Lembra de Skate? A série chegou no fim da década de 2000 competindo com Tony Hawk’s e trazendo uma abordagem mais realista que fez sucesso na época. Contudo, desde 2010 a franquia esteve inativa e sem receber novidades até 2020, quando um retorno foi anunciado pela EA – por coincidência, justamente no embalo da retomada da série do skatista mais famoso do mundo. Cinco anos depois, o game finalmente é real e pode ser jogado – mas ainda não em sua versão final, e sim em acesso antecipado.
Desenvolvimento: Full Circle
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1-150 (online)
Gênero: Esportes
Classificação: 12 anos (violência, conteúdo sexual, compras no jogo, usuários interagem)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: Sem registros
Finalmente, de volta

Esse jogo certamente demorou, e todo esse tempo de espera para um game de skate é um pouco frustrante e até incomum para uma distribuidora como a EA. A gigante investiu bastante no jogo, chegando a abrir um novo estúdio dedicado ao desenvolvimento da franquia – o que, de certa forma, justifica a longa espera entre o anúncio e o lançamento da versão prévia. A equipe por trás de Skate não decidiu criar um jogo tradicional, como os primeiros três títulos da saga, mas sim um jogo gratuito ambientado num grande mapa com até 150 jogadores em cada sala – cujo foco, claro, é andar de skate.
A gameplay oferece dois esquemas de controle distintos: o clássico (e recomendado para quem já é fã da franquia), em que se usa o analógico direito para direcionar o skatista e o esquerdo para realizar manobras; e um novo modelo para novatos, com manobras simplificadas e uma remada mais rápida. A jogabilidade é complementada pelos botões de trás do controle, que servem para movimentar as mãos do personagem e realizar manobras de grab.
Jogabilidade sensacional

Andar em Skate é complexo e exige uma certa curva de aprendizado. Porém, é divertido praticar aos poucos e evoluir como skatista, a ponto da gameplay ser o principal acerto desse jogo. Mandar flips, grabs, ollies e grinds requer combinações de movimentos no controle que lembram um jogo de luta, mas tudo funciona de forma surpreendentemente bem.
A física é dinâmica e se adapta às condições do personagem e do mapa. Em rampas grandes, com muita velocidade, ela tende a ser um pouco absurda, mas nos momentos calmos, é mais realista e “pé no chão”. Essa variação é sutil e complementa a jogabilidade – junto da câmera, que pode ser ajustada dinamicamente ou customizada entre ângulos mais fechados no skate ou em visões abertas. O modo focado no skate dá uma estética excelente de vídeo para o game, que também oferece um modo de replay e um editor completo para compartilhar combos com a comunidade.

Todas as funções são explicadas de um jeito didático e interativo que ocupa boa parte das horas iniciais da jornada em San Vansterdam, a cidade onde o game se passa. Entretanto, Skate é focado em completar desafios, que contam com vários objetivos em áreas específicas do mapa. A progressão é centrada no desbloqueio de novas regiões da cidade e de itens para personalizar tanto o personagem quanto seu skate. A interação acontece principalmente em cumprir essas missões de forma cooperativa com outros jogadores, além de acompanhar em tempo real as manobras de quem também explora o mapa.
É um free-to-play da EA

Ao contrário dos outros jogos principais da franquia, Skate aposta em uma experiência totalmente online. Então, não há um modo história nem skatistas profissionais jogáveis. É possível criar personagens, que possuem um estilo mais cartunesco do que o mapa, que segue uma direção sóbria e realista. Apesar de expressivos, os skatistas não combinam tão bem com o restante da cidade – que é repleta de prédios brancos, ruas vazias e paredes sem grafite, não trazendo muita personalidade.
Os personagens jogáveis e seus shapes podem ser personalizados com os itens obtidos através de loot boxes, que são recompensadas ao realizar os desafios, ou com roupas da loja temporária, que podem ser compradas com dinheiro real, e que logicamente são meio caras – ou seja, nada fora do esperado para esse modelo de negócios.

Quem conhece os jogos da EA, principalmente de esportes, sabe como a empresa funciona, então, sendo um jogo gratuito ou não, toda essa monetização estaria presente no game de qualquer forma. A vantagem é que, pelo menos, não é preciso pagar por Skate para ter o privilégio de gastar na lojinha dele – que, por ora, só vende itens cosméticos e nada que influencie na jogabilidade.
Ainda em acesso antecipado

Os desenvolvedores estão tratando essa versão de lançamento em early access como um ponto inicial no qual prometem aprimorar a experiência com novos recursos, ambientes e conteúdos moldados com base no feedback da comunidade. No entanto, não há uma previsão exata para uma versão finalizada – se é que ela chegará. Skate adota a filosofia total de um jogo como serviço e depende de uma conexão constante aos servidores para funcionar, o que coloca um prazo de validade no título.
Naturalmente, há muito que precisa melhorar, especialmente em pontos do mapa onde o jogador pode ficar preso e no lado técnico. Há vários problemas de pop-in, nas texturas, na iluminação e em objetos, além de carros e pedestres que sempre surgem do nada ao longo do jogo – que também conta com um sistema de upscaling abaixo do ideal, que causa um efeito de ghosting perceptível na imagem.

De imediato, Skate já acerta em um aspecto crucial para um jogo do tipo: a trilha sonora. O game traz músicas enérgicas de punk e rap, de bandas e artistas que estão em evidência na atualidade, como Turnstile, Denzel Curry e Scowl. A música faz parte até do loop de gameplay, pois é possível coletar faixas novas pela cidade e criar uma playlist pessoal – dando um ótimo tom para a jogatina, que já diverte bastante.
Tem potencial
No geral, Skate é um jogo legal. Entretanto, ele ainda não está finalizado mesmo após cinco anos de espera, e esse é um ponto tão justificável quanto decepcionante. Como é um título gratuito, é uma experiência acessível a qualquer um disposto a baixá-lo e ignorar as várias telas de monetização que aparecem constantemente. Vale a pena, pelo menos, testar o game, porque a jogabilidade é tão boa quanto era no auge da franquia.
Revisão: Ailton Bueno




