Após uma espera de 6 longos anos, a lendária franquia da Turn 10 finalmente está retornando. Forza Motorsport volta às pistas prometendo ser uma experiência totalmente reimaginada para os entusiastas do automobilismo. A grande questão é: essa nova entrada da franquia conseguiu manter o nível de qualidade histórico? Descubra na análise!
Desenvolvimento: Turn 10 Studios
Distribuição: Xbox Game Studios
Jogadores: 1-24 (online)
Gênero: Corrida
Classificação: Livre
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, Xbox Series X/S
Duração: Sem registros
Algumas novidades satisfatórias
Em Forza Motorsport, a jogabilidade evoluiu significativamente com melhorias notáveis na física dos pneus. O jogo traz novidades como penalidades e sessões de treino, além de um sistema de dificuldade personalizável que permite ajustar regras da corrida, posição no grid, quantidade de combustível e tipo de pneus. Essas mudanças proporcionam uma experiência de corrida mais envolvente e dinâmica, elevando a franquia a um novo patamar em comparação ao título anterior.
Infelizmente, nem todas as novidades foram bem executadas. A inteligência artificial, um ponto que sempre foi destaque no marketing, deixa a desejar. Agressividade, um primeiro colocado que dispara em dificuldades mais altas e pilotos que seguem traçados estranhos são problemas que continuam presentes no jogo. No entanto, é importante notar algumas pequenas melhorias, como a IA buscando tempos melhores a cada volta.
Sistema de progressão duvidoso
Chris Esanki, diretor criativo de Forza Motorsport, descreveu este novo título como um “CaRPG” – uma combinação de carros e RPG. A ideia é simples: permitir que o jogador evolua junto com o carro. Cada veículo tem um nível que vai do 1 ao 50, e que pode ser aprimorado durante treinos e corridas, com base na habilidade do jogador. À medida que você avança de nível, desbloqueia novas melhorias para o carro e também Car Points, a nova moeda para aprimoramentos.
Apesar da fácil progressão ser uma reclamação constante dos fãs da franquia, tornar Forza Motorsport um “CaRPG” talvez não tenha sido a melhor ideia. O grind para atingir o nível máximo com os carros é absurdo, sendo algo próximo de 4 horas para cada carro. Outro ponto negativo é que o nível não é compartilhado entre modelos diferentes. Caso o jogador queira ter dois carros iguais com configurações diferentes, será necessário elevar ambos para o nível máximo.
Campanha e multiplayer
O que já era ruim em Forza Motorsport 7 ficou ainda pior. A campanha, chamada de Copa dos Construtores, é uma decepção. Agora, temos quatro turnês com eventos temáticos (carros retrô, super sedans, lendas japonesas, etc.), nas quais adquirimos um carro e vamos até o fim do evento com ele. A fórmula se repete por muitas horas de gameplay e não oferece nenhuma inovação ou desafio ao jogador, sendo extremamente maçante.
O multiplayer felizmente melhorou. O online da franquia Forza, seja Motorsport ou Horizon, sempre foi conhecido por ser caótico, com jogadores que nunca respeitaram as regras da corrida e faziam a pista virar um “bate-bate”. Com a chegada das punições, correr no multiplayer ficou mais satisfatório, já que elas trouxeram uma melhor sensação de competitividade. Apesar do game falhar em muitos aspectos, arrisco dizer que é o melhor multiplayer da franquia até o momento.
Visual não impressiona, mas parte sonora melhorou
Jamais pensei que iria falar isso, mas Forza Motorsport não me impressionou graficamente. Existe uma clara melhoria na iluminação, mas nada que justifique uma espera de 6 anos. A melhora foi absurda na parte sonora, pelo menos. O ronco dos carros está mais grave e interage de uma forma incrível com o cenário, sendo muito superior a todos os jogos anteriores da franquia.
A versão de Xbox Series S tem sacrifícios visíveis para manter os 60 frames por segundo no modo performance, com uma distância de renderização ruim e uma resolução claramente abaixo do Full HD durante a maior parte do tempo. Outro ponto a ser citado é a baixa qualidade da modelagem dos carros. Já não é de hoje que Forza é criticado por reutilizar modelos do Forza Motorsport 2, um jogo de 16 anos atrás, o que acaba destoando completamente do gráfico realista proposto.
Bugs e falta de conteúdo
Forza Motorsport foi lançado com diversos probleminhas técnicos. Bugs na iluminação e sombras, problemas de renderização nas texturas, travamentos durante loadings e som que para de funcionar do nada são só algumas falhas que presenciei nas mais de 60 horas de gameplay. Logicamente, tudo isso pode ser corrigido com updates, mas jogo algum deveria ser lançado neste estado.
A falta de conteúdo é uma questão que já esperava, visto que deixaram bem explícito no marketing, mas não deixa de ser decepcionante. Temos menos eventos disponíveis em relação a Forza Motorsport 7, além de um número reduzido de veículos e pistas. De 32 pistas no título anterior, a quantidade caiu para 20 pistas, sendo apenas 5 delas completamente novas na franquia. Se você esperava ver circuitos como Daytona, Brands Hatch e Monza, sinto-lhe informar que eles não estão presentes, pelo menos não no lançamento.
Uma espera injustificável
No final de tudo fica a dúvida: para onde foram os 6 anos de desenvolvimento? Forza Motorsport chegou apresentando poucas inovações, nenhum salto técnico relevante, falta de conteúdo, bugs e crashes em diversos momentos. São muitos problemas para uma franquia que sempre foi tecnicamente incrível. Se não fosse pelas melhorias na física e um bom multiplayer, Forza Motorsport teria rodado na pista, mas pelo menos, o jogo consegue terminar a corrida – mesmo que seja nas últimas posições.
Cópia de Xbox Series X/S adquirida através do Xbox Game Pass
Revisão: Julio Pinheiro