Em comemoração dos 30 anos de SaGa, a Square Enix preparou uma compilação especial dos três primeiros episódios da série, lançados originalmente para o Game Boy. Também conhecido como Final Fantasy Legend aqui no ocidente, os títulos chegam repaginados com novos recursos, mas sem perder aquela carinha dos clássicos jogos monocromáticos que fizeram tanto sucesso no Game Boy da Nintendo. Invadindo o Nintendo Switch, a coletânea promete agradar velhos e novos fãs dos JRPGs.
Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataforma: Switch
Duração: 30 horas (campanha)
Um pouco de Saga
O primeiro SaGa chegou ao Game Boy em 1989, apenas no Japão. O sucesso foi tão grande que, no ano seguinte, recebeu uma versão ocidental intitulada The Final Fantasy Legend, embarcando na popularidade da série Final Fantasy original por aqui. Na realidade, embora as duas séries tenham semelhanças como as batalhas por turno, e se passarem em um mundo fantástico com uma boa dose de magia misturada com tecnologia, SaGa e Final Fantasy possuem universos bem distintos.
Todo sistema de batalha de SaGa baseia-se em raças e em seus atributos únicos. Logo no início do primeiro jogo, você já deverá escolher a raça e o gênero do seu protagonista. Humanos são os seres mais equilibrados, porém não são grandes dominadores de magia. Mutantes são capazes de utilizar livros mágicos para invocar habilidades únicas de fogo, trovão, gelo ou cura.
Você ainda poderá escolher entre alguns tipos de monstros, e cada qual possui um tipo de ataque e habilidade únicos, mas podem ser alterados ao longo do jogo. Comendo a carne que algum inimigo derrubar após ser derrotado, seu monstro mudará de forma aleatoriamente, podendo conseguir um monstro mais forte logo no início da história.
Quanto ao gênero do personagem, alguns atributos também são influenciados. Personagens masculinos possuem mais força enquanto que os femininos têm mais agilidade e iniciam o jogo com armas mais poderosas. De qualquer forma, após escolher seu protagonista, você poderá contratar mais três personagens que formarão a sua guilda, podendo variar seu time de várias formas. Sinta-se livre para testar as mais diferentes combinações de humanos, mutantes e monstros enquanto se aventura pela terra mágica de SaGa.
Exploração é o caminho
Em Final Fantasy Legend, seu objetivo é muito simples: você e sua equipe devem escalar a Torre central do mapa em busca do Paraíso. Mas, para isso, vocês precisam encontrar um meio de liberar a passagem de cada andar dessa enorme Torre. Derrotando chefes e resolvendo tarefas nas diversas vilas do jogo, você conseguirá as chaves e os equipamentos necessários para seguir seu caminho.
Diferente do que acontece em Final Fantasy ou Dragon Quest, a evolução dos seus personagens não será por níveis, mas sim pela conquista de equipamentos e novas habilidades a cada chefe derrotado. Portanto, se preparar para enfrentar os diversos andares da Torre não será tarefa fácil.
Como nos JRPGs mais antigos do “Nintendinho” ou do Super Nintendo, você irá enfrentar monstros de forma aleatória para conseguir dinheiro suficiente para comprar novas armas e armaduras. A compra de equipamentos e livros mágicos também deve ser bem pensada, uma vez que cada apetrecho possui sua durabilidade que diminui a cada uso.
No entanto, sem a opção de controlar a probabilidade de encontros pelo mapa, prepare-se para hordas e mais hordas de inimigos a cada passo. Desta maneira, você terá dinheiro suficiente para conseguir novos atributos ou recuperar a vida seus aliados. Mas tenha cautela, cada personagem pode ser revivido apenas três vezes.
Um passo de cada vez
A dinâmica não muda muito em Final Fantasy Legend II. Trazendo um pouco mais de história e cenas com diálogos mais profundos ao jogo, na segunda parte, não há um grande avanço na jogabilidade. Além das raças já conhecidas do primeiro game, agora também temos a possibilidade de escolher um personagem robô. Os robôs possuem armas fortes, porém todo equipamento utilizado por eles possui metade da durabilidade. Entretanto, podem ser recuperados pernoitando nos hotéis dos vilarejos espalhados pelo mapa.
Outra novidade é a possibilidade de personagens secundários se juntarem à sua guilda ao longo do jogo. Logo no início, você terá a ajuda do Mr. S, um monstro que será muito útil para os novos jogadores da série. Ele possui habilidades de fogo e cura para ajudar sua equipe no primeiro calabouço. Por isso, Final Fantasy Legend II, pode ser uma boa porta de entrada pra quem ainda não está acostumado com os mecânicas da série SaGa.
Aqui você estará em busca do seu pai desaparecido, enquanto salva o mundo de uma força maligna. Apresentando menus mais detalhados e agora com a possibilidade de salvar em slots separados, Final Fantasy Legend II se mostra um pouco mais agradável de jogar que o seu antecessor. Para fortalecer seus personagens, você deverá encontrar por itens MAGI, que irão aprimorar suas habilidades e liberar passagens antes inacessíveis pelo mapa.
O legado de uma saga
Sem sombra de dúvidas, o recheio do bolo fica por conta de Final Fantasy Legend III. Trazendo tudo de melhor dos antecessores, a terceira parte traz ainda mais imersão ao roteiro e um sistema de batalha mais aprimorado. Esse é, sem sombra de dúvidas, o jogo mais chamativo da coletânea e o mais simples para os novos jogadores de SaGa.
Não será mais preciso se preocupar em montar a guilda ideal logo no início. Você controlará quatro heróis pré-definidos: dois humanos e dois mutantes. Sendo que, dessa vez, todos os seus aliados podem se transformar em monstros ao longo da jornada. Inimigos poderão deixar para trás pedaços de carne ou partes montáveis, que podem transformar seus personagens em monstros ou retornar para suas formas mutantes ou humanas de forma aleatória.
Trazendo menus mais dinâmicos e parecidos com o que temos hoje em dia em jogos como Final Fantasy e Dragon Quest, a terceira e última parte da trilogia da coletânea de SaGa traz um pouco mais de familiaridade na interface. Aqui você também contará com a adição de pontos de experiência, pontos de magia e uma trama mais envolvente trazendo personagens que viajam no tempo para prevenir um futuro terrível. E como em seu antecessor, você também irá encontrar personagens convidados que farão parte da sua equipe de tempos em tempos.
Clássico, mas com cara de novo
De forma geral, a coletânea não traz adição de nenhum conteúdo inédito. Ainda assim, ela está repleta de novos recursos que aproveitam bem as particularidades do portátil da Nintendo. Você poderá jogar tanto pelos Joy-Con (ou Pro Controller, com o Switch ligado na TV), quanto pelos botões virtuais presentes na tela tátil do Switch, como se fosse um Game Boy. Ainda existe a possibilidade de inverter a tela verticalmente, reposicionando os botões de forma que fiquem como num verdadeiro Game Boy.
Os botões virtuais não apresentam tanto domínio e precisão quanto os botões físicos, mas se tratando de um jogo que não depende tanto de movimentos e sim da escolha de ações dos personagens, a experiência pode ser muito divertida para quem quiser relembrar os bons tempos do velho Game Boy.
Ainda existem opções de fundos de tela pré-definidos trazendo belíssimas artes originais dos três jogos, além da possibilidade de aceleração, deixando a tarefa de várias batalhas seguidas um pouco mais prazerosa. Mesmo não trazendo uma opção de save state, é possível salvar em qualquer ponto do mapa entre uma luta e outra. E caso precise encerrar seu Switch por algum imprevisto, o jogo é retomado de onde você parou com um salvamento rápido e automático. A coleção ainda traz opções de idioma e menus em japonês além do inglês. Mas infelizmente, nada em português foi adicionado nesta versão.
Infelizmente, o único visual disponível nos jogos é o velho monocromático do Game Boy e nem mesmo os sons foram remasterizados. Não foram adicionadas opções coloridas como quando você joga qualquer um dos três jogos no Game Boy Color ou Advance, e nem opção de tela verde, como no Game Boy “tijolão”.
Ainda é um JRPG das antigas
Por fim, a coletânea Collection of SaGa: Final Fantasy Legend faz uma bela homenagem a esses três clássicos, adicionando novidades sem deixar de lado aquele gostinho de jogo preto-e-branco de ruídos agudos e desafinados que tanto amávamos na era do Game Boy. Caso você seja um saudosista da série SaGa, essa é uma obra indispensável para a sua coleção. Entretanto, mesmo trazendo uma boa dose de novos recursos, a gameplay mais truncada pode afastar novos fãs mais acostumados com a ação dos JRPGs mais recentes.
Cópia de Switch cedida pelos produtores.
Revisão: Jason Ming Hong