Overthrown é um jogo indie de construção de cidades que ainda se encontra em acesso antecipado. E isso fica evidente desde os primeiros minutos de gameplay, já que as mecânicas oferecidas ainda são bastante limitadas e incompletas. Apesar de apresentar um conceito promissor e uma proposta interessante para fãs do gênero, o jogo sofre com a falta de polimento e algumas decisões frustrantes, especialmente na versão para consoles.
Desenvolvimento: Maximum Entertainment
Distribuição: Brimstone Games
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, Aventura, Simulação
Classificação: 10 anos (violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox Series X|S, PC
Duração: Sem Registros
Uma proposta de city builder aconchegante
Em Overthrown, você assume o papel de uma rainha – sem a opção de mudar o gênero da personagem – e sua missão é construir uma cidade do zero. Como em qualquer jogo do gênero, é necessário estabelecer edifícios onde os cidadãos possam trabalhar e, assim, coletar e produzir recursos essenciais para a expansão da vila.
Com o tempo, novos moradores vão se estabelecendo na cidade, desde que você consiga manter a felicidade da população em um nível aceitável e ofereça boas condições de moradia. Além disso, é essencial ficar de olho nos números de estoque de materiais como madeira, combustível e outras matérias-primas. No entanto, aqui já surge um problema: o menu que exibe essas informações fecha automaticamente sempre que você interage com outra parte do jogo, o que obriga o jogador a reabri-lo repetidamente, tornando a experiência desnecessariamente cansativa.
Ao pressionar o botão de menu no controle do Xbox, por exemplo, você acessa a interface de gerenciamento populacional. Esse menu permite controlar a tributação da cidade, definir quanto dinheiro será investido na manutenção dos mosqueteiros (que atuam como forças de segurança) e conferir o nível geral de satisfação dos cidadãos. Há também uma aba para pesquisas, onde você pode desbloquear novas categorias de edifícios e melhorias para a cidade.
No entanto, há outro problema evidente: a interface do jogo não é intuitiva e, muitas vezes, você não recebe informações suficientes sobre como resolver determinadas situações. Por exemplo, constantemente aparecem mensagens indicando que cidadãos estão insatisfeitos ou sem emprego, mas não há nenhuma orientação clara sobre como solucionar essas questões. Isso resulta em um acúmulo de notificações que se tornam frustrantes ao longo da jogatina.
Combate, multiplayer e progressão limitada
De tempos em tempos, bandidos invadem sua cidade, forçando você a assumir um papel mais ativo na defesa dos cidadãos. Para evitar esses ataques constantes, é possível explorar o mapa e localizar acampamentos inimigos para destruí-los antes que eles avancem contra sua vila. Essa mecânica traz um pouco de ação ao jogo, mas pode se tornar repetitiva devido à falta de variedade nos encontros e na estratégia de combate.
O jogo permite que até quatro jogadores se unam em um modo cooperativo, onde um pode se concentrar na construção de muralhas e defesas, enquanto os outros lidam com os invasores. No entanto, há uma grande limitação no multiplayer: apenas o jogador que hospeda a sessão pode salvar o progresso. Isso significa que os outros participantes não podem transferir nada do que fizeram para suas próprias contas ou consoles, tornando sua participação apenas um suporte para o anfitrião. Essa decisão de design prejudica o senso de progresso no jogo e pode fazer com que seus amigos sintam que estão jogando apenas para ajudar você, sem obter nenhuma recompensa própria.
Bugs, glitches e uma versão inferior para consoles
Por estar em acesso antecipado, Overthrown ainda sofre com uma grande quantidade de bugs e falhas gráficas. Um dos problemas mais frequentes envolve objetos do cenário, como árvores e recursos colecionáveis, que às vezes ficam completamente pintados de magenta sem motivo aparente, criando efeitos visuais estranhos e pouco agradáveis.
Além disso, há uma série de falhas que prejudicam a experiência, como cidadãos que inexplicavelmente ficam insatisfeitos e abandonam seus empregos sem motivo aparente. O maior problema é que o jogo não fornece nenhuma explicação ou solução para resolver essas questões, tornando-se frustrante lidar com uma cidade cheia de moradores insatisfeitos sem saber exatamente o que está dando errado.
Ao pesquisar na comunidade do jogo no Steam, descobri que várias funcionalidades presentes na versão para PC simplesmente não existem na versão de console. Isso faz com que Overthrown pareça um jogo incompleto fora dos computadores. Tentei conectar um teclado e um mouse ao console para ver se conseguia interagir com certas mensagens ou verificar o alcance de alguns edifícios, mas o suporte para esses periféricos é extremamente limitado, o que confirma que a versão de PC é muito mais robusta e funcional.
Um jogo com potencial, mas que precisa de mais atenção
No fim das contas, Overthrown tem uma base sólida e um conceito interessante, mas seu estado atual em acesso antecipado deixa muito a desejar. A ideia de construir uma cidade enquanto gerencia seus cidadãos e enfrenta ameaças externas é promissora, mas a execução ainda é bastante falha devido à falta de polimento, informações confusas e uma interface pouco intuitiva.
Além disso, a versão para consoles é consideravelmente inferior à de PC, com várias funcionalidades ausentes e um suporte deficiente para controles alternativos. O modo multiplayer, que poderia ser um dos grandes atrativos do jogo, acaba sendo prejudicado pelo fato de que apenas o anfitrião pode salvar o progresso, tornando a experiência menos satisfatória para os demais jogadores.
Minha esposa e eu conseguimos nos divertir bastante com o jogo por um tempo, mas a falta de conteúdo e os problemas de interface fizeram com que a experiência se tornasse repetitiva e frustrante rapidamente. O jogo tem um grande potencial e pode se tornar um excelente city builder no futuro, desde que receba atualizações constantes e a devida atenção dos desenvolvedores. Por enquanto, no entanto, é um título que ainda precisa amadurecer antes de realmente valer a pena para jogadores que buscam uma experiência mais completa e satisfatória.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores