Capa do Ranch Simulator

Preview Ranch Simulator (PC) – A pacata vida no campo

Dentre todos os jogos de simulação, os simuladores de fazenda são, com certeza, os meus preferidos. Desde a primeira semente plantada até a construção de uma complexa produção de carne e derivados, nossa dedicação e tempo investidos costumam ser recompensados de maneira apropriada. Contudo, será que essa premissa consegue ser válida para qualquer produto que se apresente neste estilo?

Ranch Simulator é um simulador de vida rural em mundo aberto desenvolvido pela Toxic Dog e, atualmente, encontra-se disponível para PC em acesso antecipado. O que podemos esperar?

Desenvolvimento: Toxic Dog
Distribuição: Excalibur Games
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Simulação
Classificação: 10 anos
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PC
Duração: Sem registros

Admirável rancho novo

Menu de personalização do personagem

Ranch Simulator tem início quando o personagem principal – que pode ser homem ou mulher – chega ao antigo rancho da família para cumprir as últimas vontades do seu falecido avô. Logo na tela principal, temos um simplório sistema de criação e personalização de aparência do protagonista. Desde gênero, cabelo, olhos, nariz, corpo e até vestuário, conseguimos deixar o fazendeiro da maneira como quisermos. Porém, algumas destas opções são um tanto limitadas a nível de conteúdo. Por exemplo, apenas três estilos de barba e cinco tipos de calçados estão disponíveis.

Deteriorados pelo tempo, os dois galpões e a casa principal, que ainda permanecem de pé na propriedade, servem como base inicial para o desenvolvimento do local. Uma barraca de camping está armada ao lado de um dos galpões e é nela que cumprimos as interações de salvar o progresso ou dormir para avançar o tempo. As noites são bem escuras, principalmente no começo quando a iluminação da fazenda ainda é precária. Então, trabalhar pela manhã é quase regra. Mas não se preocupe: o jogo é generoso nesse aspecto e permite que as manhãs durem mais do que as noites.

Potencial e hectares desperdiçados

Carta com as últimas vontades do avô

Nas missões iniciais, o jogador encontra uma carta deixada pelo avô e outros itens necessários para a jornada. Além de dinheiro, uma arma de fogo com munição é uma dessas heranças, servindo para se proteger de ameaças silvestres ou caçar em busca de provisões. A tecla Tab dá acesso a uma roda de ações que possibilita manipular, construir ou destruir objetos e equipar as armas do inventário. Aqui, os controles são bem intuitivos, com funções simples e eficazes. Você não terá problema algum ao girar caixas ou mesas de trabalho e posicioná-los onde quiser, por exemplo, desde que haja espaço no terreno.

Entretanto, após a conclusão do tutorial é que a progressão nos deixa na mão. As tarefas cumprem bem o objetivo de ensinar como tudo funciona, mas os conteúdos ainda são muito escassos. Primeiro que a economia do jogo é baseada unicamente na criação de animais – sim, você não semeia a terra ou cuida de plantações, sua fonte de renda é resumida à pecuária. Além de cervos, que conseguimos apenas por caça, os animais disponíveis para criação incluem e, infelizmente, limitam-se às galinhas, porcos e vacas. Fora a carne e o leite, produtos derivados como queijo e coalhada podem ser feitos na cozinha com o auxílio de determinadas ferramentas, o que adiciona um pouco mais de opções ao leque de elementos da jogabilidade, porém não a ponto de nos sentirmos satisfeitos.

Carro no estacionamento do armazém geral

Segundo, o fator “mundo aberto” é extremamente mal aproveitado. Fora o rancho, os demais lugares presentes no mapa são o posto de gasolina, loja de ferragens, loja de automóveis, armazém geral e a lanchonete Best Burger. Cada um destes prédios fornece um serviço essencial para a expansão do sítio, como a comercialização de rações no armazém geral e a venda de combustível para o abastecimento dos veículos no posto de gasolina. Contudo, todos eles estão vazios de pessoas. Um ou outro NPC é o “responsável” pelo atendimento – com aspas porque as compras e vendas são de fato feitas através de um terminal eletrônico, reduzindo a necessidade da existência dos personagens à saudações de boas-vindas ou a duas linhas de textos explicativos sobre a operação das máquinas.

Por fim, a qualidade gráfica e sonora deixa um sentimento agridoce. As paisagens são muito bonitas, com modelos 3D representando satisfatoriamente suas contrapartes da vida real e suas sombras bem trabalhadas. Inclusive, poucas são as vezes que encontramos os famigerados serrilhados na imagem. Mas o mesmo não pode ser dito da trilha sonora, que é praticamente inexistente. Os recursos de áudio são limitados aos sons das ferramentas que usamos e dos animais pela fazenda, o que prejudica demais a imersão, tornando a gameplay bastante entediante.

Uma luz no horizonte

Ranch Simulator tem uma boa premissa. Seu foco na pecuária não é um problema, mas sua limitação a essa atividade acaba sendo. Plantar, regar e colher é o básico de um simulador rural e é praticamente um crime que essa mecânica não tenha sido implementada. Mas o sistema financeiro, apesar de algumas falhas – como o fato de ter que se deslocar à cidade para vender os produtos – parece bem consistente, o que é um bom sinal para o futuro. Hoje, o sentimento predominante é decepção, mas nada que mais alguns meses de desenvolvimento e polimento não resolvam.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong