Os títulos indies são uma boa forma de revisitarmos um pouco a era mais simples dos videogames. Jogos tinham poucos recursos para contar suas histórias, além de jogabilidade simples, mas possuíam uma dificuldade que desafiava a todos que ousavam tentar finalizá-los.
Cyber Shadow é um bom exemplo de título indie que busca essa inspiração dos mais clássicos. Tendo um estilo gráfico e dificuldade igual aos melhores plataformas da era do 8 bits, o jogo da Yacht Club Games é uma ótima pedida aos fãs que sentem falta de um bom título de plataforma 2D.
Desenvolvimento: Mechanical Head Studios
Distribuição: Yacht Club Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Plataforma
Classificação: 10 anos
Português: Sim
Plataforma: Switch, PS4, Xbox One, PC, PS5
Duração: Sem registro
Pela Mestra
Cyber Shadow conta uma história bastante simples, que ao longo da aventura vai se abrindo cada vez mais até terminar em uma conclusão interessante. De início somos apresentados ao protagonista Shadow, que após ser pego em uma explosão acorda tempos depois em um corpo cibernético.
Recebendo auxílio de um outro membro de seu clã ninja, Shadow é informado das mudanças que ocorreram desde o seu acidente. A mestra do clã foi “abduzida” pelo doutor Prolen, e o vilão junto com seus robôs mataram quase todos os ninjas, enquanto sequestraram outros para serem partes de experimentos.
Shadow é a única esperança para resgatar a mestra, e impedir Dr.Prolen de utilizar o Ethos, um lugar místico que só pode ser alcançado por aqueles que possuem uma poderosa essência, para seus próprios fins. Entretanto, o acidente acabou deixando suas marcas no ninja, que teve sua essência transferida para este corpo cibernético como uma forma de garantir que ele tivesse uma chance contra o vilão.
Correndo contra o tempo, Shadow precisa adquirir novamente suas habilidades e impedir o vilão. Entretanto as coisas não serão fáceis para o ninja, pois o doutor possui um exército à sua disposição, junto com a vida dos outros ninjas que ele pretende usar para absorver essência suficiente para poder realizar seus objetivos.
A história do título é realmente direta mas bem legal, com cutscenes acontecendo após certos objetivos serem completados, apesar de ter pequenos problemas como a falta de explicação sobre certos detalhes, o nome da Mestra, a origem do clã de ninjas e a cidade onde a aventura se passa.
Com sua katana em mãos, prepare-se para um desafio enorme
Cyber Shadow é um título que vai desafiar todas as suas habilidades em jogar videogames. Claramente inspirado em Ninja Gaiden – famoso título dos anos 80 – o jogo da Yacht Club Games é tão difícil quanto o do ninja da Tecmo.
Shadow possui apenas a sua katana como uma forma de ataque e ao longo do jogo adquire diversos Ninjutsus, que podem ser utilizados para destruir os inimigos e superar os obstáculos. E isso é algo que você precisa dominar, pois será bastante testado através de cenários cheios de armadilhas e inimigos que não te oferecem nem um momento de descanso.
Principalmente nos estágios finais, Cyber Shadow oferece bastante inimigos que você precisa se livrar se quiser ter uma vida fácil. Muitos são simples de se lidar, mas existem alguns que te darão bastante problema, principalmente se você não estiver prestando atenção. Alguns possuem até mesmo certos movimentos que lembram outros adversários chatos de jogos conhecidos – como as famosas cabeças de medusas da franquia Castlevania.
A movimentação de Shadow também não é das melhores no início. O protagonista não consegue correr nem realizar um pulo duplo, coisas que é de se esperar de um ninja, e que acaba até por fazer os momentos de plataforma do título algo mais difícil do que o esperado. Quando ambas as opções são desbloqueadas perto da metade final da aventura, o controle do personagem fica bem melhor e dá pra se sentir como um verdadeiro ninja.
E é claro, um dos maiores desafios que o jogador encara são os chefões. Variando entre uma mistura de robôs de tamanho normal para criaturas gigantescas e grotescas, os chefes irão testar suas habilidades e a melhor tática para derrotá-los é observar seus movimentos e contra ataque quando você tiver a melhor chance.
O protagonista também pode adquirir itens que o ajudam durante a sua jornada. Algumas ferramentas ninjas podem ser encontradas e utilizadas para atacar inimigos ou defender-se de ataques. Além de, é claro, os inimigos deixarem itens que recuperam vida, magia ou que apenas servem como moeda para poder pagar por opções extras nos pontos de save.
Os estágios são interligados como em um jogo do estilo Metroidvania, com diversos pontos de save espalhados pelos locais. A maior parte destes pontos permite com que você gaste essência para desbloquear opções extras, que envolvem recuperação de magia e uma ferramenta ninja para ajudá-lo.
Infelizmente, a divisão destes pontos pelos cenários não é feita de uma maneira bastante “justa”. Alguns são colocados perto uma das outras, enquanto outros ficam separados por diversas telas cheias de inimigos e armadilhas. O que infelizmente pode irritar a quem morre em certos momentos e tem que passar novamente por muita coisa chata.
Retrô, mas com estilo
Cyber Shadow é um jogo bastante charmoso mesmo que ele seja limitado por uma escolha gráfica mais “antiga”. O título utiliza muito bem sua paleta de cores que, aliadas com as sprites dos personagens, mostra que ainda é possível fazer algo charmoso nesse estilo retrô.
Os cenários são enormes e tem bastante elementos que mostram muito bem o que eles significam. Na cidade, por exemplo, podemos ver diversos prédios destruídos ao fundo, no porto há bastante containers, e por aí vai. Os personagens e inimigos também seguem a mesma linha, apesar dos adversários geralmente serem apenas de uma cor. Cada personagem é bem desenhado e diferente de outros títulos da era 8 bits, não existem recoloração e cada inimigo é único – e é bem legal que o desenvolvedor evitou repetir monstros.
E o 8 bits também acaba por colaborar em oferecer um diferencial na hora de contar a história. Utilizando imagens desenhadas com sprites, elas são bem desenhadas e algumas até possuem bons efeitos para ajudar a contar os eventos da aventura de Shadow e sua relação com a Mestra.
Acompanhando os visuais está a música, que também é feita como se o título fosse lançado nos anos 80. O som em geral é muito bom, e a música é animada, além de que ajuda a deixar o jogador anioso para encarar as dificuldades da jornada.
A apresentação de Cyber Shadow é fantástica e muito bem feita, mostrando o quanto a criatividade de alguém acaba sendo o mais importante na hora de criar um jogo. Ao mesmo tempo, alguns pequenos problemas aparecem por causa do limite que o designer impôs a si mesmo, como alguns dos cenários não tendo muito detalhes ao fundo ou a pouca quantidade de animações presentes nos personagens.
A vida de um ninja cibernético é uma jornada de altos e baixos
Cyber Shadow é um excelente jogo de plataforma que busca inspiração no passado para oferecer uma nova opção em um gênero que tem recebido uma revivida nos últimos anos. Além, é claro, de trazer uma dificuldade que vai desafiar as habilidades de qualquer pessoa que gosta de videogames.
Se você gosta da temática ninja, este é o seu game. Sem sombra de dúvidas, Cyber Shadow é o primeiro de uma série de lançamentos excelentes em 2021, que mostra que podemos esperar ansiosos pelos títulos que chegarão aos nossos consoles neste ano.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Cyber Shadow
Prós
- Desafiante jogo de plataforma
- Boa música
- Jogabilidade simples e de fácil domínio
- Bom trabalho de spritework
Contras
- Level design fica ruim nos últimos níveis
- Mapeamento de botões poderia ser melhor
