A aclamada obra de Hideo Kojima, Death Stranding, foi lançada originalmente para PlayStation 4 em 2019. No entanto, fomos pegos de surpresa quando uma versão definitiva foi anunciada para o PS5, durante um State of Play. Intitulada Death Stranding: Director’s Cut, a versão especial do diretor causou um alvoroço entre os fãs, refinando o que já era sucesso no PS4 e aproveitando as novas tecnologias presentes no console da nova geração da Sony. Será que o upgrade valeu a pena?
Desenvolvimento: Kojima Productions
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS5
Duração: 40 horas (campanha)/115 horas (100%)
Mais entregas para serem feitas
Pra quem não conhece, Death Stranding é um jogo de ficção científica, idealizado e desenvolvido por ninguém menos que Hideo Kojima, a mente por trás de séries de sucesso como Metal Gear. O mestre do stealth retorna mais uma vez ao mundo dos jogos eletrônicos, com um título que mais parece ter saído de algum episódio de Arquivo X.
Uma história pós-apocalíptica de uma Terra destruída por um evento catastrófico não é novidade no mundo dos games. Então, o que Death Stranding trouxe de diferente para torná-lo tão especial? Primeiramente, falemos do gênero: à primeira vista, Death Stranding parece ser um jogo de exploração focado em realizar entregas e descobrir rotas alternativas pelo mapa. E de fato ele é, porém, consegue ir além, trazendo um enredo envolvente e complicado, que consegue prender a atenção do jogador pelas longas horas que o jogo necessita.
Na pele de Sam Porter Bridges, filho da atual presidente do que antes era os Estados Unidos da América, você deverá ajudar seu país a restabelecer o sistema de telecomunicações, realizando entregas de suprimentos de base em base. Sam possui um dom especial: sempre que morre sua alma regressa ao seu corpo, tornando-o imortal. Ele também pode sentir a presença de criaturas invisíveis para os outros seres humanos, as chamadas EPs.
As EPs são a transformação das almas dos seres humanos que morreram e ficaram presas neste plano. Ao entrar em contato com outras pessoas, as EPs causam uma explosão de tamanho catastrófico, podendo dizimar cidades inteiras. Sam, com seu dom, decide ajudar a reconstruir a América, restaurando a comunicação entre diversos pontos do continente.
Como se não bastasse toda essa tragédia, a Terra de Death Stranding não é mais como a nossa. Fenômenos meteorológicos, como a Chuva Temporal, que faz passar o tempo e envelhecer tudo que toca, ocorrem constantemente e trazem junto hordas de EPs. Você precisará ficar atento e se esconder para não ser visto por nenhum inimigo, o que causará uma enorme destruição.
Além de proteger suas entregas, Sam terá a companhia de BB, um bebê prematuro tirado da sua mãe ainda em gestação, capaz de unir quem estiver ligado a ele com o outro plano. Tudo fica ainda mais complicado quando Sam percebe que, ligado ao BB, ele pode adquirir lembranças do feto em forma de visões. Kojima não estava para brincadeiras quando criou o mundo fantástico de Death Stranding. Se quiser saber mais detalhes, confira nossa análise para a versão de PS4.
Tá, mas e as diferenças?
A versão Director ‘s Cut não traz grandes melhorias ao enredo principal. Mas, logo nos primeiros capítulos, já é possível ver algumas novidades muito bem-vindas e conteúdos inéditos. A Fábrica é um novo lugar no mapa, que ajuda a entender melhor os experimentos envolvendo os BBs, além de liberar missões secundárias que trazem alguns itens interessantes.
Um deles é a Maser Gun, uma arma de choque capaz de paralisar inimigos humanos, os chamados MULAs, o que vai facilitar bastante o combate no início. Além da nova arma, um campo de batalha, o Firing Range, também estará disponível para você treinar sua mira ou bater a classificação de outros jogadores.
Você também poderá desbloquear exoesqueletos de suporte, os quais ajudarão na sustentação e no equilíbrio do corpo de Sam. Assim, vai ficar mais fácil levar mais peso durante suas longas missões de entregas. Além disso, você terá acesso a novas construções e até mesmo customizar o pod de armazenamento do seu BB, trajes e mochilas, para deixar tudo com a sua cara.
Embora Death Stranding aceite a transferência do seu save do PS4 para o PS5, os novos recursos precisam ser desbloqueados para que você tenha uma experiência completa. Portanto, fica a dica: é melhor recomeçar a jornada para ter um melhor aproveitamento dos novos elementos. E pode ter certeza que a experiência será completamente diferente da anterior. Tem até uma pista de corrida para você construir.
Mas a grande novidade fica por conta dos recursos do PS5. O DualSense irá ajudar a sentir o ambiente em suas mãos, assim como acontece em Astro’s Playroom, mas não com a mesma intensidade. Os desenvolvedores poderiam ter explorado um pouco mais das sensações do controle do PS5.
Os gatilhos adaptativos levam o conteúdo de dentro para fora do jogo, ficando mais duros e “pesados”, de acordo com a quantidade de bagagens que Sam carrega. É possível sentir cada passo do personagem nas suas mãos e a pressão nas pernas de Sam enquanto escala montanhas ou cruza correntezas. O desempenho do jogo no PS5 é surpreendente, com loadings quase inexistentes. Se teleportar pelo mapa nunca foi tão rápido, graças ao poder do SSD.
Agora é possível optar por dois modos de imagem, que podem ser trocados a qualquer momento durante a gameplay. No modo fidelidade, os gráficos serão renderizados em 4K nativo, porém com alguma queda de framerate, em torno dos 60 fps. Já o modo desempenho, crava os 60 quadros por segundo em uma resolução gráfica em 4K, com upscale variado.
Ambos os modos são compatíveis com o HDR e é quase impossível sentir a diferença. Você também poderá alterar a proporção para o modo ultrawide, o qual proporcionará uma experiência de jogo usando o display normal do console de 16:9 comparável a de um display 21:9, resultando em um campo de visão maior e com mais recursos na tela. O mais incrível é que em modo Fidelidade em ultrawide, os quadros se mantêm em 60 fps com resolução 4K, sendo essa a solução mais recomendada para aproveitar toda a beleza da nova versão.
O áudio também foi atualizado e agora Death Stranding é compatível com áudio 3D utilizando fones de ouvido que possuam o recurso. O som do ambiente fica ainda mais nítido e, quando somado às sensações de tato do DualSense, o jogador poderá quase se sentir como se estivesse na pele de Sam.
Por fim, o título também ganhou suporte a mouse e teclado, para serem usados no PS5. Os comandos são mapeados de forma automática, caso você prefira jogar como no PC e ainda possui opções de customização para caminhada, combate ou para usar em veículos.
O investimento vale a pena?
Custando atualmente na PSN R$ 50,40 o upgrade para quem já possui o jogo original para PS4, a versão Director’s Cut traz novos recursos que ajudam a proporcionar uma maior imersão do jogador e revelam um pouco mais da trama complexa e misteriosa. No entanto, não é um jogo para qualquer um. Se você não curte exploração e caminhos longos e difíceis que te levam do ponto A até B por horas e horas, não é esta versão que te fará se apaixonar pelo estilo.
Os novos itens melhoram e facilitam a gameplay, mas não arrumam problemas antigos do Death Stranding original como o excesso de vai e volta e missões de stealth desbalanceadas, que a qualquer descuido seu poderá acordar uma EP e te levar a combates longos e desnecessários.
Embora o upscale gráfico e de performance sejam muito bem-vindos, outros jogos do mercado ganharam versões melhoradas para o PS5 sem custo adicional. Vale lembrar que os conteúdos adicionais de Half Life e Cyberpunk 2077, que estão presentes nesta versão, foram gratuitos na edição original para PC. Cabe ao jogador decidir se vale ou não a pena o investimento. Agora, se você nunca jogou e quer embarcar neste mundo de ficção, pode ir sem medo nessa versão definitiva da obra de Hideo Kojima.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores.
Revisão: Jason Ming Hong