Biomutant é um RPG de ação lançado originalmente em 2021, chegando agora para a nova geração de consoles com toda pompa visual e desempenho técnico melhorado.
Desenvolvimento: Experiment 101
Distribuição: THQ Nordic
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Rpg
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 12 horas (campanha)/44 horas (100%)
O que a humanidade deixou para trás

Biomutant se passa em um mundo destruído pelo ser humano, cujas ações de despejo de lixo tóxico na natureza fez com que o planeta desenvolvesse uma condição hostil à sua existência. A toxicidade levou diversas espécies animais a desenvolver mutações genéticas, criando assim uma nova fauna e raças distintas que agora habitam um cujos resquícios da civilização foram tomados pela natureza.
A história coloca o protagonista como último herói capaz de salvar a Árvore da Vida… ou destruí-la. Há outros objetivos encontrados durante a jornada, mas todos que envolvem tomada de decisão têm a ver apenas com escolher entre o que é obviamente Luz e, obviamente, Escuridão. Ainda nas primeiras horas, por exemplo, é preciso escolher uma entre duas tribos para ajudar: uma delas acredita na paz pela unificação dos povos e convivência harmônica; a outra acredita na subjugação e destruição dos mais fracos para que a paz seja alcançada. Não há nuances entre as motivações de cada tribo. É tudo muito direto aqui, e isso se estende para todos os momentos de escolha do jogo.
O Criador de Personagens, ao menos no que concerne ao aspecto visual do protagonista, não é muito agradável. Visualmente, os seres antropomórficos de Biomutant não possuem nenhum tipo de carisma. Particularmente, utilizar seres antropomórficos exige uma de duas coisas: carisma ou “fofurice”. Nenhuma está presente.
Para completar as críticas, é preciso dizer que a língua fictícia utilizada nos diálogos é terrível. Os personagens apenas produzem sons e balbuciam sonoridades quaisquer, enquanto um narrador traduz absolutamente tudo em terceira pessoa. Embora a narração seja competente, todos os personagens perdem a capacidade de demonstrar personalidade e, consequentemente, qualquer nível de carisma.
Combatendo os biomutantes

Biomutant conta com seis classes iniciais, embora seja possível escolher uma classe alternativa e outras habilidades após o início do jogo. Em geral, pouco se difere na jogabilidade entre as classes, com apenas algumas habilidades estando restritas a uma opção específica.
Derrotar inimigos, juntar pontos de experiência e subir de nível concede pontos de habilidade para o protagonista, o que pode fortalecer atributos básicos como Vida, Força, Inteligência e Energia Ki, bem como utilizar pontos adicionais para comprar novas habilidades de armas e classes, golpes especiais que consomem Energia Ki, e fortalecer suas resistências contra elementos como fogo, gelo, biológica e veneno.
Há uma grande variedade de armas disponíveis, tanto para combates corpo a corpo quanto para disparos de longa distância. Espadas de duas mãos, martelos, machados, facas, porretes, revólveres, metralhadoras e espingardas são algumas das opções disponíveis para se encarar os perigos de cada um dos sete biomas do mundo de Biomutant.

O que mais chama atenção para essa variedade é a customização e criação de armas. É possível criar e modificar cada uma delas, escolhendo cabo/base, o tipo de arma (corte e contundente) e complementos que conferem bônus específicos, como maior taxa de dano crítico e poder de perfuração de armaduras. É possível criar armas poderosas e visualmente malucas.
Os combates de Biomutant são pesados, com golpes causando impacto visível e satisfatório durante as batalhas. Entretanto, o mesmo não pode ser dito dos momentos de esquiva e defesa, cujas animações e execução parecem estranhas, robóticas e, por vezes, imprecisas. Esse é um pontinho negativo em um sistema de batalha competente e divertido.
Muito a descobrir

Biomutant está repleto de locais para explorar, com diversas missões secundárias para concluir, quebra-cabeças para solucionar e itens para saquear em caixas e depósitos. Parte do folclore do jogo é contado justamente por elementos do cenário, especialmente murais e quadros de aviso, que explicam as ações dos seres humanos que levaram o mundo a se tornar um lugar completamente diferente.
Algumas áreas são acessíveis somente com a resistência elemental necessária. Áreas verdes pedem resistência biológica, enquanto áreas vermelhas pedem resistência a chamas. Essas áreas são ricas em recursos, armas e peças de equipamentos defensivos, como camisas, jaquetas, calças, capacetes e mochilas, bem como trazem inimigos formidáveis para batalhas ferozes contra o protagonista.
Em algumas regiões, é preciso utilizar um robô mecânico de grande porte para navegar pelo terreno tóxico de forma segura. Mesmo que seja uma mudança bem-vinda na jogabilidade, essas seções rapidamente se mostram inferiores aos trechos “normais” do game, com o robô se mostrando lento, “travadão” e esquisito de controlar, especialmente em momentos de batalha.
Um jogo tipicamente “AA”
Biomutant é um produto curioso, que não possui o refinamento encontrado comumente em títulos classificados como “AAA”, mas que tem grande valor em diversos aspectos, especialmente na jogabilidade, sistema de criação de armas e equipamentos, combate e, principalmente, em seu visual extremamente rico em detalhes e cores. Infelizmente, a falta de carisma dos personagens e um sistema de escolhas excessivamente simples fazem com que a experiência com Biomutant seja apenas um bom passatempo.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong