Colorful Colore é um puzzle de regras e visual simples, mas que permite a imersão em labirintos de cores vivas e soluções intrincadas. Criado por jovens desenvolvedores brasileiros, o jogo permite uma experiência rápida e casual sem deixar de ser desafiador.
Desenvolvimento: Gagonfe
Distribuição: Drageus games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Puzzle
Classificação: Livre
Português: Sim
Plataformas: Switch, PC
Duração: 3 horas (campanha)
De cor em cor
Da tela inicial, em dois cliques se começa a jogar: nada de histórias, motivações para a aventura ou tutoriais. Para um game como esse, a escolha funciona muito bem. Os movimentos e as regras são simples e podem ser aprendidos enquanto se passa por cada uma das 50 fases disponíveis.
Em cada desafio, é necessário guiar o personagem principal (um rosto quadrado) por um labirinto em forma de grade, com espaços vazios e blocos sólidos. Os únicos comandos possíveis são nas quatro direções principais, fazendo com que você se movimente até encontrar um obstáculo.
É aí que entra o principal artifício: ao entrar em contato com um bloco da mesma cor do jogador, o personagem para e pode escolher outro movimento. Caso entre em contato com uma cor distinta, a derrota é instantânea e não há nada a fazer além de recomeçar o level. Para lidar com esse desafio, são distribuídos pelas fases blocos para que o personagem mude a sua própria cor, podendo, assim, acessar áreas diferentes em um mesmo nível.
Decoração
Além dos blocos sólidos e daqueles que mudam sua cor, pouco a pouco vamos nos deparando com outros elementos. Teletransportes são distribuídos pela fase aos pares, marcados por símbolos geométricos; chaves coloridas fazem desaparecer blocos com o símbolo de uma fechadura; quadrados com setas mudam automaticamente a direção do movimento. Há ainda, claro, o bloco que indica o final de cada quebra-cabeças e o fim da fase. Entre todos os elementos, esse é um que, além de multicolorido, apresenta o símbolo de uma coroa e do qual saem fagulhas.
Essa miríade de coisas se apresenta com cores marcadas, intensas e saturadas: vermelho, amarelo, verde. Ainda que as combinações pareçam estranhas, a estética cai mais para o lado do etéreo que do incômodo. Nesse sentido, a música (uma única composição, sintetizada) também ajuda a criar um clima celestial – ali nos sentimos em um outro mundo, distante do nosso, em que a única coisa que importa é resolver os desafios. Cores intensas, nuvens coloridas que passam ao fundo: de tão estranho, aquilo parece ajudar na imersão.
Cores quentes e tons pasteis
Nem só de brilho é feito Colorful Colore. Na verdade, em alguns momentos o excesso de elementos e o tamanho da tela (especialmente quando se joga no modo portátil do Switch), fazem com que os elementos se confundam. Pessoalmente, muitas vezes, ao começar uma fase nova, eu fazia algum movimento para então perceber que estava confundindo o personagem principal com um dos blocos de mudança de cor. Em outras situações, precisei procurar ativamente o ponto de chegada do nível, perdido em meio a tantos outros estímulos.
Ao longo dos 50 quebra-cabeças, a dificuldade se eleva gradualmente, com um ou outro momento em que se fica preso em um desafio particularmente difícil ou se vence com facilidade um outro estranhamente fácil. Isso, entretanto, depende de cada jogador e das lógicas utilizadas para resolver os problemas. O aumento da dificuldade é bem vindo e obriga a pensar e transitar entre formas de abordar cada fase. Em alguns casos, a ordem das chaves interfere no problema (isso quando não devem ser simplesmente evitadas); em outros, é preciso ir e voltar, realizando pequenas mudanças na estratégia.
Quase todas as fases cabem em uma única tela, mas algumas demandam escapar do espaço visível e acessar outras áreas. Esse movimento da tela é frustrante e menos bem feito que o resto, pois não é possível mover a câmera sem mover o jogador (ou seja, o planejamento fica comprometido) e esses desafios envolvem alguns “saltos no escuro”.
O tom e a expressão da minha cor
Ao chegar no final da campanha, o desejo era de que ela fosse um pouco mais longa. No total, o tempo de jogo pode chegar a 2 ou 3 horas, mas não há qualquer incentivo em voltar às fases para jogá-las novamente. Bem… melhor acabar querendo mais que ver algo se arrastar sem criatividade (o que não é o caso de Colorful Colore). Ainda assim, gostaria que ele tivesse um pouco mais de conteúdo. De todo modo, a experiência foi positiva, com um tipo de jogo simples e desafiador na medida certa para curtos períodos.
Como uma última nota, há algo que frequentemente é esquecido por desenvolvedores, mas que chama a atenção em um game tão ligado ao recurso das cores: a acessibilidade. Para daltônicos, pode fazer falta a ausência de uma opção mais amigável para a paleta utilizada.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong