Flesh Made Fear é um jogo indie feito por um único desenvolvedor no estilo do primeiríssimo Resident Evil, de 1996. Com uma estética fortemente inspirada no visual típico de um game de PlayStation 1, o título proporciona uma experiência interessante, embora seja excessivamente derivativa em alguns aspectos.
Desenvolvimento: Tainted Pact
Distribuição: Assemble Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 16 anos (Violência Extrema, Linguagem imprópria, Nudez)
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: Sem registrosJá vi esse filme antes

Na aventura situada em 1992, é preciso entrar na pele de agentes que trabalham na Reaper Intervention Platoon (R.I.P.) e que tem a missão de eliminar Victor “The Dripper” Ripper, um ex-funcionário da CIA que transformou uma pequena cidade em um lugar repleto de monstros. É necessário explorar esse mapa e a mistura de mansão com laboratório operada por ele.
Mansão com laboratório… será essa uma coincidência? Em Flesh Made Fear, podemos escolher entre controlar Jack “Bones” Richards, um especialista em armas, ou Natalie “Nix” Lewis, uma médica. Os protagonistas, visualmente, remetem bastante a Resident Evil de um jeito óbvio demais, visto que há até a mesma distinção de atributos por gênero do clássico da Capcom – Jack tem mais pontos de vida, mas menos espaços no inventário, enquanto Natalie tem mais espaços para armazenar itens e menos pontos de vida. Além disso, cada protagonista conta com fases exclusivas em suas respectivas campanhas, e eles possuem skins alternativas denominadas “1998” que deixam essa inspiração ainda mais óbvia para qualquer um que tenha familiaridade com RE – a R.I.P. também é apenas uma versão legalmente distinta da S.T.A.R.S. (Special Tactics and Rescue Service), já que a finalidade de ambos esquadrões é a mesma.

Se inspirar em um dos melhores e mais importantes jogos de todos os tempos não é (e nunca será) um problema, mas o nível de referências tomadas pelo título impede Flesh Made Fear de ser uma experiência com identidade própria – o que é uma pena, pois o potencial do restante do conjunto da obra é enorme. Apesar de apresentar uma qualidade sonora inconsistente, com uma dublagem feita por streamers e influenciadores da anglosfera, o tom da narrativa propositalmente semelhante ao de filmes B antigos combina bem com a proposta e faz com que o jogo seja divertido.
Câmera com ângulos fixos e distantes

Flesh Made Fear apresenta uma boa qualidade visual, com gráficos em baixa definição que lembram a geração do primeiro PlayStation, mas de forma limpa, sem os polígonos trêmulos que prejudicavam a aparência de muitos jogos em 3D do console. O título adota um sistema de controle em estilo tanque, complementado por uma câmera de ângulos fixos – que, por sua vez, conta com iluminação ruim, extremamente escura e, ao mesmo tempo, realçando detalhes do cenário que não deveriam ser visíveis ao jogador. Muitos ambientes também são exibidos de um ponto de vista distante, o que dificulta enxergar certos itens e objetos espalhados pelo mapa.
Flesh Made Fear oferece duas dificuldades distintas: o modo normal, recomendado para quem busca uma experiência mais tranquila e casual, com maior quantidade de itens, mira a laser nas armas e recarregamento automático de munição; e o modo hardcore, que reduz o número de munições, remove itens que restauram completamente a vida do personagem e elimina qualquer tipo de destaque visual para objetos nos cenários.

Acima de tudo, porém, Flesh Made Fear é centrado na exploração dos ambientes e na resolução de quebra-cabeças que permitem o avanço da campanha, ao mesmo tempo em que é vital evitar confrontos ao máximo e economizar munição para os momentos da trama que realmente importam. É a fórmula clássica do terror de sobrevivência, executada com competência e sucesso, ainda que o jogo pareça demais com obras já existentes.
Dá pra se divertir
Flesh Made Fear é um jogo legal e competente em muito do que tenta fazer, mas não é tão bom quanto poderia ser por conta de sua falta geral de originalidade e de um design de fases maçante. Ainda assim, é um feito impressionante, considerando que boa parte do conteúdo do título foi projetada por somente um único desenvolvedor, sendo uma opção até legal para quem gosta de um survival horror em uma de suas formas mais rudimentares possíveis.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno




