No Rest for the Wicked é um RPG de ação em acesso antecipado que combina a visão isométrica de Diablo com as mecânicas de combate da série Dark Souls. Criado pela Moon Studios, da franquia Ori, o jogo oferece uma experiência até interessante, embora prejudicada por várias decisões questionáveis, além da falta de todo o refinamento característico das produções do estúdio.
Desenvolvimento: Moon Studios GmbH
Distribuição: Private Division
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC
Duração: 20 horas (campanha)
Tudo que há de pior nos soulslikes
Ainda incompleta, a história se passa no ano de 841, quando a Pestilência, uma praga maligna, retorna após mil anos, se espalhando pelo território de uma ilha, corrompendo e transformando uma população inteira em monstros. É preciso assumir o papel de um personagem que integra um grupo de guerreiros encarregados de lutar contra essas ameaças e purificar a região novamente.
Com a mesma câmera de um Diablo, a jogabilidade apresentada segue mais para o estilo dos soulslikes, com mapas repletos de inimigos que atacam com padrões de golpes, sempre capazes de retirar uma quantidade alta da vida do protagonista. Em parte, essa combinação funciona, mas No Rest for The Wicked seria um RPG melhor se não tivesse uma gameplay excessivamente limitada.
O título essencialmente pune seus jogadores por não jogarem exatamente da maneira em que os desenvolvedores desejam através das diversas mecânicas de estamina e durabilidade, que exigem que todos os confrontos sejam resolvidos com abordagens metódicas. Entretanto, esse ciclo de gameplay não chega a ser divertido, nem depois de aprimorar as capacidades do personagem – algo que demanda bastante tempo de jogatina, pois a progressão é tão lenta a ponto de nem a eliminação de um chefe distribuir XP suficiente para subir de nível. Pelo menos, dá para criar builds diferentes com runas e customizar o leque de ataques possíveis.
Essas ideias punitivas não se limitam apenas à jogabilidade propriamente dita. No Rest for the Wicked não tem uma função de pausa, apesar de ser uma experiência single player. Não há nem um sistema de salvamento conveniente, visto que o progresso só é realmente gravado em áreas específicas do mapa, para onde o jogador volta após morrer – e com itens mais fracos, já que absolutamente tudo tem que ser punitivo no jogo.
Um mapa enorme, mas com problemas
No Rest for the Wicked é situado em uma ilha enorme, que precisa ser explorada em busca de recursos para a sobrevivência nas caçadas. É vital cozinhar para ter alimentos que servem como cura durante as batalhas, enquanto se completa as missões distribuídas pelos habitantes da ilha. Porém, a exploração dos belíssimos cenários é um pouco maçante devido à ausência de indicadores claros e presentes na interface. Nem os marcadores do mapa funcionam para isso, porque eles apenas colocam uma estrelinha em direção ao local indicado na tela, sem grande utilidade.
Existem problemas constantes na câmera isométrica por conta de alguns elementos que aparecem na frente dela e não somem a tempo, atrapalhando a visão no decorrer da exploração e principalmente no combate. Contudo, os visuais são impressionantes. A direção de arte é espetacular, com modelos estilizados e animações incríveis, além de cenários vivos e bem detalhados. O mundo sombrio e atmosférico é, de longe, o ponto forte da experiência que está sendo criada pelo pessoal da Moon Studios.
Precisa de melhorias
Apesar da jogabilidade e da movimentação em geral serem meio travadas e pesadas, dá para se acostumar com elas ao longo da jogatina. No entanto, há um problema que prejudica tudo que é proporcionado pelo RPG: a performance. O jogo não está em um estado estável, com travamentos e quedas na taxa de quadros que impedem que a gameplay funcione adequadamente.
Além de uma otimização decente, essa versão base necessita também de mais conteúdo. A edição de acesso antecipado inclui somente o começo da narrativa, mas já apresentando uma variedade um tanto quanto completa de lutas, armas, habilidades e equipamentos, proporcionando muito o que fazer para uma versão prévia. Mas há bastante coisas pela frente: antes do lançamento final, os responsáveis planejam implementar um modo online para 3 jogadores, além de um modo PvP, adição de partes da trama, novos locais no mapa e, claro, adversários a serem derrotados. Só que o que esse RPG de fato precisa é de um sistema de dificuldades personalizável, justamente para mudar essas limitações e construir uma experiência mais livre e agradável.
É melhor esperar
No Rest for the Wicked precisa de vários aprimoramentos, que vão desde funcionalidades básicas como um botão de pausa até melhorias no desempenho, que são fundamentais para um bom funcionamento da jogabilidade. Se os produtores entregarem uma experiência num estado satisfatório e com uma gameplay justa, o título certamente será uma aventura imperdível para os fãs de um bom RPG de ação.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong