Little Nightmares III capa

Review Little Nightmares III (Xbox Series S) – Divertido, mas com péssimas decisões

Little Nightmares 3 marca a estreia da franquia no terreno do cooperativo, prometendo uma experiência ainda mais envolvente e interativa. A ambientação sombria e o estilo artístico continuam impecáveis, preservando aquele equilíbrio entre o assustador e o encantador que tornou a série única. Ao explorar esse novo capítulo, fica claro que o terror psicológico e o design de mundo continuam a ser os principais trunfos — mas algumas escolhas de design impedem o game de atingir todo o seu potencial.

Desenvolvimento: Supermassive Games
Distribuição: Bandai Namco Entertainment
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Plataforma, Puzzle, Terror
Classificação: 14 anos (Medo, Violência)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Switch, Switch 2
Duração: 10 horas (campanha)

O terror continua elegante

Aventura continua atmosférica, com tom fofo e horripilante
Aventura continua atmosférica, com tom fofo e horripilante

Visualmente, o jogo é um espetáculo. O clima de tensão é construído com maestria através da iluminação, do som ambiente e da movimentação quase teatral dos personagens. Little Nightmares sempre foi mestre em causar desconforto sem recorrer a sustos baratos, e este terceiro capítulo mantém a tradição com excelência. Há uma sutileza constante no horror, uma sensação de que algo terrível está sempre à espreita, mesmo quando nada acontece e só existe o silêncio.

Outro destaque é a jogabilidade cooperativa, que finalmente permite compartilhar a experiência com um amigo. Resolver enigmas em dupla é gratificante, especialmente porque o design dos puzzles continua sendo o coração da série. A introdução de novos equipamentos, como o guarda-chuva e outras ferramentas específicas de cada personagem, adiciona uma dose saudável de variedade às interações. A cooperação se torna essencial, e há uma fluidez genuína no modo como os dois protagonistas dependem um do outro para superar os desafios.

O labirinto continua em linha reta

Little Nightmares é o único Walking Simulator que aturo, mas podia variar mais
Little Nightmares é o único Walking Simulator que aturo, mas podia variar mais

Apesar de tantos acertos, o Little Nightmares III ainda tropeça na linearidade excessiva da franquia. Desde o primeiro Little Nightmares, o progresso é quase sempre em linha reta e aqui a fórmula se repete. Seria ótimo ver caminhos alternativos, desfechos diferentes ou mesmo pequenas variações na jornada que recompensassem a curiosidade. Tudo é visualmente cativante, mas a previsibilidade do trajeto reduz o impacto da exploração.

Outro ponto incômodo é o sistema de mira, especialmente nas partes que envolvem o arco e flecha. A precisão é falha, e as mortes causadas por falhas de controle frustram mais do que assustam. Mesmo quem domina a jogabilidade sente que a falta de assistência na mira transforma algumas seções em pura sorte. E, para quem não é fã de mecânicas furtivas, o game ainda insiste demais em forçar o stealth, o que pode cansar em certos trechos.

Cooperar… mas só à distância

Dessa vez, o jogo é em dupla e precisamos um do outro para resolver os puzzles, mas o co-op é limitado ao online
Dessa vez, o jogo é em dupla e precisamos um do outro para resolver os puzzles, mas o co-op é limitado ao online

A maior decepção, no entanto, está na execução do modo cooperativo. A ideia de jogar em dupla é ótima, mas a limitação às partidas online — sem qualquer opção de tela dividida — é um balde de água fria. Pior ainda, não há suporte a crossplay, mesmo quase um mês depois do lançamento.

Jogadores de Xbox e de PC, que geralmente compartilham ecossistemas, não conseguem se conectar, o que torna a experiência cooperativa muito mais restrita do que deveria ser. Em um título que gira em torno do companheirismo como a maior novidade, essa decisão de design soa especialmente contraditória.

Um bom passo adiante, mas ainda preso às sombras

Little Nightmares 3 é um avanço importante para a franquia, trazendo cooperação e novos elementos que enriquecem o gameplay. A atmosfera continua impecável, os puzzles seguem criativos e o terror mantém sua elegância característica. Mas a falta de inovação estrutural, os problemas de mira e as restrições bobas no modo cooperativo impedem o terceiro título da série de alcançar a genialidade que parece sempre estar ao alcance. Ainda assim, é um pesadelo que vale a pena compartilhar — mesmo que só online.

Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores

Little Nightmares III

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Atmosfera continua excelente
  • Puzzles em cooperação
  • Cada personagem tem sua função

Contras

  • Se apoia demais na linearidade
  • Cooperativo restrito ao online
  • Sem crossplay e nem anúncio disso