Como nunca fui um grande fã de jogos de corrida que buscam trazem a simulação de pilotar um carro aos videogames, minha atenção sempre foi mais voltado ao lado Horizon de Forza, e não para Forza Motorsport. Tendo tido contato desde o primeiro título na época do 360, vi a franquia evoluir em alguns aspectos, enquanto manteve qualidades que transformaram o exclusivo de corrida arcade da Microsoft em um dos jogos mais aclamados do subgênero. Com isso, finalmente chegamos à quinta edição, a primeira de todas criada pensando na geração recente de consoles: Xbox Series S e X. E o quanto o mais novo game da franquia consegue tirar um bom proveito da tecnologia atual?
Desenvolvimento: Playground Games
Distribuição: Xbox Game Studios
Jogadores: 1 (local) e 1-12 (online)
Gênero: Corrida, Arcade, Multiplayer
Classificação: Livre
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 19.5 horas (campanha)/87.5 horas (100%)
Bienvenido a México!
Como todo bom início de videogames, Forza Horizon 5 nos coloca com as mãos no volante para aprender o básico dos controles, o que é algo necessário se você não tiver familiaridade com a franquia. Caso se identifique com isso, saiba que Forza Horizon, apesar de ser considerado bem mais arcade se comparado ao Motorsport, ainda possui um “quê” de games de corrida voltados à simulação. Os controles continuam um pouco escorregadios e, mesmo com todas as configurações de auxílio ativadas, ainda assim não há um controle tão grande sobre o veículo assim como em Need for Speed Underground, por exemplo, em que os carros pareciam “grudados” no chão mesmo em curvas perigosas.
Apesar disso, os veículos são bem variados e possuem diversas influências nos tipos de estrada disponíveis. Como o cenário da vez é o México, pode esperar circuitos em estradas de terra no deserto, e a melhor pedida nesse caso é um Jeep com tração nas quatro rodas – suficiente para aguentar o tranco e barrancos. Já em pistas cujo chão é feito de asfalto, veículos rebaixados não lhe deixarei na não por causa de sua estabilidade. O mesmo serve para locais onde o cenário com bastante água predomina, e é melhor pegar em carros com bastante peso, capacidade de fazer curvas e de manter a fixação ao terreno. Em situações assim, basta escolher aquele veículo com a faixa escrita Recomendado e seguir em frente.
Os eventos da vez trazem muito daquilo que já vimos nos títulos anteriores da franquia, como pequenas missões com foco em atingir a velocidade máxima em radares, além de corridas em circuitos fechados e outros coletáveis pelo mapa. As recompensas também são generosas no painel chamado Accolades, e podem conceder até carros para que o jogador use a qualquer momento. Como não podia faltar, o tuning também continua presente e permite com que você ajuste algumas configurações do veículo conforme desejar. Apesar disso, essa função continua sendo algo que considero nada amigável ou clara para a maioria dos jogadores por conta da quantidade de informação em tela e opções excessivas. Apesar de existirem algumas predefinições para escolhermos entre, não diria que acaba sendo a opção ideal, mas preferia ver no lugar disso o objetivo de cada uma delas de maneira simplificada.
Veículos também podem ter vantagens equipadas na seção de Car Mastery. Dentre eles, estão elementos como receber uma porcentagem maior de XP ao final da corrida, pontuações maiores em certas manobras, mais experiência em um número específico de próximas corridas, etc. Todas essas vantagens requerem pontos para serem compradas, os quais são adquiridos simplesmente jogando e vencendo corridas.
Outra parte bacana fica por conta do GPS que, com o toque de um botão, habilita as opções de desafios existentes no momento, sejam eles os Accolades, corridas para avançar na história, eventos da temporada, etc. E falando em corridas, podemos correr nelas online contra rivais (IA definida pelos próprios desenvolvedores) e até mesmo pessoas reais através da formação de grupo, além de criar nossa própria rota para a comunidade. Essas criações podem ser baixadas e jogadas, assim como você pode mandar as suas próprias para o servidor e distribuir para a galera.
Adicionalmente, temos também opções diversas de acessibilidade, as quais variam entre opções que mexem com a interface, fora modificações para quem tem deficiências visuais como daltonismo e similares, além de uma narração de todos os textos que aparecem na tela. Há até uma forma de diminuir a velocidade em que o jogo se passa, o que afeta apenas o modo offline; como também uma opção de desligar movimentações bruscas e efeitos de parallax nos cenários de fundo para evitar complicações em pessoas com sensibilidade à movimentos bruscos (motion sickness).
Por último e não menos importante, os controles de vibração de Forza Horizon 5 são um show de como fazer esse sistema. Desde a época do Xbox One, a franquia Horizon de Forza já apresentava esse trabalho muito bem, sabendo regular muito bem em qual área do controle o efeito acontecerá de acordo com o que está se passando na tela. Por exemplo: se o veículo sofrer um impacto em um dos lados, o controle vibrará respectivamente nessa direção. Caso a roda toque o chão de terra com pedras no lado esquerdo, essa área do controle irá vibrar de maneira suave e moderada conforme o contato com o terreno. Todos esses efeitos lembram bastante a proposta do DualSense da Sony, mas de uma forma mais limitada.
Dores do arcade e falta de variações
O maior problema de Forza Horizon 5, na minha opinião, é com certeza a quantidade de informações. O tempo todo me senti bombardeado de mecânicas, menus e opções em excesso para tudo o que gostaria de fazer. Até mesmo o menu de configurações de acessibilidade é um tanto quanto denso, e o mesmo valor para o balanceamento da dificuldade de direção. Esse último felizmente permite uma personalização mais profunda, e por isso temos algumas formas predefinidas, como a mais fácil de todas, que praticamente freia o veículo automaticamente nas curvas e nos deixa focar apenas na diversão da aceleração. Mesmo assim, pode esperar por derrapadas um pouco excessivas para um produto focado em arcade.
A falta de uma navegação apenas através de menus e viagens rápidas para todo e qualquer canto também tornam o novo Forza meio maçante. Existe um nicho de pessoas que não querem nem saber de mundo aberto mais, e com certeza me incluo nessa equação. A viagem pelo gigantesco México deveria ser opcional.
Finalmente, Forza Horizon 5 parece bastante com seu título antecessor, trazendo poucas coisas como novidade a exemplo do novo cenário (obviamente), além de alguns poucos efeitos da natureza, como a tempestade de areia, que influencia na visão do jogador. Mesmo assim, esses elementos parecem coisas apenas experimentais para algo que virá no futuro, não sendo tão presentes ou dinâmicos assim, mas existentes em situações e corridas específicas. Porém, há de se destacar que o elemento “dia e noite” de Forza Horizon é perfeitamente implementado e mostra toda sua beleza em meio à escuridão das estradas mexicanas.
Um pouco mais do mesmo, porém, mais belo
Forza Horizon 5 é basicamente um aprimoramento gráfico se comprarmos o título anterior, que se passava na Europa. Apesar da jogabilidade ser bastante boa, o modo história não conseguiu se reinventar e nem ser absurdamente novo, mas apenas variar no quesito cenário e ambientação. Isso consequentemente afeta os carros, já que eles trazem opções diversas com tração nas rodas (Jeep e afins) e um peso maior por considerarem os terrenos um tanto quanto difíceis de se dirigir sobre os veículos comuns. De lambuja, acaba sendo divertido baixarmos criações alheias para personalizarmos nossos veículos e até mesmo enviar para a internet as nossas próprias.
Em termos de comunidade, o novo Forza também consegue mandar bem. As rotas criadas pelas pessoas através do mundo com certeza rendem mais horas de jogabilidade, além de que também contam para sua pontuação tanto quanto os circuitos criados pelos desenvolvedores. Porém, o modo online toma tempo demais até formarmos grupos completos para iniciar uma corrida cooperativo, cuja funcionalidade não consegui testar por conta da demora ao encontrar todos os jogadores. Se eu pudesse resumir Forza Horizon 5 em uma frase, seria “uma pequena iteração em relação ao anterior, porém, nada impressionante”.
Cópia de Xbox Series X/S adquirida através do Xbox Game Pass
Forza Horizon 5
Prós
- Visualmente incrível e 60 fps
- Física e efeitos visuais absurdos
- Vibração no controle impressionante
- Criações de rotas da comunidade
- Opções de acessibilidade
Contras
- Mudanças não convencem tanto
- Excesso de informações
- Navegação obrigatoriamente de mundo aberto
- Controles ainda puxam muito pra simulação