Lançado originalmente no Wii U em 2012 e posteriormente relançado para o Nintendo Switch em 2019, New Super Mario Bros. U Deluxe é um dos títulos que dividem opiniões entre os fãs da franquia. Muitos o consideram um jogo “cru”, sem personalidade, repetitivo e com mecânicas problemáticas — e após jogarmos, podemos dizer que esses pontos têm algum fundamento. Como é revisitar esse game mais de 10 anos depois do lançamento original?
Desenvolvimento: Nintendo
Distribuição: Natsume
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Plataforma, Aventura
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 9 horas (campanha)/28 horas (100%)
Jogabilidade cooperativa, caos garantido

Talvez o maior problema e ponto forte de New Super Mario Bros. U Deluxe seja seu co-op para até quatro pessoas, mas com física “cooperativa”. Jogar em dupla (ou com três, quatro jogadores) transforma a experiência em algo caótico, apesar de divertido.
A física de colisão entre os personagens é extremamente rigorosa: um jogador pula na cabeça do outro sem querer, esbarra, fora que podemos carregar involuntariamente o parceiro e compromete saltos cruciais.
É um game que, surpreendentemente, aplica com perfeição a regra de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, mas no mau sentido. Isso acaba tornando a jogabilidade em grupo algo frustrante, especialmente em momentos mais exigentes. Tendo jogado em 4 pessoas no passado, posso garantir que é bastante complicado se todos não forem experts no game.
Power-ups que não impactam tanto

Embora o título introduza novos power-ups inovadores pra época, como a roupa de esquilo (que permite planar e subir no ar por um curto período), eles não são essenciais para o progresso. A maioria dos power-ups facilita a jornada, mas nenhuma fase realmente exige que você os use para completar objetivos. Isso diminui a sensação de conquista e variedade.
A roupa de esquilo, novamente, claramente inspirada na capa do Super Mario World, até adiciona controle aéreo, mas não é aproveitada ao máximo dentro do level design. O mesmo serve para o poder de gelo que congena inimigos e objetos. Outros elementos, como o Yoshi e seu filhote (que ilumina fases escuras), são criativos, mas também subutilizados e acabam aparecendo pouco.
Diversão em fases, mas repetição cansa

No começo, o tudo é bem divertido. As fases têm um ritmo legal, as mecânicas respondem bem, e a familiaridade do universo Mario cativa. Contudo, o game é longo pelo que oferece — cerca de 8 a 10 horas —, e muitas fases começam a se parecer demais entre si.
Jogando de forma contínua por uma semana, sentimos o desgaste rapidamente. Os mundos se repetem visualmente e estruturalmente, e a variedade de desafios não é suficiente para manter o interesse sempre alto.

Além disso, é apresentado um mundo extra com fases secretas que exigem que você tenha coletado estrelas nas fases anteriores. Ao chegarmos nesse ponto, percebemos que não tínhamos estrelas suficientes e fomos desencorajados a voltar para refazer tudo.
Existem algumas mecânicas que também não funcionam tão bem, como o sensor de movimento para controlar plataformas, o que não oferece a opção de controlar no próprio controle se movimentá-lo pros lados. Isso me lembra a época do Wii em que todos os jogos tinham sensores obrigatórios e bem irrantes.
Chefes fáceis e modo história com poucos riscos

Os chefes são um ponto fraco: todos seguem a velha fórmula de pular três vezes na cabeça e vencer. Apenas o chefe final oferece alguma variação e desafio maior, com mecânicas únicas e tamanho diferenciado. Jogar em dois torna essa luta ainda mais difícil, já que um tende a atrapalhar o outro nas plataformas.
NSMB U Deluxe oferece diversos personagens: Mario, Luigi, Toad (amarelo), Toadette (que se transforma na Peachette) e o Nabbit, um coelho ladrão que não morre. Embora pareça uma ótima opção para crianças, Nabbit não coleta power-ups, o que o torna desinteressante para quem quer sentir evolução ou variedade.

Mesmo sem morrer, controlar ele pode frustrar. Afinal, enquanto os outros personagens se transformam, usam power-ups e têm visuais diferentes, ele apenas atravessa a fase de forma sem graça, se mostrando uma verdadeiro café-com-leite da turma. Ao menos crianças pequenas não precisam jogar com o controle desconectado.
Câmera e extras

Curiosamente, New Super Mario Bros. U Deluxe se sai melhor do que Super Mario Wonder, um jogo bem mais recente, no quesito câmera. Enquanto Wonder foca apenas no jogador com a coroa, este aqui amplia a visão para manter todos os players visíveis, o que ajuda muito durante a jogatina cooperativa. Parece algo óbvio, mas não sei por que a Nintendo abandonou tal coisa ao longo dos anos.
Há também o DLC do Luigi incluso no pacote, que traz fases mais curtas com maior dificuldade, mas utiliza o mesmo estilo visual e estrutura do game principal — o que significa mais repetição. Senti falta de algo mais pensado para o personagem Luigi e menos “copia e cola” de Mario U.
No mais, existem modos extras que te fazem buscar moedas e tentar desviar de obstáculos, além de permitirem jogar com seu Mii (personagem Nintendo) criado no console. Isso dá uma longevidade pro game, tenho que admitir, mas não é nada que vai te prender por tanto tempo.
É um Mario já feito
New Super Mario Bros. U Deluxe é um produto visualmente bonito, com ótima performance e aquele toque clássico de Mario. No entanto, peca por ser repetitivo e fruto de sua época, além de não exigir criatividade com power-ups e por sua física cooperativa ser bem mais frustrante do que divertida. É um bom título para quem quer ter uma experiência Mario em multiplayer local, mas longe de ser essencial. Jogue com calma, sem pressa de terminar, e talvez ele renda bons momentos. Mas se você busca inovação e variedade, Mario Wonder ainda é bem mais cativante, apesar de sua terrível câmera.
Cópia de Switch cedida pela Nuuvem