Antonball Deluxe traz para o Nintendo Switch a experiência dos arcades ao oferecer jogabilidade, gráficos, sons, dificuldade e humor que só quem já frequentou casas de fliperama é capaz de compreender. Seus dois modos de jogo oferecem releituras de clássicos como Breakout e Mario Bros.
Distribuição: Proponent Games
Desenvolvimento: Summitsphere
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Plataforma, Arcade, Multiplayer, Ação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 2 horas (campanha)
Me vê cinco fichas!
Uma possível reação ao ligar Antonball Deluxe é surpresa e alguma confusão: eu conheço esse jogo? Essa impressão se explica porque as telas iniciais transportam o jogador imediatamente para uma outra era dos videogames.
O visual dos personagens, as cores vivas e cheias de contraste, o som eletrônico… cada uma dessas coisas contribui para a sensação de que o console que carrego nas mãos está reproduzindo algo que pertence aos velhos gabinetes de jogos. Há ainda referências mais diretas, como o aviso em letras maiúsculas que, para começar, é preciso pressionar um botão côncavo de fliperama (mas também serve o botão + do Nintendo Switch) e uma cena com máquinas caça níqueis enfileiradas nas paredes de um salão escuro.
Mas isso ainda não é capaz de explicar por que em vez de parecer um jogo simplesmente inspirado nos arcades, ele parece algo que talvez eu tenha jogado com fichas compradas com o troco da padaria mais ou menos 25 anos atrás. Antonball Deluxe se destaca nesse sentido porque não traz apenas os visuais dos jogos da época, mas a atitude que se encontrava naqueles personagens. Explico: nos jogos de fichas, era preciso conquistar os jogadores rapidamente, e não havia tempo para apresentar personagens, explicar as motivações e as histórias. Um recurso que se utilizava e que se vê em Antonball Deluxe é encher os personagens de carisma e de ações exageradas. Na tela inicial (bem como na tela de seleção de personagens), Anton, Annie, Danton e Nina mostram toda sua personalidade, com poses, gestos e sorrisos que parecem provocar o jogador. Antes mesmo de começar, a vontade já é segui-los e gritar “Antonball”, como se eu já soubesse do que isso se trata.
Um Breakout com plataformas
São dois modos principais, além de um competitivo multijogador. O primeiro deles, Antonball, funciona como uma mistura de Breakout com jogos de plataforma. O objetivo é quebrar todos os tijolos coloridos de cada nível, mas a novidade é que as bolas viajam horizontalmente e o jogador controla um personagem que precisa lidar com a gravidade e com plataformas para impedir que a bola saia da tela pela esquerda. Como é de se esperar, existem tijolos especiais que multiplicam as bolas em jogo ou dão o poder de tiro por um período limitado. É possível jogar essas fases de um a quatro jogadores e o desafio não é simples. A maior parte das plataformas é sólida e não pode ser atravessada por baixo, exigindo manobras constantes para chegar até o topo da fase e impedir a bola de escapar. Soma-se a isso a necessidade de controlar de alguma forma a sua trajetória para quebrar os últimos e resilientes tijolos.
Fases bônus (também difíceis) dão a oportunidade de aumentar a quantidade de continues, mas, até dominar a técnica, o melhor é estar preparado para a cada poucos minutos precisar começar desde o começo. O medidor da habilidade é um sistema de pontuações ao melhor estilo dos fliperamas: ele é zerado a cada game over e a cada continue, exigindo muita habilidade para alcançar pontuações realmente altas. Para quem só quer conhecer todas as fases, é possível começar em um ambiente mais avançado, mas sem carregar consigo os continues e vidas extras que as fases mais fáceis podem permitir.
O modo Antonball Vs., para até quatro jogadores, espelha a estrutura de tijolos e divide os participantes em dois times, que devem rebater as bolas tentando eliminar a estrutura rival e defender a sua própria. Infelizmente, ao contrário da versão para PC, a de Switch não permite jogos online, sejam cooperativos ou competitivos.
Queimada no esgoto
Punchball é o segundo modo de jogo, desta vez mais parecido com outro clássico dos arcades: Mario Bros. A ideia é semelhante – destruir inimigos que entram na fase por canos. Desta vez, entretanto, não é bater neles por baixo que garante a vitória, mas nocauteá-los com uma bola e finalmente derrotá-los quando estão atordoados. Esse é definitivamente um modo de jogo menos frustrante que o original, o que não quer dizer que seja fácil. As sucessivas fases vão adicionando mais inimigos, com movimentos únicos e que demandam algumas manobras para serem derrotados. Desta vez é possível jogar em até duas pessoas.
Nas fases estão espalhadas moedas que aumentam a pontuação e são revertidas ao final do jogo em moedas. Elas servem para desbloquear mais personagens, fases para o modo Versus e faixas sonoras bizarras e cômicas. À trupe inicial se juntam outros 19 personagens. Mesmo que não ofereçam novas habilidades, é divertido voltar a jogar com um novo repertório de caras e gestos que aumentam o humor típico desse tipo de experiência.
Continue?
Ao final, como nos salões de fliperamas, cabe a você perceber o quanto cada modo de jogo lhe atrai e quantas fichas (ou tempo) está disposto a colocar. Antonball Deluxe traz uma experiência legítima dos arcades e isso inclui os pontos negativos daquela era, especialmente a dificuldade. Um jogo desse tipo precisa capturar a atenção logo de cara.
Se for conquistado, o jogador pode esperar gastar muitas fichas virtuais para liberar os personagens e matar a saudade de uma época de títulos desafiadores, simples e cheios de personalidade. Pelo menos desta vez, se for para jogar umas poucas vezes e deixar de lado, um aplicativo na biblioteca do Switch não ocupa tanto espaço e junta tanto pó quanto um velho gabinete.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong