Funko Fusion reúne dezenas de franquias icônicas em um único jogo de ação e aventura que mistura combate, puzzles e humor. A proposta é simples: colocar personagens de diferentes universos — de Jurassic World a Scott Pilgrim — lado a lado em missões cheias de referências e colecionáveis. A ambientação é caprichada, com visuais que capturam fielmente o espírito das obras originais e momentos que fazem o jogador sorrir de reconhecimento. No entanto, por trás do brilho dos bonecos cabeçudos e do fan service nostálgico, o jogo acaba tropeçando em repetições, excesso de coleta e algumas escolhas de design que testam a paciência.
Desenvolvimento: 10:10 Games
Distribuição: 10:10 Games
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 10 anos (Violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox Series X|S, PS4, PS5, Switch
Duração: 14 horas (campanha)/47 horas (100%)
Gráficos e fidelidade que impressionam

Visualmente, Funko Fusion é surpreendentemente competente. As texturas, iluminação e animações mantêm o estilo caricato dos Funkos, mas sem deixar de respeitar o tom e o cenário de cada universo. O exemplo mais evidente é o mundo de Scott Pilgrim, que transporta o jogador direto para o clima dos quadrinhos, com cores vibrantes e recriações de cenas icônicas. Além disso, é possível desbloquear personagens secundários e ajudantes, o que amplia o leque de estilos e habilidades disponíveis.
Essa fidelidade estética, aliada ao bom trabalho sonoro e às cutscenes cheias de personalidade, mostra que houve cuidado em tratar cada franquia com respeito. É o tipo de detalhe que conquista o fã logo nos primeiros minutos e dá vontade de explorar cada canto só para ver o que vem a seguir.
Jogabilidade divertida, mas com limitações frustrantes

O gameplay mistura combate e resolução de enigmas de forma competente, embora sem grandes surpresas. Cada personagem traz armas e habilidades próprias, o que ajuda a variar o ritmo e permite experimentar diferentes estratégias. Resolver puzzles, abrir passagens secretas e eliminar inimigos em sequência é satisfatório, principalmente quando o jogo não tenta te segurar.
Infelizmente, algumas decisões mecânicas quebram esse ritmo. Ao usar um item que concede algum tipo de buff, o jogador precisa mantê-lo no inventário até o efeito acabar — se o item for trocado ou descartado, o bônus desaparece imediatamente. Isso incentiva uma gestão desnecessariamente irritante do inventário, que poderia ser mais fluida.
Outro ponto questionável é a movimentação ao carregar objetos. Sempre que você pega algo, seu personagem fica drasticamente mais lento, o que parece uma tentativa artificial de aumentar a duração das missões. Essa limitação simplesmente não combina com o tom leve e dinâmico que o jogo tenta sustentar.
Estrutura repetitiva e colecionáveis em excesso

Apesar da variedade temática dos mundos, a estrutura das fases é praticamente a mesma. Em Jurassic World, você recarrega baterias para abrir caminhos; em Scott Pilgrim, usa amplificadores para liberar passagens bloqueadas. Mas, no fundo, a lógica é sempre idêntica — colete, leve, ative, repita. Essa previsibilidade dilui o impacto da ambientação e torna as missões menos envolventes com o tempo.
Os colecionáveis também sofrem do mesmo problema dos antigos jogos LEGO: são tantos que perdem o sentido. Quebrar tudo ao redor se torna automático, e a sensação de descoberta desaparece. Quando tudo pode ser destruído e coletado, nada realmente se destaca. O excesso de estímulos visuais e recompensas superficiais acaba atrapalhando o foco na missão principal, e o jogo vira uma colcha de distrações.
Combate e frustração com inimigos

Um dos aspectos mais irritantes de Funko Fusion é a quantidade absurda de inimigos que surgem o tempo todo. Mal se pisa em uma nova área e já vem uma onda de ataques de todos os lados. Essa insistência em forçar combate constante tira o prazer da exploração e faz parecer que o jogo não confia na própria variedade de atividades. Em vez de gerar tensão, as lutas se tornam ruído — uma barreira entre você e o que realmente quer fazer.
Funko Fusion até oferece multiplayer cooperativo, mas apenas online. A ausência de modo local é um desperdício, especialmente para um jogo que claramente se inspira em títulos pensados para jogar lado a lado, como os da série LEGO. O resultado é uma experiência que parece ter sido feita para ser compartilhada, mas que limita como você pode fazer isso.
Um universo divertido, mas que falta polimento
Funko Fusion acerta na nostalgia, no visual e no humor, entregando um playground cheio de referências que qualquer fã de cultura pop vai reconhecer de imediato. Mas a diversão esbarra em problemas estruturais e repetitivos que impedem o jogo de atingir seu verdadeiro potencial. Há momentos em que ele brilha — especialmente quando você descobre uma nova habilidade ou revive uma cena clássica —, mas o encanto se desfaz diante das limitações mecânicas e da falta de ritmo.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores




