Fallout: New Vegas chegou ao Xbox 360 em 19 de outubro de 2010, mergulhando o jogador em uma versão reimaginada do Velho Oeste, agora chamado de Mojave Wasteland. Desenvolvido pela Obsidian Entertainment e publicado pela Bethesda Softworks, o título retém a alma do universo Fallout, ao mesmo tempo em que adiciona camadas de RPG e escolhas morais que elevam a experiência a outro patamar.
Desenvolvimento: Obsidian Entertainment
Distribuição: Bethesda Softworks
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Tiro
Classificação: 18 anos (violência extrema, conteúdo sexual, drogas lícitas)
Português: Não
Plataformas: PC, PS3, Xbox 360
Duração: 27 horas (campanha)/131 horas (100%)
Boas vindas ao deserto nuclear

O jogador assume o papel de um mensageiro sem nome, encarregado de entregar um chip de platina à entrada de New Vegas, mas tudo muda quando você descobre que esse era um jogo de cartas marcadas desde o início.
A Obsidian Entertainment foi escolhida para criar New Vegas devido à sua herança em RPGs clássicos, como Neverwinter Nights 2 e Knights of the Old Republic II, e por contar com ex-desenvolvedores da Black Isle Studios. A equipe teve apenas 18 meses para concluir o projeto – prazo que gerou cortes em side-quests menores e deixou menos tempo para os testes de qualidade, explicando o motivo da existência de muitos bugs.
Nas comunidades online, opiniões sobre New Vegas se dividem majoritariamente entre fãs de longa data do RPG, que valorizam a profundidade de escolhas e consideram-no o verdadeiro sucessor de Fallout 2 o defendendo como “o melhor Fallout já feito” e jogadores que queriam uma experiência mais polida, frustrados com a quantidade de bugs que afetam missões principais e secundárias.
Sobrevivendo nos ermos

Fallout: New Vegas combina elementos de RPG clássico com combate em primeira pessoa, usando o sistema V.A.T.S. (Vault-Tec Assisted Targeting System), criado em Fallout 3, para desacelerar o tempo e mirar em partes específicas do corpo dos inimigos. Essa fusão de tiro em tempo real e pausa estratégica aprofunda cada encontro, exigindo do jogador tanto mira quanto planejamento.
O RPG se manifesta em atributos S.P.E.C.I.A.L., vantagens e habilidades que moldam completamente a sua abordagem ao jogo. Investir em Speech, por exemplo, abre linhas de diálogo alternativas, enquanto a vantagem “Finesse” aumenta a chance de acerto crítico, reforçando a sensação de progressão de personagem típica dos RPGs ocidentais.

Além disso, o jogo introduz um modo Hardcore, que adiciona mecânicas de fome, sede e desgaste de munição. Isso reforça a imersão, obrigando o jogador a gerenciar suprimentos e planejar rotas de viagem com cautela. Por outro lado, essa camada adicional pode se tornar punitiva para quem busca apenas ação fluida.
Aqui, as decisões são frequentemente acompanhadas de missões secundárias com múltiplas soluções (persuasão, furtividade, combate), valorizando personagens memoráveis como Verônica, Arcade Gannon e o enigmático Mr. House. Essa ênfase na ramificação narrativa contrasta com a linearidade de Fallout 3, tornando New Vegas um RPG mais fiel ao espírito de escolhas do gênero.
Pintando o mojave

Em termos gráficos, New Vegas apresenta ambientes vastos e detalhados, com luz solar escaldante e sombras alongadas que recriam o clima desértico do sul de Nevada. As construções antigas, cassinos decadentes e ruínas de rodovias são ricamente texturizadas, conferindo personalidade a cada região do mapa.
Contudo, a versão para Xbox 360 sofre com quedas de frame rate em áreas muito povoadas e longos carregamentos entre cinemáticas. Texturas por vezes aparecem “pipocando” em distâncias maiores, enquanto NPCs podem surgir repentinamente diante do jogador, quebrando a suspensão de descrença. Essas limitações técnicas são consequência do motor Gamebryo, herdado de Fallout 3, que já demonstrava fragilidades de performance nos consoles daquela geração.
A ambientação sonora de New Vegas mescla músicas clássicas dos anos 40 e 50 como “Blue Moon”, dos Mills Brothers, com efeitos pós-apocalípticos de ruínas e vento cortante. Cada cassino tem sua playlist característica, reforçando a sensação de estar em Las Vegas antes do holocausto.

Os efeitos sonoros de armas são satisfatórios, com o som seco das pistolas e o estrondo grave dos rifles de assalto. Já as vozes dos personagens principais trazem interpretação competente, embora haja repetição de linhas em diálogos longos, principalmente em rotas de missão secundária.
Em comparação com Fallout 3, New Vegas não inova drasticamente no áudio, mas aprimora a curadoria musical para reforçar seu tom de faroeste nuclear e aumenta a variedade de sons ambientais, fazendo do Mojave um lugar mais vivo, mesmo que assolado pela radiação.
Vale a pena voltar?
Fallout: New Vegas é um jogo com alma de RPG clássico, que aposta em escolhas morais, customização e sobrevivência extrema. Apesar das falhas técnicas e decisões de interface questionáveis, sua narrativa ramificada e ambientação única o fazem memorável.
Para quem tolera bugs e sonha com múltiplas jogatinas, explorando cada facção e desvendando todos os finais, New Vegas continua indispensável, mesmo após mais de uma década de seu lançamento.
Cópia de Xbox 360 adquirida pelo autor
Revisão: Júlio Pinheiro