Capa de Max Payne 3

Revisitando Max Payne 3 – Quando a Rockstar veio ao Brasil

Lançado originalmente em 2012, Max Payne 3 é um jogo de tiro em terceira pessoa que é algo que a Rockstar raramente faz: uma campanha linear. A desenvolvedora atingiu a excelência em um gênero diferente do usual ao entregar uma montanha-russa repleta de uma ação incrível e eletrizante numa localidade pouquíssima explorada pelos jogos: o Brasil.

Desenvolvimento: Rockstar Studios

Distribuição: Rockstar Games

Jogadores: 1 (local) e 1-16 (online) 

Gênero: Tiro, Ação

Classificação: 18 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS3, Xbox 360, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 10 horas (campanha)/33 horas (100%)

O pior segurança do mundo

Cena da campanha do jogo

Escrita por Dan Houser, Michael Unsworth e Rupert Humphries, a narrativa coloca Max Payne na cidade de São Paulo, onde ele trabalha como um agente de segurança para uma influente família da elite política paulistana. Sem sequer saber português, o protagonista se envolve em um mundo de pura bandidagem depois que uma de suas protegidas é sequestrada pela milícia paramilitar que controla a metrópole.

Paralelamente, o ex-policial luta contra seus próprios inimigos, enfrentando uma crise de alcoolismo e uma miséria emocional decorrente dos eventos dos títulos anteriores. Tudo isso se combina para criar uma trama dinâmica e surpreendentemente profunda, narrada pelo próprio Max.

Cena da campanha

Max Payne 3 apresenta uma história trilíngue, com cenas em português, espanhol e inglês. Só que as falas no idioma nacional não possuem tanto sentido e são prejudicadas por uma dublagem inconsistente. A direção de voz é ruim, e infelizmente falha em representar o dialeto paulistano com precisão. 

A versão ficcionalizada de São Paulo é completamente exagerada, refletindo em si a ironia típica das produções da Rockstar com um ótimo clima de neo-noir. O jogo sempre enfatiza que Max é um falso herói americano e meramente um gringo perdido numa terra estranha, tentando contextualizar os motivos dele ter parado no Brasil. Porém, os flashbacks prejudicam o ritmo da narrativa e quebram a ação frenética que acontece nas ruas paulistanas.

Brasil-sil-sil

Favela do jogo

Todo cuidado que a Rockstar costuma colocar na ambientação de seus mundos marca presença em Max Payne 3, com a mesma paródia de sempre. O título passa longe de ser um retrato realista de São Paulo, já que os responsáveis optaram pela inclusão de elementos que representam o Brasil sob uma ótica gringa, como favelas, estádios de futebol, boates e florestas. Até a televisão brasileira foi satirizada pelo jogo, que surpreende com seu bom humor, apesar de sua temática.

Max Payne 3 tem uma trilha sonora sensacional, composta pela banda HEALTH, que conseguiu dar um tom único para a ação desenfreada com faixas que combinam ritmos nacionais com traços do eletrônico. O jogo tem músicas originais compostas pelo rapper Emicida, além de canções do produtor Edu K em colaboração com a funkeira Deize Tigrona. O lado sonoro dá um ar singular para esse raro mundo linear da Rockstar, que tem fases bem projetadas e um dinamismo pouco visto nos produtos da empresa. 

Tiroteio em câmera lenta

Bullet Time

Assim como seus antecessores, Max Payne 3 possui o bullet time como seu grande diferencial. A câmera lenta popularizada por Matrix nos anos 2000 dá uma identidade espetacular para os confrontos, que são simples, mas bem feitos. As cenas em que Max se joga ou cai são sensacionais, já que elas são regadas a uma ação absurda com momentos convenientes para a câmera lenta, que é muito legal de assistir. 

O título impressiona em relação até aos próprios jogos da Rockstar graças a fluidez nas mecânicas, que supera qualquer outro shooter do gênero. Os sistemas brilham ainda mais por meio do modo multijogador, que complementa a campanha single player com os tradicionais modos de combate em rede. Entretanto, as mecânicas possuem uma mira lenta que é péssima de ser ajustada no controle, tornando o mouse e o teclado as ferramentas ideais para curtir o título. 

Visuais bons, port ruim

Gameplay do jogo

Max Payne 3 tem ótimos visuais e uma cinematografia que se equipara a um filme de ação, além de uma direção de arte que mescla o fotorrealismo com designs estilizados. Porém, além de não suportar salvamentos em nuvem, a versão para computadores sofre com problemas técnicos que impedem que o jogo tenha envelhecido perfeitamente. Mesmo em um SSD, existem diversos bugs no carregamento de alguns elementos dos cenários que prejudicam a apresentação da narrativa, que tem alguns mapas frustrantes dado a pouca clareza de determinados objetivos. 

Devido às limitações das plataformas para as quais Max Payne 3 foi projetado, todas as cutscenes que envolvem lugares diferentes são pré-renderizadas em uma resolução baixa, com serrilhados e uma taxa de quadros abaixo do ideal. Esses vídeos contrastam com as cenas em tempo real, executadas em uma fidelidade impressionante, com uma frame rate alta e suporte ao ultrawide. 

As texturas dos mapas estão em uma qualidade ruim, o que é uma pena por conta dos pequenos detalhes da ambientação que ficaram sem uma boa nitidez. Max Payne 3 certamente merece ganhar uma remasterização para atualizar todo o lado técnico e modernizar os gráficos para os padrões atuais, deixando essa parte à altura da excelente narrativa.  

Sensacional

A representação brasileira da Rockstar não é perfeita e comete erros crassos, principalmente nos diálogos em português, já que o título não contou com um roteirista nacional entre os três escritores principais. Contudo, isso não impede que o jogo seja sensacional, já que sua trama, ambientação e jogabilidade são igualmente incríveis. 

A Rockstar como um todo diminuiu seu ritmo nesses últimos anos, já que atualmente todos os estúdios da empresa se dedicam à produção de um título por vez. Max Payne 3 nunca ganhou uma sequência, mas o que vem por aí é interessante, já que a Rockstar e a Remedy anunciaram o desenvolvimento do remake dos dois primeiros games da franquia. Mesmo que escorado na nostalgia, o futuro da franquia é promissor, dado a qualidade ímpar dessa dupla. 

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Ailton Bueno

Max Payne 3

9.5

Nota Final

9.5/10

Prós

  • Ambientação sensacional
  • Jogabilidade incrível
  • Boa história

Contras

  • Bugs na versão de PC
  • Mira lenta no controle
  • Ritmo da trama se arrasta às vezes