Uma ótima ideia que junta a tática e o futebol americano, tornando-o ainda mais estratégico e brutal: essa é a premissa de Blood Bowl, um jogo de tabuleiro criado pela Games Workshop e levado aos games pela Cyanide. O segundo jogo é maravilhoso e tem uma comunidade incrível até hoje. Já o terceiro, chamado Blood Bowl III, regride muito. Vamos ver um pouco sobre ele nessa análise.
Desenvolvimento: Cyanide
Distribuição: Nacon
Jogadores: 1-2 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Ação, Esporte, RPG, Estratégia
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 15 horas (campanha)
O futebol americano da Terra-Média avacalhada
Blood Bowl usa o universo de Warhammer Fantasy para colocar em campo equipes de futebol compostas por homens, elfos, anões, ogros, e assim por diante. Inspirando-se fortemente em uma estética brutal que lembra bastante o traço de Todd McFarlane ao longo das décadas, tudo aqui é temperado com muita paródia e humor negro.
Trazer essa mistura do esporte com a fantasia brutal e irônica para os games não é impossível. Prova disso foram os dois produtos da Cyanide Studios, especialmente o segundo Blood Bowl, base do jogo do qual eu estou falando. A terceira versão tenta melhorar todos os aspectos do antecessor. Infelizmente, aconteceu exatamente o oposto e queremos deixar isso claro: Blood Bowl 2, de 2015, continua sendo absolutamente a melhor maneira de aproveitar a franquia.
Afasta jogadores
As primeiras impressões de Blood Bowl 3 não são as melhores. A interface realmente faz de tudo para confundir o jogador, com telas pouco explicativas e tudo sendo contra a intuitividade nos menus. A passagem pelo tutorial é praticamente obrigatória para quem não conhece as regras, com as quais é preciso saber pouco para se familiarizar. O campo é uma como uma grade na qual você pode mover seus jogadores (11 por equipe), conforme o valor de movimento deles. Outras estatísticas como força, agilidade, armadura influenciam desarmes, esquivas e resistência a golpes e lançamentos, são somadas aos valores de um dado jogado.
Uma novidade no Blood Bowl 3, resultado de uma atualização de 2020 nas regras oficiais do jogo de miniaturas, é a estatística relativa ao passe, que influencia a sua eficácia (embora anteriormente dependesse dos dados relativos à habilidade). Em cada jogada, os jogadores se movimentam, tentam afastar os adversários para abrir caminho para o touchdown ou para recuperar a bola e tentam contornar a defesa adversária. Inicialmente, tudo acontece de uma forma muito direta e pouco estratégica, mas que se torna cada vez mais imaginativa e satisfatória quando utilizamos táticas e exploramos habilidades e ações especiais.
Ou você abre as defesas inimigas da forma mais brutal e faz o corredor chegar ao outro lado com a bola, ou você vira o campo com um passe longo, e tudo pode dar muito certo ou errado nessas duas estratégias. A tensão nunca falta, pois errar em qualquer ação decreta o turnover, passando a iniciativa para o adversário. É frustrante perder a bola a poucos passos de um touchdown, ou ver que seu recebedor falhou e agora a bola é do adversário.
Tudo é ótimo quando funciona. Porém, é uma pena que isso raramente aconteça na obra. É impossível jogar a campanha do Blood Bowl 3 às vezes, porque ela é atormentada por muitos bugs enormes.
Fim de jogo
O melhor a fazer com Blood Bowl 3 é esquecer que ele existe. Caso tenha se interessado pelo conceito interessante e fantasioso, compre o segundo jogo e seja feliz. Blood Bowl 3 consegue oferecer pouquíssima satisfação no modo multiplayer de dois jogadores locais, mas, no geral, estamos falando de uma experiência instável, cheia de bugs significativos e equipada com certas coisas que são piores. A dica que fica aos fãs da série é para não comprar esse jogo, mas eu sei que vocês são uns teimosos e vão comprar de todo jeito.
Cópia de Xbox Series S cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro