Review-heroes-of-hammerwatch-switch-capa

Review Heroes of Hammerwatch: ultimate edition (Switch) – Explorando masmorras pixeladas

Desenvolvido pela Crackshell e publicado pela BlitWorks, Heroes of Hammerwatch chegou ao Nintendo Switch e Xbox One, em sua versão Ultimate Edition (que conta com as DLCs Witch Hunter, Pyramid of Prophecy e Moon Temple), no final de julho. Continuação de Hammerwatch, lançado em 2013, o jogo é um RPG de ação, com estilo roguelite e gráficos em pixel art.

Desenvolvimento: Crackshell
Distribuição: BlitWorks
Jogadores: 1 (local) / 1-4 (online)
Gênero: Ação, aventura, Estratégia, RPG
Classificação indicativa: 10 anos
Português: Não
Plataformas: Switch e Xbox One
Duração: Sem registros

A triste história do RPG sem história

Quando falamos em RPG a primeira coisa que vem em minha mente são os clássicos personagens dos jogos de tabuleiro como o guerreiro, o mago, o arqueiro e por aí vai. É bem verdade que presenciamos todos aqui. Temos, na verdade, nove classes à nossa disposição, cada qual com status, habilidades e estilos próprios. Algumas não estão disponíveis assim que iniciamos o jogo e só vamos desbloqueando-as ao longo de nossa jogatina. No entanto, todos sabemos que a mágica desse gênero se encontra nas narrativas. Heroes of Hammerwatch, no entanto, peca pela simplicidade e se distancia de outros jogos do tipo que sempre buscam casar o seu gameplay com uma história épica.

Em Heroes of Hammerwatch, os elementos que compõem o mundo em que somos lançados ao iniciar o jogo é que funcionam como uma espécie de roteiro. Como se tivéssemos que construir a narrativa – tal qual os jogos clássicos de tabuleiro – a partir do mundo medieval que devemos desbravar. Nesse sentido, não há uma história fabulosa que demonstre, por exemplo, a já batida jornada do herói, ou a luta do bem contra o mal, ou ainda um romance acalorado. Toda experiência é baseada unicamente no gameplay. Não há um objetivo claro ou quests. Assim, não existem elementos discursivos que gerem empatia do jogador com o personagem. E o avançar nas masmorras é ritmado pela necessidade constante de subir o nosso nível, gerir bem os nossos recursos, aperfeiçoar nossos atributos e repetir todo o processo.

Explore os labirintos

A cidade serve como HUB.
A cidade serve como HUB.

Ao iniciar o jogo somos lançados para uma cidade em ruína chamada de The Outlook. Ela funciona como uma espécie de HUB onde devemos gerir os nossos atributos, armas, itens e que nos concede passagem para as masmorras e outras cidades no mapa. Reformar tais cidades possui papel importante no desenrolar do jogo, na medida em que através do aprimoramento das construções passamos a ter acesso à melhorias para nosso personagem.

As masmorras funcionam como modestos labirintos. Uma vez iniciada a missão, você precisa derrotar hordas de inimigos que atacam em conjunto para ganhar experiência e subir de nível. Além – é claro – de coletar itens diversos como ouro, diamantes e “ore”. São através desses itens que podemos reformar as cidades e comprar melhorias que ajudam no aprimoramento de nosso personagem, como habilidades especiais que se utilizam de “mana” (a barra de magia).

No quarto andar dos labirintos enfrentamos um boss
No quarto andar dos labirintos enfrentamos um boss.

O objetivo é bem simples: derrote os inimigos e abra caminho até as escadarias que dão acesso ao próximo nível do jogo. Cada fase possui três níveis e no quarto enfrentamos um boss. Se somos derrotados, voltamos para o HUB inicial do jogo e temos que começar a masmorra desde o início. Aí entra o estilo roguelite de Heroes of Hammerwatch. Os labirintos possuem sistema de programação procedural. Portanto, apesar do level design semelhante, a estrutura dos mesmos não se repetem. A disposição de inimigos, itens, passagens e o layout dos labirintos mudam, apresentando sempre uma nova experiência.

Apesar do estilo roguelite assustar alguns, o jogo não é muito punitivo. Em algumas partes do labirinto, por exemplo, existe a possibilidade de você enviar o ouro e ore que você adquiriu nas masmorras, para a cidade. Porém, uma taxa lhe é cobrada e só é possível escoar parte do seu loot uma vez por fase. Em caso de morte, você perde apenas os itens que estão no seu bolso. Da mesma forma, uma vez completada uma fase, derrotando o boss, no primeiro andar da masmorra, aparecerá um portal. Ao entrar no mesmo você enfrentará um desafio que ao vencê-lo te concede passagem para a próxima masmorra sem precisar passar por todos os níveis novamente.

Uma experiência multiplayer limitada

Jogar com os amigos é muito melhor.
Jogar com os amigos é muito melhor.

Heroes of Hammerwatch possui visão em terceira pessoa ao estilo top-down e tem inspiração no clássico jogo de arcade Gauntlet, de 1985. Os gráficos “pixelados” foram muito mal polidos. É tudo muito miúdo na tela. Dessa forma, apesar de charmosos (tenho uma queda por esse estilo de design, confesso) muitas vezes a impressão que temos é de estarmos enxergando borrões. Tudo isso piora quando jogamos no modo portátil do Switch.

A trilha sonora possui uma batida bem genérica, mas que casa bem na nossa jogatina. O jogo é bem fluido, a jogabilidade é amigável e os controles simples. Basicamente, temos um golpe simples (ZR), um movimento especial (ZL) e habilidades (R). Todos esses movimentos variam conforme a classe de nosso personagem. Com o botão X temos acesso ao mapa, o botão Y nos permite utilizar um cantil que restaura nossa vitalidade (saúde e mana) e o botão A serve para coletar itens e ativar botões dentro das masmorras.

O jogo – claramente – foi pensado para ser uma experiência multiplayer. Podemos criar ou entrar em sessões cooperativas online para até quatro jogadores (incluindo o nosso personagem). A diversão melhora muito ao dividir a tarefa de ultrapassar os desafios das masmorras com outros amigos. É jogando dessa forma que o game brilha. O online funciona bem e apresenta poucos lags. Sim, eles existem! Mas, não chegam a atrapalhar. Uma pena que não existe a possibilidade de dividirmos a jogatina com outro amigo no mesmo console. Pois, o coop local – infelizmente – inexiste no game, o que fez de Heroes of Hammerwatch uma experiência multiplayer limitada.

Jogue de forma descompromissada

Jogue de forma descompromissada.
Jogue de forma descompromissada.

Indo na contramão do que as desenvolvedoras de jogos indies vêm fazendo, Heroes of the Hammerwatch não está localizado para o nosso idioma. Mas, para ser justo, dada a inexistência de uma história, até que isso não faz tanta falta. O game foi feito para ser o nosso companheiro de jogatina por muito tempo. Aquele tipo de jogo que botamos para rodar no console para nos entreter, vez ou outra, de forma descompromissada durante o dia, sozinho ou com amigos.

O sistema de progressão é lento e requer muitas repetições. Quem não gosta de fazer grinding deve fugir dele. A estrutura das fases nos permite visitar inúmeras vezes certa masmorra para aumentar nosso nível e adquirir ouro e ore para as melhorias necessárias para avançar. Na ausência de um roteiro bem elaborado, é justamente isso que torna Heroes of Hammerwatch um jogo longevo. Mas, é uma experiência que não agradará a todos.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Heroes of Hammerwatch

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Controles precisos
  • Gameplay fluido
  • Ótimo multiplayer

Contras

  • Um RPG sem história
  • Gráficos mal polidos
  • Ausência de coop local
  • Progressão lenta