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Review Ori and the Will of the Wisps (Switch) – Um port bem feito

Quando Ori and The Blind Forrest foi lançado, em 2015, o jogo logo se tornou sucesso de crítica e vendas. Os gráficos belíssimos, todo feito a mão e com tons aquarelados; as melodias (orquestradas) magníficas; o level design que mistura exploração e aventura em cenários com progressão side-scroller; e um roteiro que apesar de simples mergulhava de forma sutil e bela em debates como amizade, família e amor encantou a comunidade gamer. O CEO da desenvolvedora Moon Studio, Thomas Maheler, na época, disse que Ori havia começado a dar lucro após apenas uma semana de vendas e isso acabou incentivando o estúdio a pensar no projeto seguinte. Assim, em março de 2020, primeiramente os donos de PC e Xbox puderam apreciar a continuação de The Blind Forrest: Ori and The Will of the Wisps. E agora em setembro, de forma bem inesperada, o jogo chegou também para os donos do Nintendo Switch.

Desenvolvimento: Moon Studios
Distribuição: iam8bit
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Classificação: Livre
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, Switch e Xbox One
Duração: 11 horas (campanha) / 17 horas (100%)

Uma nova aventura começa

Uma nova aventura começa

Uma das coisas mais legais na história do jogo é a forma como ela é contada. Não há uma linha de diálogo e os acontecimentos, apesar de narrados de forma sucinta, nos transporta para aquele mundo. O game começa apresentando os fatos que sucederam o primeiro jogo, mostrando pequenos cortes que narram a vida do espírito branco guardião com sua família na floresta de Nibel: Naru, Gumo e a fofíssima – e recém chegada – corujinha Kun.

Kun é filha de Kuro, vilã da primeira aventura de Ori. Na história ela nasceu com um problema em sua asa que não a permite voar. Conforme vai descobrindo a sua natureza e o chamado do mundo a sua volta, a corujinha vai se sentindo cada vez mais triste por não poder assumir com plenitude o que ela verdadeiramente é. Diante da tristeza de Kun, Ori teve uma ideia que pode ajudar a sua amiga. Num baú de bugigangas ele encontra uma pena de Kuro. E com a ajuda de Gumo improvisa a pena na asa de Kun que a permite, finalmente, voar.

Porém, em seu primeiro vôo, Kun e Ori acabam enfrentando uma grande tempestade. Os dois são atingidos e separados. Ori desperta sozinho numa floresta conhecida como Niwen. Corrompida pelo enfraquecimento de seu espírito guardião, Niwen definha e apresenta criaturas perigosas, como o grande vilão do jogo: Grito. Se embrenhando no interior desta floresta estranha, Ori precisa encontrar Kun e, de quebra, acabar com a corrupção que assola o local. Assim, uma nova aventura começa.

Quando um port é bem feito

Ori pode absorver a luz de certas árvores para ganhar novas habilidades

Atentar para as qualidades técnicas e visuais de Ori seria “chover no molhado”. Todos sabemos se tratar de um jogo belíssimo e nem precisa ter um olho muito apurado para perceber isso. O que nos interessa aqui, acredito, é a qualidade da adaptação do jogo para o Switch como um todo. Devido a limitação do hardware do híbrido da Nintendo, muitos ports tem chegado ao console com um downgrade muito grande, com problemas de definição e framerate. Isso acaba atrapalhando a experiência do jogador com certos games. Felizmente, desde que a Microsoft resolveu lançar alguns de seus jogos para a Nintendo, essas adaptações se provaram muito competentes. E Ori and The Will of the Wisps não foge à regra.

O jogo emula toda beleza visual da versão de Xbox One, mas sem apresentar muito dos problemas de performance que o jogo teve em seu lançamento, em março. No Switch, o game possui resolução travada em 900p em modo dock e 720p em modo portátil. O motor gráfico do jogo foi sendo melhor trabalhado pela equipe de desenvolvedores ao longo dos meses, o que garantiu uma certa vantagem da versão da Nintendo em relação a performance. Diferente da versão de Xbox – onde o jogo roda a 30fps – no Switch o jogo roda a incríveis 60fps, seja no modo dock ou portátil. Em linhas gerais, estamos diante de um port muito bem feito pela galera da Moon Studios.

Já atentei para a redundância em apontar a qualidade técnica do jogo, mas queria fazer um breve parêntese para mencionar que a trilha sonora do jogo é um show à parte. Cada área possui seu próprio tema. Ela acompanha toda a exploração e aprofunda ainda mais a nossa imersão na floresta de Niwen. Tanto Blind Forrest quanto Will of the Wisps têm que ser apreciados com o volume no máximo. A melodia The Darkness Lifted que compõe a trilha da área das Profundezas do Bosque Bolorento, por exemplo, é simplesmente lindíssima.

Claro que o jogo possui pequenas (mas existentes) falhas no Switch. No jogo, Ori é muito rápido e às vezes a câmera não consegue acompanhar a velocidade de nosso personagem em tela. Outro problema é que alguns elementos do cenário e NPCs demoram a ser carregados e acabam “pipocando” do nada na sua frente. Algo muito comum na região das Clareiras da Nascente, que é uma área segura no jogo e repleto de NPCs. Por fim, jogando em modo dock vez ou outra o jogo fechou sozinho e me jogou pra tela inicial do Switch. De toda forma, mesmo com esses problemas, a experiência que tive com o game foi melhor do que a que tive com a versão de Xbox (travamentos, jogo fechando, queda gigantes de framerate e por aí vai).

De inspiração a inspirado

Agora podemos interagir com vários NPCs. Com o Lupo podemos comprar os mapas das áreas que exploramos

O sub-gênero Metroidvania nunca deixou os holofotes ao longo de todos esses anos. A mecânica de exploração de mapas conectados, sem linearidade e com progressão gradual (inclusive de habilidades) é algo marcante em jogos do tipo. A chegada de Ori and the Blind Forrest reascendeu a chama desses games. Casou uma jogabilidade ágil a uma história tocante, gráficos belíssimos e melodias memoráveis. Tudo isso aliado a uma dificuldade justa, nem muito fácil, nem muito difícil. O que quero dizer é que ele inspirou jogos de mecânica parecida que vieram depois dele.

A chegada de Ori and the Will of the Wisps trouxe de volta muito das ideias apresentadas no primeiro game, mas subiu o tom e se inspirou em algumas mecânicas de jogos que vieram antes dele. Pra começar o mapa é maior e mais variado. Os puzzles que guardam segredos das diversas áreas também marcam presença. Ori agora consegue se defender por conta. No antecessor o espírito guardião contava com um orbe que o protegia dos inimigos. Aqui ele, de fato, assume o protagonismo nas batalhas.

A antiga árvore de habilidades deu lugar aos chamados Fragmentos Espirituais, algo muito parecido com os medalhões de Hollow Knight. Esses Fragmentos concedem habilidades extras para Ori e estão espalhados pelas diversas áreas do game. De início há apenas espaço para utilizarmos três desses fragmentos, mas podemos ampliar esse número encontrando e vencendo os desafios dos Santuários de batalha. Outras habilidades de ataque vão sendo incorporadas à mecânica do jogo conforme vamos progredindo, ao absorvermos a luz de algumas árvores que encontramos no caminho. As esferas de energia e vitalidade voltaram. Desferir qualquer ataque diferente do Corte Espiritual consome um pouco da energia de Ori. Podemos encontrar até vinte esferas de energia e vitalidade em nossa jornada, fazendo da nossa vida no jogo um pouco mais fácil.

Uma das grandes controvérsias de Blind Forrest era a forma de salvamento do progresso. Algo que ficava à cargo do jogador. Passou daquela área difícil, que estava empacado fazia dois dias, esqueceu de salvar o jogo e morreu? Você terá que fazer tudo de novo. Felizmente, Will of the Wisps conta com salvamentos automáticos e possui também pontos de save espalhados pelos cenários que também servem de fast travel. Outra mudança foi a estrutura das batalhas contra os chefões. No primeiro jogo elas se resumiam às chamadas “Grandes Fugas”. Agora, apesar de ainda existirem em Will of the Wisps, finalmente podemos duelar contra chefões diversos durante o jogo.

Um jogo obrigatório

O jogo é obrigatório para os donos do Switch

Ori and the Will of the Wisps ampliou o mundo que exploramos. Agora, nosso personagem interage com diversos NPCs que vamos encontrando no caminho. Além disso, foi adicionado side quests e outras tarefas que tornam o jogo bem mais longevo do que o primeiro. Apesar dessas missões secundárias se resumirem a dinâmica de “leva e traz”, elas permitem que a gente se aprofunde mais na história de personagens que sofreram o impacto direto da corrupção da Floresta de Niwen.

O port feito para o console da Nintendo é extremamente competente e em certos aspectos supera inclusive a versão de Xbox. Esse segundo capítulo – assim como o primeiro (também disponível para o Switch) – é obrigatório para os donos do híbrido da Nintendo. A história é bonita (preparem os lenços), os gráficos e melodias magníficos, os controles ágeis e, simplesmente, não dá vontade de parar de jogar. Ori and the Will of the Wisps é, com toda a certeza, imperdível!

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Bia Bock

Ori and the Will of the Wisps

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Gráficos maravilhosos
  • Melodias orquestradas
  • Controles ágeis
  • História comovente
  • 60 FPS

Contras

  • Alguns problemas de performance