Demon Slayer The Hinokami Chronicles Capa

Review Demon Slayer: The Hinokami Chronicles (Xbox Series S) – Uma porta de entrada bastante crua

Como alguém que nunca assistiu nada relacionado a Kimetsu No Yaiba e apenas tem conhecimento sobre a série ouvindo diretamente da boca de outras pessoas, decidi encarar Demon Slayer: The Hinokami Chronicles completamente às cegas. Porém, é importante notar que sou um grande fã da franquia Naruto Ultimate Ninja Storm, desenvolvida pela mesma empresa, a japonesa CyberConnect2, então havia um grande motivo para dar uma chance ao próximo trabalho desses criadores magníficos.

Desenvolvimento: CyberConnect2
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Ação, Aventura, Luta
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 8 horas (campanha)/13 horas (100%)

Kimetsu no Yaiba Ultimate Demon Storm

Mundo semi-aberto
Mundo com exploração podia ser melhor

Demon Slayer: The Hinokami Chronicles me lembra bastante de produtos baseados na série Naruto de tempos passados, como no PS2, nos quais tínhamos um mundo semi-aberto para explorarmos, utilizando o próprio Naruto e outros personagens da série. Havia também momentos de batalha com mecânicas de um beat ‘em up tridimensional, porém, o maior foco era mesmo na exploração do mundo e na resolução de alguns puzzles simples, além de elementos de plataforma como escalada de paredes e passagens por locais com armadilhas.

O game de Kimetsu no Yaiba traz um pouco dessa sensação de antes, obviamente que com gráficos bem melhores, que são bonitos em um nível bastante fiel ao anime e que, em certos momentos, podem até mesmo se passar por uma obra televisiva interativa na sua frente. Porém, mesmo com uma exploração existindo por aqui, as lutas acontecem em formatos de arena, tal qual a série Ultimate Ninja Storm. As missões, infelizmente, se baseiam muitas vezes em seguir rastros de demônios, além de que minions surgem em vários pontos do mapa para atrasar nossa chegada ao objetivo e criar batalhas para preencher as lacunas até lá.

Lutas marcantes
Lutas especiais são marcantes, mas as com minions não

O resultado é algo um tanto quanto irritante, pois a sensação de recompensa fica bastante ausente uma vez que as lutas com esses inimigos fracos dura uma fração de minuto, já que todos eles possuem uma barra de saúde curta e são extremamente fáceis de serem derrotados. Portanto, fica muito na cara a decisão de empurrar lutas bastante inúteis contra o jogador apenas para prolongar as coisas.

As lutas com chefes, por outro lado, são marcantes e acontecem após uma breve cutscene acompanhada de diálogo. Porém, temos a existência dos odiados quick time events em várias situações. As mecânicas em si, novamente, remetem bastante à série Ultimate Ninja Storm, tanto em termos de movimentação quanto em relação aos comandos de ataque, esquiva e investida. O diferencial é que aqui não existe o jutsu de substituição por motivos óbvios, mas sim um botão de defesa – que pode ser “atravessada” ao utilizarmos o agarrão. Também há uma barra no canto inferior da tela de Boost, usada para invocar o golpe mais forte ou aumentar a eficácia dos ataques por alguns segundos.

Diversos modo de jogo
Diversos modo de jogo estão disponíveis

Apesar do modo história bastante lento, temos também à disposição os modos secundários, como o Versus local, os lobbies do Online, o Training e os desafios diários e semanais. O maior objetivo aqui é ser recompensado com Kimetsu Points (moeda interna), que permitem com que você adquira músicas, avatares para o modo online, e personagens jogáveis. Já o online, recurso bastante obrigatório em jogos de luta, funciona de maneira esperada apenas de for jogado com alguém que mora próximo. Isso muito provavelmente se deve à conexão direta que é feita entre os dois consoles (P2P), o que resulta em um input delay bem alto se jogarmos com alguém que mora em outro país. Foi o que houve comigo ao testar este modo com um colega europeu. Infelizmente, isso também já acontecia nos Naruto Ultimate Ninja Storm.

Lançamento fraco e conteúdo posterior

Personagens novos

Demon Slayer: The Hinokami Chronicles foi alvo de críticas durante seu lançamento, e não tiro a razão de ninguém que pensou assim: o jogo chegou bastante raso. Havia menos de 20 personagens disponíveis, e somente depois de um tempo que novas figuras vieram compor o elenco. Até o momento, recebemos 5 personagens novos, entre eles os mais recentes Yahaba  e Susamaru. É preciso ter atenção a esse tipo de coisa quando estamos falando de um produto com foco em personagens, então é uma jogada arriscada lançar algo assim tão cru e ir solidificando com o tempo.

Fora isso, os desenvolvedores estão alimentando as atividades secundárias através das missões online, que são pequenas tarefas a serem cumpridas como “obtenha 3 vitórias hoje”, com a recompensa sendo os Kimetsu Points. Essa fórmula serve razoavelmente bem como um incentivo para continuar revisitando Demon Slayer: The Hinokami Chronicles, apesar de que, depois de tudo ser liberado, só nos resta continuar revisitando o modo História.

Uma segunda opção nos jogos de luta de anime

Sendo inevitável fazer a comparação com Naruto Ultimate Ninja Storm, eu diria que Demon Slayer: The Hinokami Chronicles é uma segunda opção quando pensamos em jogos de luta baseado em desenhos animados japoneses (animes). Diferentemente dos outros títulos de luta da CyberConnect2, Demon Slayer acaba ficando em segundo plano por causa de seu elenco raso, modo História fraco e jogabilidade mais limitada, possuindo um diferencial apenas nos golpes mais poderosos de cada um.

Esse é um ponto fraco da maioria dos jogos de luta em arenas: quando você conhece todos os golpes de qualquer personagem, você já automaticamente conhece de todos os outros, pois na prática o que muda é a animação e o modelo 3D. É necessário investir em uma campanha sólida com elementos que engajem o jogador, coisa que ao menos Demon Slayer faz bem no quesito introdução ao anime – é possível entender um pouco desse universo através do jogo.

Aposto muito mais em que Demon Slayer: The Hinokami Chronicles terá um grande apelo aos fãs da série, enquanto que para com outros, como eu, que não conhecem absolutamente nada sobre a obra original, ele precisará se esforçar mais se quiser chamar a atenção e cativar seguidores que gostam de uma boa experiência em jogos de luta.

Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores

Demon Slayer: The Hinokami Chronicles

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Gráficos incríveis
  • Mecânicas de luta divertidas
  • Personagens possuem animações bem únicas

Contras

  • Mundo aberto foi desperdiçado
  • Pouca variação de jogabilidade entre personagens
  • Poucos personagens no lançamento
  • Quick time events
  • Modo História maçante