Lançado pela primeira vez em 2017, Samurai Riot chega agora para o Switch. Desenvolvido por uma equipe francesa, o beat ’em up 2D nos leva para um cenário com samurais, ninjas e seres mais macabros num ritmo bem balanceado.
Desenvolvimento: Wako Factory
Distribuição: Hound Picked Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Luta, Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataforma: Switch, PC
Duração: 2h (campanha)
Uma rebelião vistosa e sonora

Os franceses da Wako Factory nos colocam nos papéis do sisudo samurai Tsurumaru ou da carismática shinobi Sukane, numa espécie de Japão na era feudal, porém, com um toque de moda cyberpunk e estilo moderno aqui e ali. O jogo, como já citado, é um beat ’em up em 2D com um estilo artístico bastante peculiar, que lembra muito os quadrinhos europeus – geralmente francófonos – como Orcs e Gobelins ou Ekho. Sem falar também nas influências de animes, sobretudo a Samurai Champloo. É impossível jogar Samurai Riot e não fazer paralelos com a obra nipônica que, assim como o jogo, tem uma pegada da cultura hip-hop.
Essa pegada mais hip-hop, na trilha sonora, foi uma combinação perfeita. Batidas semelhantes às que vemos nas músicas de trap e rap, misturadas aos elementos da música folclórica do país do sol nascente, dão ao game francês mais imersão. Essa imersão também é favorecida por uma ótima escolha dos desenvolvedores de acrescentar diálogos aos inimigos e dá mais personalidade a eles, às causas que eles lutam e até mesmo à própria narrativa que se passa durante uma rebelião.
No decorrer da tal rebelião vem a segunda boa escolha dos desenvolvedores para com o jogo: um sistema de escolhas que pode mudar o rumo da história. Ela não muda de forma profunda, tampouco dá uma variedade tão maior assim, mas, segundo nossas escolhas, pequenas coisas podem ser desbloqueadas, chefes e itens, e isso culmina obviamente com mudanças no enredo, novos diálogos, e por aí vai.
Descendo a espada

Quem jogou títulos como Streets of Rage, Captain Commando e D&D Shadows of Mystara, vai ver logo de onde Samurai Riot tira suas inspirações para a jogabilidade. Ele não foge muito da ideia de ser um beat ‘em up simples: Temos aqui um ataque pesado, um ataque leve, barras de vida e de especiais que se enchem conforme a jogatina, itens que podemos usar, e tudo mais.
Podemos escolher entre dois personagens jogáveis: o samurai Tsurumaru, que é mais cadenciado, pesado possui um bloqueio mais poderoso e eficiente e golpes especiais ligados a sua classe; já com a shinobi Sukane, temos uma gameplay mais rápida, ágil, mas não podemos contar com tantos dano assim, nem com uma defesa tão poderosa. Algumas coisas mudam se alterarmos a build inicial quando iniciamos novos jogos e escolhemos a qual clãs eles pertencerão.

O jogo não roda de forma tão lisa assim e possui alguns travamentos chatos, todavia tem animações bem fluídas, e conta também com um ótimo estilo de arte que, apesar de não me agradar, continua sendo bonito e imersivo – principalmente nas paisagens. As qualidades técnicas infelizmente param por aí e, se compararmos o título da terra do croissant com Streets of Rage 4 e o tão falado Shredder’s Revenge, notamos que estes são bem superiores na parte mecânica, com sistema de colisão mais coeso e timing de golpes mais bem calculados, contudo isso não tira o mérito da produção independente.
“Vaut le coup?”, ou, se preferir, “Vale a pena?”
A França é um país já consolidado no mundo dos games com empresas enormes tais quais Ubisoft e Arkane, que são umas das favoritas da galera que tá sempre pipocando com ótimos jogos independentes, como: Dead Cells, Route 96 (cuja review você pode ler aqui no site) e Tinykin. Mas, infelizmente Samurai Riot não figura entre esses mais tops de linha. Ele é um jogo legal que tem uma arte agradável e uma trilha sonora incrível, mas falta comer ainda alguns “cordons bleus” com “foie gras” para se tornar um jogo ótimo. Não é nada que a Wako Factory não possa fazer nos próximos trabalhos, e só nos resta esperar os próximos passos dessa desenvolvedora que nos entregou um produto coeso, muito bonito e que pode divertir muito os amantes da porradaria e de boas trilhas sonoras.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong