Wasteland 3 é um RPG tático baseado em esquadrões com combate em turnos, desenvolvido pela Inxale Entertainment e publicado pela Deep Silver. Como uma sequência de Wasteland 2, o terceiro jogo da série possui uma história semi independente, sem exigir uma experiência prévia com a franquia para se localizar.
Com grande foco em narrativa, Wasteland 3 leva seu gênero às raízes e te faz interpretar o papel de um Ranger (patrulheiros e protagonistas dos jogos da série) moldando seu caminho numa Colorado pós-apocalíptica.
Desenvolvimento: Inxale Entertainment
Distribuição: Deep Silver
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: RPG
Classificação: 18 anos
Portugês: Não
Plataforma: Xbox One, PS4 e PC
Duração: 35 horas (campanha)/ 75 horas (100%)
Escolhas que modelam o caminho
A campanha de Wasteland 3 se passa em um Estados Unidos devastado por bombas nucleares e quase sem cidades funcionais. Com os Rangers passando por dificuldade para se manterem operacionais, o pedido de ajuda em troca de suprimentos era bom demais pra ser negado. Isso fez com que um comboio fosse enviado para Colorado para ajudar o Patriarca, Governante da cidade. Antes de chegar, uma emboscada destrói quase todos deste comboio, e com isso o jogo tem início.
Toda a jornada se baseia em escolhas e consequência, porém muitas vezes o jogo não deixa isso claro pelo único e exclusivo motivo de querer dar liberdade para seguir com seu objetivo da maneira que quiser. Missões, tanto principais quanto secundárias, tem múltiplos caminhos e o jogo não te diz quantos finais e nem fala sobre como alcançá-los, já que suas escolhas te levam naturalmente ao desfecho de qualquer forma. Nem todas as missões tem consequências imediatas, algumas acabam sendo ligadas à outras missões ou tem seus efeitos sentidos mais em frente.
Wasteland 3 ainda tem um sistema de fama e reputação que afeta seu relacionamento e diálogos com os personagens encontrados ao longo do caminho, além das várias facções com as quais interagimos ao decorrer da história. Um pequeno exemplo é que, dependendo da sua fama, um combate pode ser levado “na conversa” simplesmente porque inimigos tem medo de seu esquadrão.
Filhos problemáticos
A campanha principal gira em torno do pedido de ajuda do Patriarca Saul Buchanan, que está com seu governo ameaçado por seus três filhos que não desejam esperar a morte do pai para tomar o controle. Valor, Victory e Liberty são os três herdeiros do governante de Colorado.
Após a introdução, o jogador ganha acesso à sua base. Neste local uma série de opções vão se desbloqueando ao longo do enredo, ganhando acesso às lojas e NPCs. Algumas missões também ocorrem por aqui mesmo, o que torna inacessível o recurso de personalizar sua aparência e afins.
A partir daí com o objetivo principal em mãos, começamos nossa exploração e a conhecer as facções com as quais iremos interagir e desenvolver nossa fama. Porém, algumas são apenas inimigas enquanto que outras vão depender de decisões feitas com o progresso.
Muita personalização
O jogador tem a possibilidade de começar com 2 personagens pré criados ou fazer um próprio, escolhendo sua aparência, habilidades e arma inicial. Com várias habilidades para escolher e combinações de equipe, é possível ficar sem saber quais Skills são essenciais de se manter ou não. Por mais que possa parecer confuso o sistema de atributos, Skills e Quirks, esses status são bem complementares.
Os equipamentos obtidos podem ser do tipo equipáveis como armas e armaduras, contando também com itens consumíveis como kits médicos e robôs que auxiliam até o final do combate. Dentre as armas existentes estão disponíveis as automáticas (rifles automáticos e submetralhadoras), armas pequenas (pistolas, revólveres e espingardas), armas grandes (lança chamas, metralhadoras leves), luta (soco inglês, luvas etc), corpo-a-corpo (lâminas e contundentes), armas de longo alcance (rifles de precisão) e lança foguetes. Estas armas também tem tipos de danos diferentes como energia, gelo, fogo e explosivo, e cada um é melhor contra um tipo de inimigo específico.
Os tipos de inimigos não são tão variados, mas pelo menos existe uma boa quantidade de facções em Wasteland 3. Cada facção usa uma tática diferente e armas variadas, assim oferecendo uma boa variedade de gameplay.
Animais também fazem parte do gameplay tanto como aliados através da Skill de domador quanto como inimigos, os quais são desde animais normais até os que sofreram mutações à la Fallout. Cada tipo de animal aliado da um bônus para seu domador, porém não são controlados pelo jogador.
As habilidades são divididas em Skills de combate, gerais, de exploração e sociais. A Skill de combate vai determinar o tipo de arma – ou armas – que o personagem vai usar de maneira mais adequada e de níveis mais altos. Já as Skills gerais tem impacto no gameplay através do combate, mas também em interações nos diálogos e na exploração, com opções extras que exigem estar em um certo nível para ficar disponível. Por fim, Skills sociais servem para liberar opções de diálogo (como Hard Ass e Kiss Ass), bônus em transações em lojas (com Barter) e bônus para a equipe durante o combate (com Leadership).
Na formação de um esquadrão equilibrado é bom notar que as Skills sociais e de exploração não são necessárias em mais de um personagem que invista nesse status, já que não são acumulativos. Porém, se tratando das de combate e gerais, vai depender do tipo de equipe que o jogador deseja montar – e aqui tudo se mostra bem versátil em suas possibilidades.
Além dos personagens humanos no seu esquadrão, em determinadas partes seu veículo também poderá ser usado em combate. O Kodiak, como é chamado, tem algumas modificações de visual, mas também possui uma boa variedade de armas que vão sendo adquiridas ao comprar em loja ou como recompensa de missões.
Explorando Colorado
Durante a campanha exploramos um mapa aberto que serve para mudar de cidade, encontrar alguns itens, missões secundárias e eventos aleatórios de combate em que podemos engajar ou fugir dependendo de uma checagem de nível de alguma habilidade de exploração. Alguns locais vão estar “fechados” pois é necessário melhorar o chassi do Kodiak para suportar a radiação.
Os eventos aleatórios remetem aos jogos de Pokémon, pois aparecem do nada enquanto estamos passando pelo mapa, por isso é sempre bom ter todas as Skills de exploração na equipe para, assim, ter a liberdade de escolha para decidir entre lutar ou fugir sem depender da sorte.
Temos também as cidades e alguns pontos de interesse para explorar, sendo que esses são feitos com o esquadrão. Nesses mapas é onde o RPG de fato acontece: missões, exploração, diálogos e muitas escolhas. Escolhas estas que afetam tanto sua campanha como alguns locais – dependendo de como forem feitas -, mostrando o impacto das decisões.
Turnos e porcentagens
O combate, para quem não é familiarizado com a série XCOM da 2K, se baseia em o jogador controlar uma equipe, cada um com suas habilidades e equipamentos. As batalhas acontecem em turnos, cada personagem, dependendo de seus atributos e equipamentos, pode andar uma determinada quantidade de espaços e executar tarefas como curar um aliado ou atacar. Tarefas essas que tem uma porcentagem tanto para sucesso quanto para fracasso, e quanto maior seus atributos maior a chance de sucesso.
Variações no terreno como altura e coberturas influenciam no combate, e um bom posicionamento pode fazer com que um encontro difícil fique mais tranquilo. Saber quando e como começar a ação também é importante, já que, se a sua equipe for descoberta antes de fazer o primeiro ataque, provavelmente vai ficar exposto durante uma investida inimiga.
Simulador de carregamento
Apesar de Wasteland 3 ser um game de baixo orçamento, seu desenvolvimento começou bem antes da aquisição do estúdio pela Microsoft e o jogo teve muitos problemas técnicos que afetaram a experiência. Não somente bugs mais comuns como erro de carregamento ou demora de loading, mas também problemas que impediam o avanço na história.
Os loadings eram extremamente longos e frequentes, e toda mudança de mapa gerava um carregamente excessivo. Nas cidades às vezes existem 2 ou 3 mapas em seu interior, e todos tem carregamentos durante a transição. Não existe fast travel de forma geral, então muito tempo é perdido nas mudanças entre os mapas.
A chave de review foi recebida de forma antecipada antes do lançamento, porém só foi possível que eu começasse a jogar de fato por volta de 2 semanas após o jogo sair ao público, sendo que fiquei 3 semanas impossibilitado de começar o gameplay por simplesmente o jogo “crashar”.
Para sermos justos, muitos desses problemas foram resolvidos e muitos estão sendo corrigidos enquanto essa análise está sendo escrita, segundo os desenvolvedores, mas não poderia deixar de apontar esses erros que tanto me incomodaram no lançamento.
Um verdadeiro RPG
Wasteland 3 dá grande liberdade ao jogador no modo de como conduzir e de personalizar seu esquadrão, habilidades e equipamentos. Tudo melhora ainda mais através de sua narrativa, personagens que de grande destaque, facções e um grande sistema de consequência em que você sente o impacto naquele mundo em pequena e grande escala. Os problemas técnicos atrapalham bastante, mas não ofuscam um grande jogo que, mesmo com um orçamento não tão grande, consegue ser excelente em quase tudo que se dispôs a fazer. Agora com a aquisição do estúdio pela Microsoft é de se esperar que seus próximos projetos sejam bem mais ambiciosos e polidos, já que toda a qualidade na construção de um RPG eles já possuem.
Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores.
Revisão: Bia Bock
Wasteland 3
Prós
- Missões com multiplos finais
- Customização
- Liberdade de escolha
- Escolhas tem consequências
- Combate satisfatório
Contras
- Problemas técnicos
- Loadings muito grandes
- Loading trocando qualquer mapa
