Inicialmente, gostaria de começar dizendo que esse texto é um lembrete para todos aqueles que, ao se depararem com um simulador inusitado, acham que já viram de tudo. Não, amigo. Você não viu nada. E Priest Simulator é exatamente a prova disso.
Apesar do que o nome possa antecipar, como veremos a seguir, Priest Simulator não é exatamente aquilo que você está pensando. Atualmente em acesso antecipado na Steam, seu desenvolvimento está planejado para durar entre 4 e 8 meses, mas muita coisa já está implementada. O que podemos esperar?
Desenvolvimento: Asmodev
Distribuição: Ultimate Games S.A.
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Simulação
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: Sem registros
O Rei da Infernet
Eu sei como o título pode soar, e ele não é exatamente mentiroso, mas a execução da ideia foge completamente do que poderíamos chamar de “óbvio” ou “normal”. Priest Simulator inicia sua narrativa nos fazendo controlar o personagem Orlok, um vampiro imortal que almeja o seu estrelato na Infernet (e não, não é erro de digitação). Após um acidente com um elevador, Orlok vai parar no plano terrestre, mais especificamente em San de Ville.
O jogo é uma espécie de mocumentário, um tipo de pseudodocumentário que faz paródias e/ou sátiras de eventos famosos. Então, na maior parte das cutscenes temos uma perspectiva de alguém que está filmando. A nível de exemplo, é bem parecido com os pontos de vista que temos em séries como The Office. Contudo, o humor aqui presente é bem mais ácido, o que lembra em muito a série Rick and Morty.
Continuando com a história, após Orlok surgir em San de Ville, o Padre Torpedo, sacerdote de uma congregação local, faz uma espécie de acordo com o vampiro em troca de devolver-lhe os seus poderes infernais retirados após um exorcismo mal feito. Por isso, as tarefas “religiosas” que cumprimos no jogo não são realizadas pelo padre de verdade, mas sim por Orlok.
Um terço na mão, dois terços na boca
A jogabilidade de Priest Simulator é bastante simples. Com a câmera em primeira pessoa, seguimos a história realizando as missões principais ao mesmo tempo em que restauramos a igreja que foi depredada por membros de um culto satânico. Aqui, o objetivo central é restaurar o nível de fé dos cidadãos da comunidade para que possamos receber nossos poderes de volta e retornar para o inferno.
Nesse sentido, o game tem uma pegada que lembra as missões da franquia Grand Theft Auto, seja quando nos coloca para saquear e destruir locais ou quando lidamos com gangues satanistas à base de tiros e lutas com armas brancas. Inclusive, existem até missões para derrotar “chefões”, nas quais precisamos utilizar equipamentos especiais que conseguimos no decorrer da narrativa.
Além disso, alguns minigames também estão incluídos na gameplay. Por exemplo, para recuperar a fé da comunidade, é necessário que as pessoas se confessem na igreja. Assim, Orlok deverá responder às confissões de pecados com os códigos corretos, e isso dentro de um tempo pré-definido. Quanto mais rápida a resposta, mais pontos serão ganhos.
“Roupas de padre. Um grande poder sem nenhuma responsabilidade.”
Sobre aspectos mais técnicos, devemos levar em consideração de que se trata ainda de um jogo em acesso antecipado, ou seja, ainda está em desenvolvimento. Por isso, algumas texturas – ou falta delas – e o mau funcionamento da física do jogo em determinados momentos podem ser toleráveis. Contudo, a parte visual me pareceu pobre em detalhes de alguns ambientes fechados, seja em paredes ou no próprio piso.
Por outro lado, a parte sonora é muito bem trabalhada, principalmente na trilha sonora. O heavy metal logo no início do jogo, na luta contra o demônio Bebok, é uma adição extremamente brilhante e combina perfeitamente com a atmosfera infernal e caótica. A dublagem, disponível apenas nos idiomas inglês e polaco, beira o mediano, mas consegue casar bem com a proposta da produção.
“In domine patri and spritu sancti”
Priest Simulator é um dos simuladores mais divertidos que já joguei. Seja pela sua narrativa bem-humorada ou por sua proposta descontraída, é nítido que a equipe de desenvolvimento também está se divertindo na produção. Ainda que algumas características necessitem de polimento, o jogo já possui 7 sólidas horas de gameplay, o que é tempo suficiente para alguma diversão.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong