Death Stranding 2: On the Beach é uma sequência com muita cara de sequência, fortalecendo os pontos fortes do primeiro jogo e trazendo melhorias bem-vindas à experiência de fazer entregas no pós-apocalipse. O novo projeto de Hideo Kojima mostra como aprimoramentos bem aplicados são o suficiente para otimizar a experiência.
Desenvolvimento: Kojima Productions
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local e online)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 18 anos (conteúdo sexual, drogas lícitas, violência)
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS5
Duração: 32 horas (campanha)/54 horas (100%)
Uma nova caminhada no horizonte

O que me chamou a atenção imediatamente (e chamará a de todo mundo também) são os modelos 3D e a primeira transição de cenas para controle do personagem, que surpreendem pela qualidade. Esse já é o jogo mais bonito no PS5 até o momento, sem sombra de dúvidas.
A qualidade das animações dos personagens ajuda a manter essa impressão inicial mesmo após muitas horas. Um ponto extra nessa questão técnica: os tempos de carregamento são praticamente instantâneos. Sempre que eu voltei ao jogo e apertei o botão de continuar, fiquei impressionado com o quão rápido tudo foi carregado.

Os personagens, tanto novos quanto os que voltam, tem um bom desenvolvimento na história e bons motivos para estar ali. As cenas ainda acontecem de uma forma parecida com o anterior, com longos monólogos e exposições da história quando um novo personagem é introduzido para avançar mais a construção de mundo. Às vezes, isso faz com que a história possa ficar um pouco maçante, mas ainda fui bastante surpreendido nas cenas de ação excelentes e nos momentos mais leves que acontecem entre os membros do seu grupo. As atuações são bem convincentes, principalmente dos grandes atores presentes no elenco, como Léa Seydoux e Elle Fanning.
Entregas refinadas

A dinâmica de jogo continua a mesma: você é um entregador e a sua missão é entregar pacotes em um mundo destruído por uma catástrofe, o que pode ser um pouco decepcionante para quem queria muita inovação nesse aspecto. Para mim, funcionou muito bem. Todas as partes que me incomodavam foram melhoradas de alguma forma, como, por exemplo, as entregas opcionais, que agora oferecem recompensas melhores.
Tudo isso foi balanceado para ainda manter o atrito (as pequenas dificuldades do jogo) que dá aquela satisfação de preparar cada jornada a um lugar novo. Dito isso, se você não gostou dos conceitos apresentados pelo primeiro Death Stranding, o segundo não vai te convencer.
Outro ponto de melhora interessante são os pontos de habilidade, que garantem pequenas vantagens em aspectos, como um melhor equilíbrio ou um melhor scanner. Um menu mais claro para gerenciar os pacotes, que era um grande problema para mim no primeiro jogo, também está presente, além de uma progressão de itens mais rápida e interessante que mantém uma ótima constância.
E é só entregar pacote mesmo?

Uma das mudanças notáveis na estrutura de missões é a maior quantidade de tarefas principais focadas em combate, como limpar campos de inimigos ou eliminar todos os BTs (os monstros formados pelas almas dos mortos) em outra área. Nesse ponto, apesar dos controles de ação serem decentes, não diria que Death Stranding 2 é um ótimo shooter. Atirar não é particularmente satisfatório e ainda parece uma atividade secundária.
O foco na furtividade, aprimorado nas atualizações da entrada anterior, também se mantém bastante presente. Várias das missões tem a opção de evitar o combate se esgueirando dos inimigos – se você for bom o suficiente. As atividades de mundo aberto continuam bem agradáveis: foram adicionados monotrilhos que precisam ser construídos, além das estradas que haviam antes. Juntar materiais para completar estradas no mundo destruído e conectar todos os postos dá a gratificação certa para o cérebro.

Outro aspecto bem particular é o multiplayer. Não há um modo cooperativo ou muito menos um mundo no estilo MMO, pois a interação com outros jogadores ocorre através da construção da infraestrutura no mundo. As estradas que você constrói podem aparecer para outros jogadores e vice-versa, ajudando você em vários momentos da aventura. Também existem pedidos de ajuda específicos para deixar itens ou materiais em locais para ajudar outros. É um aspecto único que já define a série e foi batizado pelo criador de “strand game” (ou jogo de cordas), para simbolizar essa conexão entre os diferentes entregadores.
Paisagens de tirar o fôlego

Não apenas os cenários, mas toda a ambientação atingiu seu auge aqui. A progressão das mudanças de paisagens também tem um ritmo ótimo, em nenhum momento me cansei de um bioma e sempre me deparei com um horizonte distinto.
Há momentos também em que a câmera se afasta e a trilha sonora começa a ficar mais alta para aumentar a ênfase na chegada de novos lugares, dando uma sensação de grandeza incomparável. A trilha sonora é recheada de artistas populares com músicas originais, que fecham a coesão do mundo.
Deveríamos ter conectado
Death Stranding 2: On the Beach entrega uma continuação fiel à visão do jogo de 2019, refinando os diferentes aspectos e adicionando pontos interessantes, além de mostrar que a nova geração demorou, mas está chegando até nós. Continua sendo meditativo com uma história que, apesar de convoluta em certas partes, ainda consegue emocionar em vários pontos, lidando com questões pertinentes ao nosso mundo hoje. E eu, definitivamente, ainda estarei jogando por um bom tempo depois dessa análise.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro