanha)/82 horas (100%)
Introdução apocalíptica

A proposta de Fallout 2 é simples e grandiosa ao mesmo tempo: você é o Escolhido, herdeiro de uma missão que coloca o destino de sua tribo nas suas mãos, recuperar o Kit de Criação do Jardim do Éden (G.E.C.K.), um artefato tecnológico pré-guerra capaz de transformar terras devastadas em um paraíso fértil. Armado apenas com coragem, habilidades rudimentares e a fama de seu sangue, o Escolhido parte em busca desse item místico, determinado a salvar sua aldeia da extinção.
No ano de 2241, exatamente 80 anos após os eventos do primeiro jogo, o mundo exterior tornou-se uma terra desolada e imprevisível, resultado de décadas de radiação, escassez e conflitos por recursos escassos. Cidades que antes floresciam na Califórnia e em Nevada agora são ruínas corroídas, dominadas por bandidos, facções militares e criaturas mutantes. Nesse cenário desolador, o jogador assume o papel de um descendente do herói do Abrigo 13, passando a carregar o legado de seu antecessor enquanto tenta restaurar a esperança em sua pequena comunidade isolada.

Assim como o Fallout original, a liberdade aqui é quase escandalosa, com cada diálogo tendo é uma teia de opções: persuadir, intimidar, seduzir (se tiver carisma) ou simplesmente enganar. Essas ramificações fazem com que cada escolha ecoe e reverbere, criando ondas de consequências.
O humor ácido de Fallout 2 é uma faca de dois gumes: corta pela ironia tirando risadas, ao mesmo tempo que podem soar obscuras demais para quem desconhece as referências a quadrinhos, piadas sobre seriados antigos e até memes da época, tudo temperado com muito sarcasmo.
Sobrevivência em turnos

A jogabilidade de Fallout 2 se apoia em um sistema de combate por turnos baseado em Pontos de Ação (PA) e no conjunto de atributos S.P.E.C.I.A.L. (Força, Percepção, Resistência, Carisma, Inteligência, Agilidade e Sorte). Cada ação consome uma quantidade variável de PA, o que exige do jogador um planejamento tático cuidadoso.
O extenso sistema de diálogo oferece opções de persuasão, intimidação e até chantagem, exigindo atributos adequados ou testes de habilidade antes de desbloquear caminhos alternativos. Decisões éticas têm consequências reais, afetando a reputação e desfechos. Escolher salvar um assentamento em detrimento de outro ou trair antigos aliados torna cada partida única. Em relação ao primeiro Fallout, a sequência trouxe um número muito maior de missões, aliados, itens e finais.
Nem só de glória vive Fallout 2. Bugs pipocam, às vezes trancando quests essenciais ou reprisando diálogos até a exaustão, e apesar dos patches oficiais, sempre sobram falhas que fazem você coçar a cabeça.
O balanceamento também é uma montanha-russa, um grupo de bandidos dá mole, outro chega com ataque devastador. Dá vontade de xingar, mas vira piada interna. E a interface ainda carrega peso da idade. Falta tutorial que segure sua mão no começo e falta filtro para separar equipamento leve de material radioativo. Aí, meu amigo, quem não manja de RPG tático fica perdido num labirinto de menus.
Ecos do passado e engrenagens sonoras

Em pleno final dos anos 90, Fallout 2 utilizou gráficos isométricos em 2D com sprites pintados à mão. Esse estilo confere uma atmosfera crua, suja e levemente cartunesca ao mundo pós-nuclear. Os cenários exalam decadência e cada pixel conta uma história: casarões revirados, carros carbonizados, postes de luz que brilham como fantasmas… Talvez o que surpreende mesmo seja a coerência visual: tudo grita “fim do mundo”, mas com um charme sórdido que hipnotiza.
A trilha sonora de Fallout 2 foi composta por Mark Morgan, que também trabalhou no primeiro título da série, e assim como o primeiro título da série, conta com uma combinação única de jazz clássico e paisagens sonoras ambientes que fundem nostalgia dos anos 50 com a sensação desolada do pós-apocalipse.
O legado de uma sequência inesquecível
A trama de Fallout 2 constrói um épico pós-nuclear onde cada passo ecoa nas pedras remanescentes de civilizações passadas. Ao mesclar humor ácido, dilemas morais e uma liberdade rara para a época, o jogo consolida sua reputação como um dos maiores RPGs de todos os tempos. É uma jornada épica que prova: mesmo em meio a destruição, a história humana segue viva, pronta para ser reescrita por aqueles corajosos o bastante para enfrentar suas próprias sombras.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Júlio Pinheiro




