Em Drill Core, os jogadores assumem o controle de uma plataforma de mineração em um planeta hostil, com a missão de extrair o máximo de recursos possível antes de serem dominados por hordas de alienígenas sedentos por destruição. Misturando elementos de gerenciamento de base, defesa de torre e a natureza punitiva dos roguelites, o jogo da Hungry Couch Games oferece uma experiência estratégica profunda, em que cada segundo do dia conta na preparação para a noite que se aproxima. Prepare suas brocas e torretas; a sobrevivência depende do seu planejamento e da sua capacidade de adaptação em meio ao caos interplanetário.
Desenvolvimento: Hungry Couch Games
Distribuição: tinyBuild
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia
Classificação: 10 anos (violência)
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC, Switch
Duração: 18 horas (campanha)
Viva a mineração
Drill Core combina, de forma singular, elementos de roguelike, jogos de mineração e defesa de torre. Em um cenário futurista e sombrio, o jogador gerencia uma plataforma de perfuração para uma corporação cujo foco reside na extração de materiais valiosos visando o lucro. Paralelamente a essa busca, a empresa alega priorizar a “salvaguarda do futuro” – uma justificativa, no mínimo, ambígua. Durante o período diurno, a operação se aprofunda em direção ao núcleo do planeta, na expectativa de que a preparação seja suficiente para repelir as monstruosas hordas de insetos que emergem sob o céu noturno.
Os estágios, ou contratos, são categorizados por níveis de dificuldade, variando de 1 a 10, e podem ocorrer em um dos três biomas disponíveis: Cavernoso, Glacial e Selva. Ao longo da jogatina, me concentrei predominantemente na variante Cavernosa, embora tenha abordado alguns contratos nos outros dois ambientes. Com base nessa experiência, foi possível concluir que cada bioma introduz desafios únicos que demandam adaptação estratégica; entretanto, a alternância entre eles assemelhou-se mais a uma pequena verificação de conhecimento prévio do que à apresentação de experiências substancialmente novas ou inovadoras.
Antes de iniciar um contrato, o jogador recebe acesso a uma plataforma de escavação equipada com um núcleo de energia central, três tipos de edifícios iniciais e duas torres básicas. Os edifícios consistem em: quartéis, que permitem a contratação de trabalhadores (especializados como mineiros, transportadores e guardas); fábricas, responsáveis pela produção de materiais de construção essenciais; e laboratórios, que possibilitam o desbloqueio de aprimoramentos para a equipe durante a partida.
À medida que se progride no jogo, é possível desbloquear duas plataformas adicionais, cada uma introduzindo conjuntos distintos de edifícios e tipos de trabalhadores, como a plataforma dos Anões que utiliza explosivos. Optei por manter a plataforma inicial para dominar os fundamentos da jogabilidade antes de explorar as variações mais complexas que o título oferece.
Simples, mas funcional
Quando a noite cai, ondas de insetos convergem para atacar a plataforma. Durante as noites iniciais, essas ameaças podem ser facilmente contidas pelas torres básicas disponíveis. No entanto, à medida que o ciclo noturno avança, especialmente em níveis de dificuldade mais elevados, os inimigos podem rapidamente romper as defesas e destruir o núcleo de energia, resultando no término prematuro da partida.
A fase noturna geralmente exige menos microgerenciamento em função de sua brevidade e das opções de interação limitadas. É possível pausar a ação para preparar o disparo perfeito de um lançador de foguetes ou construir um escudo de última hora para proteger o núcleo; contudo, grande parte da eficácia da defesa depende fundamentalmente da organização estratégica das diversas torres. Existem variados tipos de inimigos, com diferentes níveis de saúde, velocidade e habilidades singulares, como atirar teias para desacelerar as torres. Inimigos de porte extra grande surgem em ciclos noturnos posteriores e podem exigir ajustes táticos na configuração ofensiva para contra-atacar eficazmente.
A apresentação geral de Drill Core se mostra um pouco desorganizada. Embora a premissa do jogo seja satisfatória, os objetivos e os riscos (as “apostas”) não são claramente definidos ou comunicados ao jogador. Além disso, o título carece de originalidade e coesão em seu design de arte. Individualmente, os personagens são animados com detalhes suficientes e os efeitos visuais transmitem adequadamente as ações que ocorrem em tela. Contudo, as introduções, os menus e os visuais gerais do jogo não conseguem estabelecer um estilo consistente ou de destaque. Por fim, a trilha sonora é adequada, mas tende a ficar em segundo plano – uma maior variedade de faixas poderia contribuir para aliviar a potencial monotonia auditiva.
Drill Core tem uma jogabilidade que oferece novidades suficientes, especialmente para jogadores que, assim como eu, não tiveram exposição excessiva aos gêneros que ele mistura. Para o bem ou para o mal, o título apresenta picos de dificuldade acentuados. Me encontrei em um impasse no oitavo nível de dificuldade, devido ao desafio crescente e ao cansaço acumulado.
Uma opção viável para passar o tempo
Minha experiência poderia ter sido menos desgastante se Drill Core tivesse priorizado uma melhor integração das mecânicas e fornecido mais orientação instrucional, em vez de depender tanto da metodologia de tentativa e erro repetitiva. Felizmente, acabei encontrando meu ritmo e a maior parte da minha jornada de jogo foi satisfatória. A Hungry Couch Games demonstrou, com Drill Core, que possui a capacidade de criar um jogo sólido e estarei atento aos seus projetos futuros.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro
Drill Core
Prós
- Diversão
- Fator replay
- Gameplay
Contras
- Missões bobas
