Baldur’s Gate: Dark Alliance é um spin-off que se difere da franquia principal, trazendo uma abordagem mais Diablo-like, com jogabilidade Dungeon Crawler em uma visão de cima para baixo. Originalmente, o jogo foi lançado em 2005 para PS2, GameCube Game Boy Advance e o primeiro Xbox, e recebeu uma versão remasterizada para consoles de última geração no ano de 2021. Apesar disso, algumas marcas do passado acabam assombrando essa revitalização em alta definição de Dark Alliance.
Desenvolvimento: Snowblind Studios
Distribuição: Interplay
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, RPG, Multiplayer
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, Xbox One, PS4
Duração: 12.5 horas (campanha)/19.5 horas (100%)
Uma era marcada por Dungeons Crawlers
O spin-off de Baldur’s Gate nos coloca na pele de três aventureiros, Vahn, Adrianna e Kromlech, que acabam de chegar em Baldur’s Gate. Lá eles são atacados por bandidos, mas recebem ajuda das pessoas do local e são levados para a Taverna Elfsong. Então os protagonistas recebem a missão da bartender de eliminar ratos no esgoto em troca de dinheiro, porém, um empregado do lugar acaba indo atrás dos aventureiros e desaparecendo. Com isso, eles precisam resgatar o rapaz, Ethon, das mãos de bandidos nos esgotos.
Concluindo a tarefa, Ethon os guia até a cripta da cidade, local onde aparentemente se encontra o esconderijo central dos ladrões. Porém, existe uma ameaça muito maior do que apenas um grupo de bandidos, que possui planos malignos para o reino.
Dark Alliance possui uma progressão bastante linear, sem liberdade de exploração e de visitar cenários existentes. É sempre necessário completar uma missão principal antes de partir para um local desbloqueável, limitando as escolhas do jogador que está mais acostumado com títulos concorrentes como Diablo.
Não é para menos que Baldur’s Gate: Dark Alliance se parece com alguns títulos que marcaram a era PS2, Xbox e GameCube, já que a desenvolvedora foi a Snowblind Studios. Talvez você tenha sido um dos felizardos da época que puderam pôr as mãos em masterpieces como a franquia Champions, com os games Champions of Norrath e Champions: Return to Arms, ambos Dungeon Crawlers fantásticos que me fizeram investir tardes e mais tardes depois da escola em video games. Contudo, Dark Alliance possui um clima diferente e qualidade “distinta”, justamente por causa de sua dificuldade e desbalanceamento.
O spin-off costuma colocar inimigos em grande número em cima do jogador, mesmo na dificuldade mais fácil. Conforme o avanço da história, fica nítido a intenção dos desenvolvedores de oferecer uma experiência cooperativa com outra pessoa, o que era bastante comum tempos atrás. Porém, nos dias de hoje é um pouco complicado essa proximidade e possibilidade de experienciar games com pessoas em um mesmo cômodo. Por isso, a primeira falha grave de Baldur’s Gate: Dark Alliance fica aparente logo aí: a falta de um multiplayer online. Boa sorte terminando o game sozinho, já que o co-op parece algo mais obrigatório do que opcional.
Atualização e alguns problemas
Sinceramente, se for parar para analisar sem fazer vista grossa, a mudança do jogo original para a remasterização de 2021 resume-se em atualização gráfica. Interfaces de usuário e jogabilidade continuam mais do mesmo. Fora isso, 60fps constantes marcam presença em Dark Alliance 2021, em um gráfico que ainda dá conta do recado e é beneficiado graças à alta definição.
Os cenários são extremamente maçantes e parecidos, além de que sofrem de um leve problema em relação às ameaças existentes. Os monstros/inimigos eliminados simplesmente não reaparecem no cenário, impedindo completamente um grinding intencional para enfrentar aquele chefe mais adiante, planejando ficar mais forte antes do embate.
Caso você chegue até seu destino com pouca vida, perca as esperanças, já que não existe uma viagem rápida para a taverna ou entre pontos de salvamento e lugares seguros, onde compramos itens e equipamentos. Caso tenha paciência, pode voltar caminhando para o local anterior, após teleportar para um lugar com lojas a fim de adquirir poções e equipamentos que aumentarão a longevidade de seu personagem.
Inimigos em si também passam a sensação de serem uma esponja de dano, o que é agravado por causa da dificuldade e a ausência de suas respectivas barras de vida. Jogando no modo Normal, morri severamente por vários monstros comuns, que encontravam-se em grandes números enquanto cercavam meu personagem covardemente. Neste sentido, Baldur’s Gate: Dark Alliance é bastante mal planejado. Sem falar que o jogador é enviado para o último ponto de salvamento, sem diferença nenhuma caso a dificuldade fácil tenha sido escolhida. Não há uma opção de continuar a partir dali.
Já o combate, em geral, é bastante repetitivo e sem estratégia, tirando o fato de que podemos bloquear ataques. Não existem tantas habilidades assim disponíveis para desbloquearmos, e o botão de esquiva é ausente, e sequer podemos aparar ataques dos inimigos com um parry. Se existe uma forma de repelir golpes, não consegui descobrir. Felizmente, é possível liberar qualquer skill da árvore de habilidades a qualquer momento, sem depender de uma para desbloquear a próxima – não há hierarquia.
Missões também seguem a mesma linha de raciocínio e acabam caindo em repetição facilmente. É sempre “vá do ponto A ao ponto B, depois pegue um item e vá ao ponto C, elimine um chefe e retorne ao local seguro”, entrando em um looping de tarefas parecidas em um jogo que, possivelmente, dura mais do que deveria: cerca de 12 horas. A exploração também é inexistente e nada incentivada, oferecendo alguns itens aqui e ali guardados em baús e similares, caso você investigue alguns cantos.
Retorno pouco louvável e sem tanto incentivo
Baldur’s Gate: Dark Alliance é um produto que retorna sem tanto merecimento de receber uma segunda chance, ou até mesmo a primeira, tratando-se de jogadores novatos. O game da Snowblind Studios é desbalanceado e maçante demais para ser experienciado por apenas um jogador, o que piora com o fato da remasterização chegar sem o obrigatório multiplayer online. Porém, esse não é o pior dos problemas, mas sim sua falta de incentivo à exploração, cenários sem graça e combate bastante repetitivo, que não permite sequer uma esquiva ou aparar ataques de inimigos.
A história talvez seja o elemento mais agradável dentre toda a experiência que Dark Alliance possa oferecer, e mesmo assim o saldo ainda acaba sendo negativo. Poucos momentos de desafios de plataforma – apesar de ser um jogo com visão de cima, ele se aproveita da capacidade de “pular” – acabam sendo um dos pontos mais divertidos, mas não pense que será algo constante.
Revisão: Kiefer Kawakami
Cópia de Switch cedida pelos produtores