Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – The Hinokami Chronicles 2 é a sequência do game baseado no popular anime que vem conquistando muitos fãs pelo mundo. Desenvolvido pela CyberConnect2, o título expande a experiência original com novos arcos e personagens. Com gráficos impressionantes, trilha sonora envolvente e uma narrativa fiel à obra, ele conquista os fãs da série, mas falha em atrair novos jogadores. Exploramos os principais pontos que tornam essa continuação uma continuação sem vida, mas que cumpre o básico.
Desenvolvimento: CyberConnect2 Co.
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 16 anos (violência, temas sugestivos)
Português: Não
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One, PC, PS4, PS5, Switch
Duração: 8 horas (campanha)
Falta de profundidade narrativa

Com base nos arcos Distrito do Entretenimento, Vila dos Ferreiros e Treinamento dos Hashira da obra original, o modo história de The Hinokami Chronicles 2 não consegue traduzir a intensidade emocional esperada pelos fãs. Em vez de construir momentos memoráveis, ele opta por adaptações apressadas que percorrem os eventos com superficialidade. As transições entre cenas são abruptas, e o ritmo narrativo atropela o desenvolvimento dos personagens, sacrificando a empatia e o impacto dramático que marcaram a obra de Koyoharu Gotouge.
Como resultado, o envolvimento do jogador com os acontecimentos é prejudicado. Sequências que deveriam ser catárticas acabam se tornando fragmentadas e descontextualizadas, dificultando a compreensão plena da jornada dos protagonistas. A impressão é de que o modo história serve mais como uma vitrine de batalhas e fanservice do que como uma experiência narrativa coesa, o que enfraquece o potencial emocional e artístico da adaptação.
Combate refinado, mas pouco inovador

O sistema de combate de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – The Hinokami Chronicles 2 apresenta melhorias pontuais que evidenciam o cuidado técnico da equipe de desenvolvimento. Os controles estão mais responsivos, os efeitos visuais das habilidades são impressionantes e há um refinamento claro na fluidez das animações, proporcionando uma sensação de impacto nos confrontos. Entretanto, essas melhorias não são suficientes para mascarar a falta de profundidade estratégica. As batalhas seguem a mesma fórmula do antecessor, com combos simples e uma mecânica de esquiva pouco exigente, o que limita o domínio técnico por parte daqueles mais experientes.
Além disso, o elenco de personagens jogáveis, embora carismático, permanece restrito e sem grandes variações mecânicas. A ausência de estilos de luta significativamente distintos entre os lutadores reduz a variedade tática, fazendo com que as partidas pareçam semelhantes mesmo quando se alternam os personagens. Não há árvores de habilidades, personalização de técnicas ou evolução individual que gere uma progressão satisfatória.
Modos de jogo que não sustentam o interesse

Além do modo história, existem alternativas de gameplay que, embora funcionais, demonstram uma clara falta de ambição criativa. O Modo Versus, principal opção fora da campanha, permite duelos entre personagens em combates diretos. No entanto, não existem variações de regras que poderiam renovar a fórmula, como lutas em equipe, modos eliminatórios ou objetivos específicos durante os confrontos. Essa ausência de alternativas estratégicas limita a experimentação e torna as batalhas previsíveis após poucas sessões.
O modo de treino, por sua vez, é superficial e pouco eficaz em preparar o jogador para desafios mais complexos. Sem tutoriais aprofundados ou mecânicas de aprimoramento progressivo, ele acaba servindo mais como uma sala de testes do que como uma ferramenta de aprendizado. Já os desafios disponíveis carecem de variedade e recompensas que justifiquem o esforço.
Um dos elementos que mais prejudica a longevidade é a escassez de conteúdos desbloqueáveis. Faltam incentivos reais para retornar, como personagens adicionais, trajes alternativos, artes conceituais ou modos secretos que poderiam recompensar a dedicação. O sistema de conquistas é genérico, e os itens cosméticos como imagens de perfil e adesivos têm pouco apelo visual ou significado dentro da narrativa, funcionando mais como distrações superficiais para o modo online.
A repetição de eventos já conhecidos, sem a inclusão de subtramas originais ou aprofundamento dos personagens, compromete o envolvimento emocional. A campanha funciona mais como uma releitura interativa do anime do que como um espaço para explorar as consequências, os conflitos internos ou os elementos ainda não abordados na obra principal. Há uma oportunidade perdida de transformar o game em uma extensão narrativa autêntica, capaz de surpreender tanto os fãs quanto os novatos.
Uma experiência segura, mas esquecível
Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – The Hinokami Chronicles 2 representa uma continuidade que, embora tecnicamente competente, não demonstra a ousadia necessária para justificar sua existência como uma sequência. A sequência parece operar dentro de limites muito seguros, oferecendo apenas o mínimo para satisfazer expectativas visuais e reproduzir momentos emblemáticos do anime, sem agregar novas experiências, mecânicas ou perspectivas narrativas. Essa abordagem limitada transmite a impressão de um produto feito mais por obrigação comercial do que por inspiração criativa.
Revisão: Júlio Pinheiro