Fallout 3 te lança em um mundo despedaçado pela guerra nuclear, onde cada escolha ecoa nas ruínas de Washington D.C.
Desenvolvimento: Bethesda Game Studios
Distribuição: Bethesda Softworks
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Tiro
Classificação: 18 anos (violência extrema, conteúdo sexual, drogas lícitas)
Português: Não
Plataformas: PC, PS3, Xbox 360
Duração: 22 horas (campanha)/114 horas (100%)
Nascendo no abrigo

Antes de Fallout 3 nascer em 2008, a franquia era moldada pela Interplay como um RPG isométrico, com combate exclusivamente em turnos e uma narrativa sombria, porém cheia de liberdade de resolução. Fallout 2, de 1998, refinou esse modelo com diálogos complexos, múltiplas soluções para missões e um sistema de habilidades profundo, que premiava o planejamento e a paciência.
Em meados dos anos 2000, a Bethesda Softworks obteve os direitos para desenvolver o próximo capítulo. Com essa aquisição de licença, a empresa, já conhecida pela série The Elder Scrolls, trouxe sua expertise em mundos abertos 3D e mergulhou a saga Fallout em um novo paradigma.
Dentro do Abrigo 101, você acompanha a vida de seu personagem de bebê a jovem adulto, até uma série de eventos que o forçam a explorar o mundo exterior. Explorar a Capital dos Ermos revela rochas, escombros e pontos de interesse espalhados. A escala é impressionante: monumentos arruinados, montanhas de destroços e bunkers secretos fazem sentir que você realmente vaga por uma versão pós-apocalíptica de Washington.
V.A.T.S. o coração do combate

A mudança de perspectiva é a mais gritante diferença. Enquanto Fallout 2 entregava sua visão pós-apocalíptica em uma tela fixa e controle tático de turnos, Fallout 3 transporta o jogador para um mundo em primeira pessoa (ou terceira, opcionalmente), com combate em tempo real incrementado pelo V.A.T.S. Essa transição aproximou Fallout de FPS e games de ação, mantendo resquícios de RPG nas vantagens e atributos, mas diluindo a ênfase no “jogar devagar e pensar” que marcava o classicismo isométrico.
O V.A.T.S (Vault-Tec Assisted Targeting System) é a grande sacada de Fallout 3. Ele interrompe o tempo para permitir ataques cirúrgicos em membros específicos de inimigos, transformando confrontos em duelos estratégicos.

A jogabilidade em tempo real combina tiroteios clássicos em primeira pessoa com decisões táticas no V.A.T.S. O resultado é um ritmo agradável que mescla ação frenética com pausas calculadas. Ao mesmo tempo, disparar diretamente (sem V.A.T.S.) ainda funciona bem, mas perde o charme cinematográfico das cenas em câmera lenta.
Sob o controle da Interplay, cada escolha em Fallout 2 podia alterar profundamente locais inteiros: vilarejos podiam ser arrasados ou salvos, facções desmembradas e eventos desencadeados por diálogos. Em Fallout 3, a Bethesda costurou uma trama central mais definida, a busca pelo seu pai desaparecido, enquanto ainda oferecia centenas de missões secundárias. Essa abordagem conferiu foco narrativo e tensão dramática, mas sacrificou um pouco da imprevisibilidade e da maleabilidade absoluta do universo original.
Um novo apocalípse

Para um jogo de 2008, Fallout 3 oferecia um mundo visualmente impactante. A engine Gamebryo, herdada de Oblivion, criou paisagens desoladas, reluzentes com partículas de pó radioativo. O contraste entre luz solar difusa e escuridão de túneis subterrâneos dá profundidade.
Ainda assim, as texturas muitas vezes parecem lavadas e repetitivas, especialmente em áreas mais amplas. Erros gráficos como clipping de objetos e cadáveres atravessando rampas aparecem com certa frequência. Apesar disso, o design artístico compensa as limitações técnicas com cenários memoráveis, como o Jefferson Memorial destruído.
A trilha sonora de Fallout 3 se distingue pelo uso de clássicos da década de 1950, criando uma atmosfera bizarra ao ouvir Frank Sinatra enquanto avança entre ruínas nucleares. Canções como I Don’t Want to Set the World on Fire soam como um lamento irônico diante do colapso humano.
O legado dos ermos
A virada de estilo dividiu os fãs. Enquanto muitos celebraram o mundo tridimensional, a liberdade para explorar ruínas icônicas de Washington D.C. e a adrenalina do V.A.T.S, outros lamentaram a perda de pilotagem tática pura e das ramificações complexas de missão. Ainda assim, essa ousadia da Bethesda garantiu que a marca Fallout permanecesse viva e se expandisse para novos públicos, abrindo caminho para spin-offs como New Vegas e futuras sequências.
Cópia de Xbox 360 adquirida pelo autor
Revisão: Júlio Pinheiro